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QUEREM MATAR JIMMY CARTER!,

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Strunchor,<br />

orei<br />

maldito.<br />

almanaque do Globo (ed.<br />

Schiffo, 1975, pág. 126) as-<br />

sinala que as três grandes<br />

contribuições chinesas à cul-<br />

tura ocidental foram: a tortura,<br />

a pólvora e o suborno». O res-<br />

to, naturalmente, eles devem<br />

ter guardado para si próprios.<br />

Aliás, é fato sabido que foi<br />

Marco Polo quem trouxe da<br />

China a pólvora e a tortura<br />

(parece, inclusive, que teve<br />

experiências pessoais com<br />

ambas, do que resultou uma<br />

barba chamuscada e a perda<br />

de três unhas). Entretanto, o<br />

que o almanaque não diz, e<br />

pouca gente sabe, é que o<br />

introdutor no ocidente da<br />

instituição do suborno foi o<br />

ignoto rei Struncho I o , sobe-<br />

rano da Pérfida, pequeno reino<br />

semita da Ásia Menor, vizinho<br />

à Cólchida.<br />

O caso foi assim: em 71<br />

a.C, como era hábito, organi-<br />

zou-se uma rifa (dez dinares o<br />

número) entre os filhos do fa-<br />

lecidos Infidálio III o para esco-<br />

lha de seu sucessor. O sortea-<br />

do, Omar Idalida, que assumiu<br />

o trono com o nome de Strun-<br />

cho l°, era completamente<br />

desprovido de carisma po-<br />

pular, não jogava golfe, nem<br />

fizera carreira militar, não pos-<br />

suindo, portanto, nenhuma<br />

das qualidades que, na época,<br />

habilitavam os homens a go-<br />

vernar. Em conseqüência, os<br />

primeiros tempos do reinado<br />

de Struncho foram- muito<br />

difíceis, e ele só conseguiu<br />

concluir seu primeiro ano de<br />

governo devido a um impasse<br />

nas negociações entre as de-<br />

zesseis conspirações organi-<br />

zadas para derrubá-lo.<br />

Mais ou menos por essa<br />

época, sabedor da situação do<br />

reino, apresentou-se á Corte<br />

um sábio chinês, por nome<br />

Francisco de Sá, que ofereceu<br />

ao monarca o seguinte conse-<br />

lho: «Senhora monarca, ih, ih,<br />

ih! Aos honestos, ofereça di-<br />

nheiro, nõn? Aos moralistas,<br />

dê mulheres, e aos anacrôni-<br />

cos, prestigio. Mas o i poder,<br />

ih, ih, ih, este não dividas nun-<br />

ca.»<br />

Struncho considerou o con-<br />

selho desonesto, mas quando<br />

soube, pela criada de quarto,<br />

que os dois conspiradores<br />

mais importantes - os minis-<br />

tros das Armas e da Economia<br />

- haviam chegado a um acor-<br />

do, teve que escolher: a ho-<br />

nestidade ou o trono.<br />

Chamado para assessorar o<br />

monarca. De Sá resolveu os<br />

problemas imediatos mandan-<br />

do uma parte do harém real<br />

circular em volta do ministro<br />

das Armas. Além disso, pre-<br />

miou o da Economia com um<br />

banco e dois cartórios, e mo-<br />

bilizou os anciões do pais para<br />

criar um Senado vitalicio.<br />

Estava introduzindo o su-<br />

borno no Ocidente. Mas não<br />

se pense que a estória acaba<br />

assim. Como diz o ditado: «as<br />

comportas da corrupção, uma<br />

vez abertas, não descansam<br />

enquanto não arrastam o pró-<br />

prio corruptor.» Pois é. Strun-<br />

cho, depois de subornar os<br />

principais conspiradores, teve<br />

também que comprar seus as-<br />

sessores, parentes e amigos,<br />

numa irresistível cadeia de fa-<br />

vores e negociatas, que levou<br />

um historiador da época, o fe-.<br />

nício Agá Trajan, a comentar:<br />

ORLANDO MIRANDA<br />

«O próprio governo entregou o<br />

pais ao saque. Com sua cum-<br />

plicidade mercadeja-se presti-<br />

gio, mulheres e as riquezas da<br />

nação».<br />

Mas, Struncho, sozinho (De<br />

Sá, depois de auto-subornar-<br />

se emigrara para Persépolis),<br />

continuava inseguro no trono.<br />

Sua política, além de altos im-<br />

postos, provocara a escraviza-<br />

ção das antigas tribos livres<br />

do planalto. Nada poderia o<br />

povo contra ele - asseguravam<br />

os ministros - mas diante dos<br />

sinais de insatisfação popular,<br />

Struncho temia a revolta, e só<br />

conhecia uma maneira de<br />

esvaziá-la: o suborno (como já<br />

se disse, a pólvora e a tortura<br />

só foram introduzidas muito<br />

depois).<br />

Ao saber da revolta de Spar-<br />

tacus em Roma, Struncho,<br />

atemorizado, não quis esperar<br />

mais. Resolveu utilizar parte<br />

do tesouro que financiava as<br />

negociatas para comprar cada<br />

homem do pais, oferecendo a<br />

cada um uma provisão de tâ-<br />

maras e concedendo um<br />

aumento geral de salários. O j<br />

escândalo foi imenso. O rei,<br />

dizia-se, pretendia corromper<br />

o que restava da moralidade<br />

nacional. E nesse momento, a<br />

impedir a completa dissolução<br />

dos costumes, interveio a Le-<br />

gião dos Arrependidos (for-<br />

mada principalmente pelos<br />

ministros mais antigos) que, a<br />

poder das armas, destronou<br />

e exilou Struncho, revogou<br />

suas leis, e restaurou a mora-<br />

lidade, inaugurando um regi-1<br />

me austero e honesto, que so-1<br />

breviveria até a invasão turca |<br />

do quinto século.

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