18.04.2013 Views

XONDARO – UMA ETNOGRAFIA DO MITO E DA DANÇA ... - Unisul

XONDARO – UMA ETNOGRAFIA DO MITO E DA DANÇA ... - Unisul

XONDARO – UMA ETNOGRAFIA DO MITO E DA DANÇA ... - Unisul

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

epetição da mesma nota com raras mudanças na altura. Seu Artur recebeu as<br />

palavras e repetiu-as calmamente, explicando que a língua na qual interpretou esse<br />

canto é diferente daquela falada cotidianamente, [...] é na língua dos Karaí.<br />

A língua dos “Karaí” é uma referência à linguagem ritual, relatada no item 2.2.<br />

Aborda-se, a seguir, a prática do Xondaro, gênero músico-coreográfico que<br />

apresenta similaridade com as artes marciais, realizando-se a etnografia do ritual, de seus<br />

cantos e de suas danças.<br />

3.3 Xondaro <strong>–</strong> Etnografia de uma Dança Guarani<br />

Como necessidade natural e instintiva de expressão humana, a dança acompanhou<br />

o homem na contínua transformação dos tempos, estando ligada a rituais e manifestações das<br />

forças da natureza e dos animais, baseando-se, em sua fase pré-histórica, no ecossistema,<br />

conforme visto no capítulo 1, item 1.3.<br />

Sendo a dança uma expressão corporal da emoção autêntica por meio de passos<br />

sincronizados com a música e o ritmo do movimento, está indissociada da música, do canto e<br />

dos instrumentos musicais, indispensáveis desde sua origem até a atualidade.<br />

Em suas pesquisas por uma antropologia da música entre os Mbya-Guarani de<br />

Morro dos Cavalos, Dallanhol (2002) cita autores que realizaram importantes estudos de<br />

musicologia guarani, como Schaden, Pierre Clastres, Meliá, Cadogan e Chamorro. Destaca-<br />

se, mais recentemente, o trabalho de Montardo (2002) sobre música e xamanismo guarani.<br />

Ruiz e Cadogan (apud <strong>DA</strong>LLANHOL, op.cit.p.60) confirmam a existência e a<br />

importância dos “hinos sagrados” e a procedênca divina dos instrumentos musicais entre os<br />

Mbya, ressaltando que, para alcançar a Terra Sem Males “son indispensables la oración, el<br />

canto y la danza”. É ainda de Ruiz (1984) a pertinente observação a respeito da estreita<br />

relação da etnia Mbya com a música devido à mitologia do grupo. A fala de Ñanderu/Nosso<br />

Pai diz: “Cuando necessiten para comer, para vivir, llamen a mi, cantando [...]” (RUIZ, apud<br />

<strong>DA</strong>LLANHOL, op. cit. p. 60).<br />

As danças dos Mbya não são específicas a determinadas cerimônias, mas comuns a<br />

todas, sendo costume dos Mbya, inclusive crianças e idosos, reunir-se para dançar ao pôr-do-<br />

sol no oka/pátio, antes de entrar na opy/casa de reza. A dança que é realizada fora da opy é<br />

distinta da que acontece dentro, esta última denominada jerojy. Os Mbya de Morro dos<br />

74

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!