Ensinar com afecto O segredo do bom professor - Página
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É o tratamento diferencia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
pais (real ou percebi<strong>do</strong>) que parece<br />
afectar o desenvolvimento <strong>do</strong>s filhos.<br />
Por exemplo, algumas investigações<br />
recentes referem que o tratamento<br />
diferencia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pais estava<br />
relaciona<strong>do</strong> <strong>com</strong> o bem-estar<br />
<strong>do</strong>s filhos: o mais favoreci<strong>do</strong> era o<br />
que apresentava maior nível de<br />
bem-estar; e, até, os filhos que tinham<br />
recebi<strong>do</strong> mais expectativas<br />
parentais positivas eram, também,<br />
os que apresentavam maiores índices<br />
de ajustamento.<br />
Os pais têm consciência que tratam<br />
os seus filhos diferentemente.<br />
Alguns pais exprimem frequentemente<br />
ansiedade sobre o papel que<br />
os seus próprios <strong>com</strong>portamentos<br />
jogam no desenvolvimento das relações<br />
entre os seus filhos. Isto é: para<br />
além de afectarem o desenvolvimento<br />
individual <strong>do</strong>s filhos, parece<br />
que a parcialidade parental influencia<br />
também a qualidade das relações<br />
entre eles. Sobretu<strong>do</strong>, parece<br />
interferir no nível de conflitualidade<br />
entre os irmãos: a preferência e/ou a<br />
desigualdade <strong>do</strong> tratamento parental<br />
é responsável pelo desencadear<br />
de conflitos entre eles (a história de<br />
Caim, a de José e seus irmãos são,<br />
apenas, <strong>do</strong>is bons exemplos <strong>do</strong> que<br />
acabámos de referir). Considera-se,<br />
também, que a percepção da parcialidade<br />
parental tem repercussões<br />
negativas naqueles que percepcionam<br />
receber menos, na medida em<br />
que, <strong>com</strong>o o observou, <strong>com</strong> perspicácia,<br />
Charles Dickens (1959): "no<br />
Doses elevadas de vitamina B2 (riboflavina)<br />
ajudam a inverter o processo<br />
degenerativo provoca<strong>do</strong> pela<br />
<strong>do</strong>ença de Parkinson, revela um estu<strong>do</strong><br />
da Universidade Federal de<br />
São Paulo (Unifesp). De acor<strong>do</strong> <strong>com</strong><br />
esta investigação, os <strong>do</strong>entes <strong>com</strong><br />
Parkinson que fizeram uma dieta à<br />
base de vitamina B2 sem carne vermelha<br />
recuperaram, em média, 18%<br />
As relações pais-filhos<br />
VAMOS CONTINUAR A FALAR DE FAMÍLIA. E DE COMO ELA NÃO É A MESMA PARA CADA UM DOS FILHOS. NA MAIOR PARTE<br />
DOS ESTUDOS, O TRATAMENTO PARENTAL APARECE COMO SENDO A MAIOR FONTE DE DIFERENCIAÇÃO NO SEIO DA FAMÍLIA.<br />
mun<strong>do</strong> restrito onde se desenrola a<br />
existência de uma criança, (...) não<br />
há nada que ela perceba <strong>com</strong> tanta<br />
acuidade e que sinta <strong>com</strong> tanta intensidade<br />
<strong>com</strong>o a injustiça".<br />
Uma das questões que é lícito<br />
colocarmos é se o tratamento diferencia<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s pais não é uma resposta<br />
adequada às diferenças de<br />
desenvolvimento <strong>do</strong>s filhos. Provavelmente<br />
os pais limitam-se a reagir<br />
às diferenças existentes entre os<br />
seus filhos. O que parece, em parte,<br />
verdade: em determina<strong>do</strong>s momentos<br />
os pais tendem a favorecer o fi-<br />
lho cuja situação é julgada <strong>com</strong>o<br />
sen<strong>do</strong> a mais desfavorável (a mãe<br />
que cuida <strong>do</strong> seu bebé e que descuida<br />
os seus filhos maiores, enquanto<br />
o pai intensifica a relação<br />
<strong>com</strong> estes, é um exemplo claro não<br />
só da divisão de tarefas entre o casal,<br />
<strong>com</strong>o daquilo que os pais sentem<br />
que é necessário fazerem num<br />
perío<strong>do</strong> específico <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
<strong>do</strong>s filhos).<br />
Ficamos, então, <strong>com</strong> a questão<br />
de saber se o tratamento diferencia<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s pais é causa ou efeito das diferenças<br />
(físicas e psicológicas) existentes<br />
entre os irmãos. É claro que as<br />
crianças são desiguais logo desde a<br />
nascença (quan<strong>do</strong> nasce o segun<strong>do</strong><br />
Medicina<br />
Vitamina B2 ajuda a <strong>com</strong>bater a <strong>do</strong>ença de Parkinson<br />
das suas funções motoras no primeiro<br />
mês, 39% no segun<strong>do</strong> e 62%<br />
no terceiro mês de tratamento. O estu<strong>do</strong><br />
teve início em Setembro passa<strong>do</strong><br />
<strong>com</strong> pacientes <strong>do</strong> Hospital Municipal<br />
<strong>do</strong>s Funcionários Públicos daquela<br />
cidade. Segun<strong>do</strong> CÍcero Galli<br />
