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QUEREM MATAR JIMMY CARTER!,

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não quer cantar aquela música<br />

do cara que deu um tapa na<br />

cara do cara?<br />

EDMUNDO- A primeira mú-<br />

sica que Q Noite Ilustrada gra-<br />

vou foi minha. «Cara de Bobo-<br />

ca». Talismã (se dirije ao ir-<br />

mão), Là Maior.<br />

Um cara deu um tapa/ Na cara<br />

do cara<br />

Deixando o pobre cara com a<br />

cara esbodegada<br />

Mas tinha outro cara que<br />

estava apreciando<br />

Não gostou da atitude do cara<br />

malandro.<br />

Chamou o dito cara pra tomar<br />

satisfação<br />

Foi logo dizendo cara de<br />

boboca<br />

E de repente foi tanto tapa na<br />

cara<br />

Que a cara do tal cara ficou<br />

cheia de pipoca.<br />

Ai, ai, ai, o tal cara pagou caro<br />

Bancou mesmo o velho otário<br />

Ai, ai, ai, isso é uma coisa rara<br />

Eu francamente tenho cara de<br />

arara<br />

Mas não deixo qualquer cara<br />

chacoalhar com minha cara.»<br />

EDMUNDO- O Noite fez um<br />

LP com quatro músicas mi-<br />

nhas e do Talismã. Vamos lá:<br />

«Eu já falei pra cegonha se<br />

mancar<br />

Tó cheio de filho, o que que há<br />

Eu padeci, até tô parecendo<br />

Com a família do Zé lá do Areá<br />

É tanto menino a comer<br />

Só o pobre coitado a trabalhar<br />

É o mesmo que dez soco<br />

Para um só soco coçá<br />

É um bando de mafagafe<br />

Todos a mafagafá<br />

A cegonha sabe disso<br />

Porém seu caso é farra<br />

Tanto a jarra arranha a aranha<br />

Como a aranha arranha a jarra»<br />

O/V- Como eram seus jin-<br />

gles políticos?<br />

EDMUNDO- Fui pro Nordes-<br />

te onde fui convidado pra fazer<br />

o jingle da campanha eleitoral<br />

do Petrônio Portela, para go-<br />

vernador de Piaui, e José Cân-<br />

dido Ferraz, parceiro de chapa<br />

para senador:<br />

«É Petrônio Portela pra<br />

governador<br />

José Cândido Ferraz para<br />

senador<br />

O povo do Piaui está<br />

esquecido<br />

Pelos homens que governam o<br />

Estado<br />

Analfabetismo por aqui<br />

campeia<br />

Mortandade e fome é nosso<br />

legado<br />

Nos falta assistência médica<br />

Escola e trabalho pro<br />

trabalhador<br />

ON- Quanto é que você ga-<br />

nhava para fazer esses jingles?<br />

EDMUNDO- Fiz uma marcha<br />

pro Ajuisio Alves no Rio Gran-<br />

de do Norte, não ganhei nada.<br />

Acontece que foi pedida por<br />

um jornalista amigo meu. E<br />

ele, talvez por questão de mé-<br />

dia, não cobrou nada do go-<br />

vernador. O que me deixou<br />

louco foi editarem e venderem<br />

o disco. Acabei também não<br />

recebendo nada pelos direitos<br />

autorais. O jingle é uma ape-<br />

lação. Na qualidade de vender<br />

o governador.... Mas depois<br />

parei. Não dava pé, ti-<br />

nha muita injustiça naquela<br />

época, o cara tinha que raste-<br />

jar. ON- Mesmo assim, se qui-<br />

sesse continuar não tinha jei-<br />

to. Acabaram as eleições,<br />

(pausa para o Edmundo ir ao<br />

xixiroom)<br />

EDMUNDO (voltando)- Co-<br />

mo eu ia dizendo (já misturan-<br />

do estações) no samba existe<br />

muito radicalismo. Pensamque<br />

o problema do samba é o pro-<br />

blema da côr. Tem gente que<br />

acha que quem entende de<br />

samba tem que sambar. O Ta-<br />

lismã acha que quem não can-<br />

ta, não compõe, não samba,<br />

mas que luta a favor disso não<br />

deve ser chamado de sambeiro<br />

e sim de «amigos do samba».<br />

Agora, a gente briga pela au-<br />

tenticidade, e nas escolas de<br />

samba tem gente desfilando<br />

de black-power.<br />

ON- Òizem até que os<br />

Blacks de hoje são os sambis-<br />

tas de amanhã.<br />

EDMUNDO- Isso é o que o<br />

Candeia pensa. O Noel Rosa já<br />

estava prevendo há tantos<br />

anos, quando gravou este<br />

samba:<br />

«O cinema falado é o grande<br />

culpado da transformação<br />

Dessa gente que pensa que<br />

um barracão prende mais que<br />

um xadrez.<br />

Lá no morro se eu fizer uma<br />

falseta a! Risoleta desiste<br />

logo do francês e do inglês.<br />

Amor lá no morro é amor pra<br />

xuxu<br />

As rimas do samba não são «I<br />

love you»<br />

E esse negócio de alô, alô<br />

boy, alô Jonny<br />

Só pode ser conversa de<br />

telefone.<br />

Mais tarde o malandro deixou<br />

de sambar<br />

Dando pinote na gafieira<br />

dançando um foxtrot.»<br />

P/A Z6 DBAQOS>TO;AS 2030hoi£$<br />

BPMUNDO DEANOMQe E TAUSMK} ^<br />

1 mt DO Iâ&<br />

UM Wo for® í>e- Eüco/níD,<br />

3^0 PAULO

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