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Ensinar com afecto O segredo do bom professor - Página

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A problemática das <strong>com</strong>petências,<br />

<strong>com</strong>o sabemos, emergiu no campo<br />

<strong>do</strong> trabalho, poden<strong>do</strong> encontrar-se<br />

as principais contribuições teóricas<br />

sobre a questão em revistas de<br />

campos disciplinares tais <strong>com</strong>o a<br />

psicologia e a sociologia <strong>do</strong> trabalho,<br />

por um la<strong>do</strong>, e da gestão e formação<br />

profissional, por outro. Só<br />

muito recentemente (fins da década<br />

de 90), é que assistimos a esta «irresistível<br />

ascensão» da noção de<br />

<strong>com</strong>petência no campo da educação<br />

escolar (Romainville, 1996),<br />

ocupan<strong>do</strong> entre nós um lugar de<br />

destaque na actual «reorganização<br />

curricular» <strong>do</strong> ensino básico. Curiosamente,<br />

é no campo da educação<br />

escolar que, entre nós, a noção de<br />

<strong>com</strong>petência tem vin<strong>do</strong> a adquirir<br />

uma grande centralidade, não ten<strong>do</strong><br />

passa<strong>do</strong> de meras experiências (e<br />

pontuais) as tentativas de a introduzir<br />

em contextos empresariais (Imaginário,<br />

1998). E esta centralidade é<br />

devida, em grande medida, à prolixidade<br />

de um autor de referência no<br />

campo da educação – Ph. Perrenoud<br />

– que parece ter descoberto<br />

na noção de <strong>com</strong>petência a chave<br />

para a transformação radical da<br />

educação escolar.<br />

Se analisarmos algumas das<br />

suas produções em língua portuguesa<br />

sobre a questão (1999, 2000<br />

De acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> um recente estu<strong>do</strong><br />

de cientistas alemães da Universidade<br />

de Bochum, as diferenças de<br />

percepção espacial entre homens e<br />

mulheres devem-se, fundamentalmente,<br />

ao maior ou menor fluxo de<br />

hormonas sexuais no sangue. Os<br />

cientistas constataram, através de<br />

diversos testes de orientação, que<br />

as mulheres alcançam as mesmas<br />

médias <strong>do</strong>s homens quan<strong>do</strong> estão<br />

no seu menor nível hormonal femini-<br />

A «abordagem por<br />

revolução<br />

ou mais um<br />

equívoco <strong>do</strong>s<br />

movimentos<br />

reforma<strong>do</strong>res?<br />

(III)<br />

CURIOSAMENTE, É NO CAMPO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR QUE, ENTRE NÓS, A NOÇÃO DE COMPETÊNCIA<br />

TEM VINDO A ADQUIRIR UMA GRANDE CENTRALIDADE, NÃO TENDO PASSADO DE MERAS EXPERIÊNCIAS<br />

(E PONTUAIS) AS TENTATIVAS DE A INTRODUZIR EM CONTEXTOS EMPRESARIAIS (Imaginário,1998).<br />

e 2001), podemos verificar que a<br />

«abordagem por <strong>com</strong>petências»<br />

surge <strong>com</strong>o uma dimensão instrumental<br />

para a mudança da escola,<br />

para romper <strong>com</strong> a lógica disciplinar<br />

instituída, <strong>com</strong>bater o insucesso escolar,<br />

promover a igualdade de<br />

oportunidades e formar cidadãos<br />

autónomos e livres. Tu<strong>do</strong> isto no<br />

quadro de um paradigma construtivista<br />

funda<strong>do</strong> no início <strong>do</strong> século XX<br />

pelo movimento da educação nova<br />

e continua<strong>do</strong> pela pedagogia institucional<br />

em França, a partir <strong>do</strong>s<br />

anos 60. Como sabemos, a maioria<br />

das reformas curriculares que ocorreram<br />

em Portugal após 74, foram<br />

buscar a sua inspiração àquelas<br />

perspectivas pedagógicas, poden<strong>do</strong><br />

concluir-se que a única novidade<br />

que enforma a actual reorganização<br />

curricular bem <strong>com</strong>o as propostas<br />

de Perrenoud é a abordagem por<br />

<strong>com</strong>petências, concebida simultaneamente<br />

<strong>com</strong>o instrumento e <strong>com</strong>o<br />

referente teórico.<br />

O campo da educação escolar,<br />

apesar da crise de legitimidade que<br />

o vem caracterizan<strong>do</strong> há cerca de<br />

no, o que acontece durante a menstruação.<br />

Num artigo publica<strong>do</strong> na<br />

revista científica Rubin, psicólogos e<br />

neurologistas daquela universidade<br />

concordaram que durante aquele<br />

perío<strong>do</strong> se acentua a assimetria entre<br />

os lóbulos cerebrais. Nos homens,<br />

essa asimetria é mais pronunciada.<br />

"O interessante", destacaram,<br />

é que "essa pequena diferença<br />

fica suspensa pelo menos<br />

uma vez por mês".<br />

três décadas, possui um enorme<br />

potencial de progressão no senti<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> cumprimento <strong>do</strong> ambicioso conjunto<br />

