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QUEREM MATAR JIMMY CARTER!,

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EDMUNDO DE ANDRADE<br />

NO GOGÓ<br />

E TALISMÃ NO<br />

DEDAL<br />

UMA NOITE CHUVOSA DESSAS, EM SÃO PAULO<br />

DA GAROA, SAÍMOS (LAERTE, J.CÉSAR, GEAN-<br />

DRÈ) ATRÁS DE UMA FIGURA CARIMBADA QUE<br />

ESTAVA LÁ NO pOM RETIRO: EDMUNDO DE AN-<br />

CONTADOR DE ANEDOTAS, COMPOSITOR DE<br />

SAMBA DE BREQUE E JINGLES. ALÉM DO MAIS,<br />

UM HUMORISTA «SEM PALAVRÃO». O BATE-PAPO<br />

CONTINUOU NO OUTRO FIM-DE-SEMANA E O<br />

GRANDE SAMBISTA TALISMÃ (ALIAS, SÃO JR-<br />

MÃOS) ACABOU CHEGANDO COM SEU VIOLÃO:<br />

DEITARAM E ROLARAM ATÉ QUATRO DA MATINA.<br />

EDMUNDO È UM CARA TARIMBADO O SUFICIENTE<br />

PRA JÁ TER FEITO DESDE JINGLE DE ELEIÇÃO DE<br />

PETRÔNIO PORTELA ATÉ MÚSICAS E TEXTOS QUE<br />

DENUNCIAM OS MALES DESTE PAIS. UM SUJEITO<br />

MISTURADO COM A VIDA.<br />

ON- O que aconteceu com o<br />

teatro de revista?<br />

EDMUNDO- O teatro de revista<br />

caiu porque os grandes em:<br />

presârios como Walter Pinto,<br />

deixaram de empresariar coisa<br />

fina como aqueles troços com<br />

mulheres francesas. Depois<br />

começou a entrar o pessoal<br />

explorador que eram os pró-<br />

prios atores que passaram a<br />

ser empresários.<br />

ON- Você já fez histórias em<br />

quadrinhos?<br />

EDMUNDO- Claro! Fiz um<br />

personagem que era o Lampa-<br />

rina, um escurinho. O dese-<br />

nhista era Hugo Vital. Foi doze<br />

anos atrás. Nem lembro onde<br />

era publicado.<br />

ON- Os humoristas que es-<br />

tão aparecendo agora come-<br />

çam a conhecer um monte de<br />

caras como você...<br />

EDMUNDO- Eu me sinto com<br />

dezoito anos, mas á nova ge-<br />

ração, devo dizer que não con-<br />

cordo com esse humorismo de<br />

palavrão, muito direto.<br />

ON- Peraí, Edmundo. O hu-<br />

morismo não tem que usar a<br />

linguagem que todo mundo fa-<br />

la? EDMUNDO- Não, meu filho.<br />

A sutileza è fundamentai. O<br />

cara que usa palavrão tem falta<br />

de imaginação.<br />

ON- No tempo do Estado<br />

Novo você fazia piadas?<br />

EDMUNDO- Fiz o show da<br />

Constituição que entrava uma<br />

cena (O que é que a baiana<br />

tem?).<br />

38<br />

ON- O que é um bom ator,<br />

além da memória, agilidade<br />

verbal? O que é preciso saber<br />

pra contar piada?<br />

EDMUNDO- Tudo se encerra<br />

numa coisa: Talento. Um dos<br />

principais recursos é o facial.<br />

Tem um ator que é o Walter<br />

DÁvila, um baita cômico, mas<br />

um cara mal aproveitado. O<br />

Árthur Costa f oi o maior intér-<br />

prete de anedotas. Depois dele<br />

há o Venâncio, grande criador.<br />

Esse tá com sessenta anos.<br />

ON- Conta um pouco do seu<br />

humor.<br />

EDMUNDO- O meu humo-<br />

rismo é de fala. Se houver ba-<br />

rulho me corta. Fui iançado<br />

por Lourival Coutinho na revis-<br />

ta «Cartaz do Rádio». Lá tinha<br />

um tal de «Humor a Sério»,<br />

onde a gente contava muitas<br />

piadas. Certas piadas cebosas<br />

como esta do Zé Fidélis:<br />

Um turista num navio come-<br />

çou a vomitar. O marinheiro,<br />

vendo todo aquele vômito<br />

ameaçou:<br />

— Vou dar parte ao Coman-<br />

dante.<br />

Ai o turista:<br />

— Pode dar tudo.<br />

ON- Como foi que você pas-<br />

sou a fazer textos também?<br />

EDMUNDO- Fazia porque<br />

sentia falta de repertório. Por-<br />

que o pessoal só escrevia pra<br />

gente com nome. Ai eu tam-<br />

bém comecei a escrever. Tem<br />

uma que é assim:<br />

Tinha um cara tão magro<br />

que foi pesar na balança e o<br />

ponteiro ficou no zero. Não se<br />

conformou. Ficou ali envoca-<br />

do. Ai perguntou para o dono:<br />

— Essa balança nao pesa?<br />

— Pesa sim mas essa é ■ pra<br />

pesar carne. A de pesar osso é<br />

aquela ali_Era um tipo de pia-<br />

da ingênua assim que eu con-<br />

tava. E a turma ria. Parece que<br />

o povo, antes, tinha mais faci-<br />

lidade pra rir.<br />

ON- Você tem razão. De 34 a<br />

55, «O GOVERNADOR» {sema-<br />

nário de humor) vendia 45.000<br />

exemplares. Hoje, qualquer<br />

publicação de humor deveria<br />

vender muito mais do que isso<br />

e no entanto nem sempre se<br />

aproxima deste número.<br />

ON- Onde é que você nasceu,<br />

Edmundo?<br />

EDMUNDO- Nasci em Olin-<br />

da, 1926. Comecei a trabalhar<br />

lá pelos quatorze anos. Can-<br />

tava muito embolada. Traba-<br />

lhei pra Gazeta do Rádio e<br />

vários jornais do Rio: O Dia, A<br />

Noticia, Última Hora, Correio<br />

da Manhã, Luta Democrática.<br />

ON- O que você acha do<br />

humorismo na TV?<br />

EDMUNDO- Tá muito fraco,<br />

fora o Chico Anisio, Jô Soa-<br />

res...<br />

ON- Como foi a tua expe-<br />

riência na TV?<br />

EDMUNDO- Televisão é um<br />

circulo vicioso. Você chega lá,<br />

não tem pra ninguém. E fe-<br />

chado. Tenho nojo destes di-<br />

retores de rádio e TV. Julgam<br />

o sujeito pela cara. O fato do<br />

cara ser feio não quer dizer

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