18.04.2013 Views

XONDARO – UMA ETNOGRAFIA DO MITO E DA DANÇA ... - Unisul

XONDARO – UMA ETNOGRAFIA DO MITO E DA DANÇA ... - Unisul

XONDARO – UMA ETNOGRAFIA DO MITO E DA DANÇA ... - Unisul

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Cavalos apresentam classificação similar, distiguindo jeroky/dançar fora da opy e<br />

jerojy/dançar dentro da opy.<br />

Seu Artur Benite (apud <strong>DA</strong>LLANHOL, op.cit.p.64) assim explica: “Jeroky,<br />

mboraei, a palavra antiga dos Guarani é mboraei oka, é a dança no pátio. Jeroky é a palavra<br />

do Paraguai e mboraei é a Guarani, e jerojy é na opy, essa é que é a reza”.<br />

Montardo (2002, p.122, 123) considera o ritual Mbya, por ser cotidiano,<br />

correspondente ao jeroky entre os Kaiowa e os Ñandeva, estando dividido em dois momentos.<br />

O primeiro constitui o Xondaro ou Sondaro, realizado como uma preparação, um<br />

aquecimento para o segundo momento, o poraéi/cantos, rezas dentro da opy.<br />

O termo Xondaro é um empréstimo do português “soldado 15 ”. No Morro dos<br />

Cavalos, denomina-se também a dança, além de um gênero musical. O Xondaro insere-se na<br />

modalidade jeroky/dança fora da opy, sendo percebido pelos Mbya como um gênero de<br />

música/dança. Apresenta similaridade com as artes marciais e com a capoeira, com a seguinte<br />

distinção: é só para defesa. É um treinamento, uma técnica corporal (Mauss, 1960), na qual os<br />

integrantes (meninos, meninas e jovens) aprendem a se defender de possíveis agressões de<br />

animais, no mato, e também na aldeia. É uma prática que visa, além do fortalecimento do<br />

corpo, o fortalecimento do espírito no sentido de cada praticante aprender a se defender de<br />

suas próprias atitudes negativas, não se deixando sucumbir diante das dificuldades, conforme<br />

relato de Marcelo Benite (informação pessoal). Observa-se um acentuado interesse, por parte<br />

dos Mbyá, de mostrar alguns aspectos de sua cultura aos não-índios, como é o caso do<br />

Xondaro. Em 2005, os Guarani convidaram a imprensa local de Florianópolis para assistir<br />

esse ritual.<br />

A coreografia do Xondaro (Fotos nº 12, 12-A e 12-B) imita os movimentos de<br />

determinados animais. Ladeira (apud MONTAR<strong>DO</strong>, 2002, p.123) informa que a coreografia<br />

do Xondaro “segue o princípio de três pássaros: mainoi <strong>–</strong> colibri (para aquecimento do corpo),<br />

taguato/gavião (para evitar que o mal entre na opy) e mbyjy <strong>–</strong> andorinha (para fortalecer os<br />

Xondaro, dançarinos de Xondaro, contra o mal)”. Litaiff (apud MONTAR<strong>DO</strong>, op.cit.p.123)<br />

faz referência a oito tipos de Xondaro: “Mboapy Kue <strong>–</strong> bater três vezes sobre a corda do<br />

mbaraka; mokoingue <strong>–</strong> bater duas vezes sobre a corda do mbaraka; ApiKaxu (pomba);<br />

korosire; Parakáu daje (papagaio); Pindo vy <strong>–</strong> palmeira azul, palmeira sagrada; Yvy Vera <strong>–</strong><br />

chuva com relâmpago e Araku pytã <strong>–</strong> saracura vermelha”.<br />

15 No dicionário de Dooley (1982) Xondaro é traduzido por soldado. Artur Benite compara o Xondaro com as<br />

artes marciais (<strong>DA</strong>LLANHOL, op.cit. p. 83)<br />

75

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!