Coimbra, <strong>professor</strong> <strong>do</strong> Departamento<br />
de Neurologia da Unifesp e responsável<br />
pelo estu<strong>do</strong>, o estu<strong>do</strong> co-<br />
filho os pais têm uma clara percepção<br />
dessas diferenças...) e talvez o<br />
tratamento diferencia<strong>do</strong> parental seja,<br />
apenas, uma resposta ao <strong>com</strong>portamento<br />
diferencia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s filhos.<br />
Sobretu<strong>do</strong> os autores psicanalíticos<br />
têm enfatiza<strong>do</strong> quanto o temperamento<br />
de um filho, assim <strong>com</strong>o o<br />
próprio fenótipo deste, despertam,<br />
nos pais, um jogo <strong>com</strong>plexo de fantasmas<br />
e projecções inconscientes<br />
que se reflectem no mo<strong>do</strong> <strong>com</strong>o estes<br />
se relacionam <strong>com</strong> ele – a preferência<br />
ou a não-preferência pode<br />
encontrar aí uma explicação: um fi-<br />
NUMA MESMA FAMÍLIA, os mesmos processos podem ter diferentes<br />
implicações para cada um <strong>do</strong>s filhos, por estes terem diferentes características<br />
e, por isso, viverem diferentemente o mesmo contexto familiar<br />
— sobretu<strong>do</strong> porque cada um o interpreta/percepciona subjectivamente.<br />
lho que se assemelha física e/ou<br />
psicologicamente a uma figura querida<br />
<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pais pode mais<br />
facilmente ser ama<strong>do</strong> <strong>do</strong> que se<br />
acontecer o inverso. Também uma<br />
característica objectiva <strong>com</strong>o é o<br />
sexo da criança pode, logo à partida,<br />
condicionar a relação pais-filho,<br />
na medida em que é ou não o sexo<br />
deseja<strong>do</strong> para aquela criança em<br />
particular (e pode ser o deseja<strong>do</strong><br />
para a mãe e não para o pai...).<br />
Assim, pode concluir-se que há<br />
uma intricada relação entre as características<br />
(físicas e psicológicas)<br />
<strong>do</strong>s filhos e o <strong>com</strong>portamento <strong>do</strong>s<br />
pais relativamente a estes e que, se<br />
é difícil estabelecer uma relação de<br />
meçou depois de ficar <strong>com</strong>prova<strong>do</strong><br />
que to<strong>do</strong>s eles apresentavam no organismo<br />
um nível baixo de vitamina<br />
B2, indispensável para o processo<br />
de respiração celular e responsável<br />
por mais de cem reacções químicas.<br />
Os <strong>do</strong>entes analisa<strong>do</strong>s caracterizavam-se<br />
por ingerir grandes quantidades<br />
de carne vermelha, o que dificulta<br />
a absorção da vitamina B2. A<br />
Ana Alvim_isto é<br />
causa-efeito entre estes <strong>do</strong>is aspectos<br />
(<strong>com</strong>o, aliás, é <strong>com</strong>um nas ciências<br />
humanas), é imprescindível<br />
considerar-se esta recursividade se<br />
quisermos perceber as diferenças<br />
nas relações pais-filhos. Isto é: se<br />
queremos estudar o tratamento parental,<br />
nada melhor que socorrermo-nos<br />
<strong>do</strong> modelo <strong>com</strong>plexo <strong>do</strong><br />
desenvolvimento humano proposto<br />
por Bronfenbrenner & Crouter<br />
(1983): "indivíduo x processo x contexto"<br />
– que permite que se considere<br />
que, numa mesma família, os<br />
mesmos processos podem ter diferentes<br />
implicações para cada um<br />
<strong>do</strong>s filhos, por estes terem diferentes<br />
características e, por isso, viverem<br />
diferentemente o mesmo contexto<br />
familiar (sobretu<strong>do</strong> porque cada<br />
um o interpreta/percepciona<br />
subjectivamente).<br />
E <strong>com</strong>o em tu<strong>do</strong> na vida: conta<br />
mais a percepção <strong>do</strong> que a realidade...<br />
E até porque, provavelmente, o<br />
real, per si, não existe. Então, por<br />
mais igualitários que sejam os pais,<br />
os filhos nunca percebem (nem perceberão)<br />
que são trata<strong>do</strong>s da mesma<br />
maneira.<br />
Nota: este artigo é um extracto, ligeiramente altera<strong>do</strong>,<br />
<strong>do</strong> livro da autora recentemente publica<strong>do</strong>:<br />
Semelhanças e diferenças entre irmãos, Lisboa:<br />
CLIMEPSI Editores, 2002.<br />
<strong>do</strong>ença de Parkinson <strong>com</strong>eça a manifestar-se<br />
quan<strong>do</strong> 60% das células<br />
nervosas da região <strong>do</strong> cérebro responsável<br />
pelas funções motoras estão<br />
afectadas. O leite é um <strong>do</strong>s alimentos<br />
<strong>com</strong> maior concentração de<br />
vitamina B2.<br />
Fonte: AFP<br />
27<br />
a página<br />
da educação<br />
julho 2003<br />
olhares de fora<br />
EDUCAÇÃO<br />
e cidadania<br />
Otília Monteiro<br />
Fernandes<br />
Universidade<br />
de Trás-os-Montes e Alto<br />
Douro, UTAD, Chaves.<br />
tila@mail.telepac.pt<br />
solta