de objectivos que desde ce<strong>do</strong><br />

o constituíram. Os princípios proclama<strong>do</strong>s<br />

por aqueles movimentos e<br />

retoma<strong>do</strong>s por Perrenoud apontam<br />

nessa direcção, nomeadamente as<br />

que se referem ao mo<strong>do</strong> de desenvolvimento<br />

<strong>do</strong>s currículos (apostan<strong>do</strong><br />

numa perspectiva transdiscipli-<br />

A ÚNICA NOVIDADE que enforma a actual reorganização curricular<br />

bem <strong>com</strong>o as propostas de Perrenoud é a abordagem por <strong>com</strong>petências,<br />

concebida simultaneamente <strong>com</strong>o instrumento e <strong>com</strong>o referente teórico.<br />

nar), à articulação entre a educação<br />

escolar e os contextos de trabalho<br />

mais vastos (que constitui um <strong>do</strong>s<br />

múltiplos trabalhos de Hércules) e<br />

ao processo de aprofundamento da<br />

escola democrática. Apesar de<br />

constituírem desafios centrais na<br />

actualidade e aos quais teremos de<br />

continuar a buscar energias para<br />

lhes dar forma, parece-me que fazer<br />

depender essa profunda transformação<br />

na forma de conceber e praticar<br />

a educação escolar da noção<br />

de <strong>com</strong>petência(s) é, não só uma<br />

acção redutora, mas fundamentalmente<br />

mistifica<strong>do</strong>ra, até pelo mo<strong>do</strong><br />

<strong>com</strong>o aquela noção tem vin<strong>do</strong> a ser<br />

construída e recepcionada no mun-<br />

Menstruação-orientação<br />

Hormonas sexuais influenciam senti<strong>do</strong> de orientação<br />

A equipa de cientistas submeteu<br />

algumas mulheres a testes de orientação<br />

espacial durante os perío<strong>do</strong>s<br />

de maior e menor nível hormonal no<br />

sangue, <strong>com</strong> o objectivo de determinar<br />

as diferenças. Durante a<br />

menstruação, as mulheres alcançaram<br />

os mesmos resulta<strong>do</strong>s que os<br />

homens, mas essa capacidade diminuiu<br />

no perío<strong>do</strong> que vai <strong>do</strong> 14º ao<br />

28º dia <strong>do</strong> ciclo menstrual, o de<br />

maior nível hormonal.<br />

Adriano Rangel_isto é<br />

<strong>do</strong> das empresas e no campo da<br />

gestão há várias décadas. Como refere<br />

Wittorski (1998), “os trabalhos<br />

realiza<strong>do</strong>s sobre a noção de <strong>com</strong>petência<br />

centram-se frequentemente e<br />

sobretu<strong>do</strong> na avaliação das <strong>com</strong>petências<br />

<strong>com</strong> o objectivo de as classificar”,<br />

falan<strong>do</strong>-se hoje na necessidade<br />

de os indivíduos possuírem<br />

«portfólios» de <strong>com</strong>petências (inovação<br />

americana <strong>do</strong>s anos 80), estandardiza<strong>do</strong>s,<br />

<strong>com</strong> o objectivo de<br />

afirmação individual nos merca<strong>do</strong>s<br />

de trabalho (esta questão é central<br />

nas publicações da Comissão Europeia<br />

sobre a educação).<br />

Parece, pois, estarmos perante<br />

pelo menos <strong>do</strong>is mo<strong>do</strong>s distintos e<br />

irreconciliáveis de abordar a problemática<br />

das <strong>com</strong>petências. Impõese<br />

o seu questionamento e a necessária<br />

separação de águas. Como<br />

sabemos, a mudança que ocorreu<br />

no campo da avaliação foi meramente<br />

administrativa, manten<strong>do</strong> a<br />

escola tal <strong>com</strong>o se encontrava (ou<br />

talvez pior). A noção de <strong>com</strong>petência<br />

arrisca-se a ter o mesmo destino,<br />

neste caso <strong>com</strong> consequências<br />

bem mais benignas. A aposta terá<br />

de ser no conjunto de questões acima<br />

referidas. Mas a sua contaminação<br />

<strong>com</strong> a noção de <strong>com</strong>petência<br />

não terá <strong>com</strong>o consequência distrair-nos<br />

desse objectivo?<br />

"As nossas pesquisas mostram<br />

que a assimetria varia fundamentalmente<br />

de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> a flutuação da<br />

progesterona", sublinharam os investiga<strong>do</strong>res,<br />

permitin<strong>do</strong>-lhes concluir<br />

que durante o ciclo menstrual<br />

as faculdades visuais e de orientação<br />

espacial mudam radicalmente.<br />

Fonte: AFP<br />

21<br />

a página<br />

da educação<br />

julho 2003<br />

verso e reverso<br />

LUGARES<br />

da educação<br />

Manuel António Silva<br />

Instituto de Educação<br />

e Psicologia da<br />

Universidade <strong>do</strong> Minho<br />

masilva@iep.uminho.pt<br />

solta

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