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LITERATURA BRASILEIRA II - Universidade Castelo Branco

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22<br />

Tu que, da liberdade após a guerra,<br />

Foste hasteado dos heróis na lança<br />

Antes te houvessem roto na batalha,<br />

Que servires a um povo de mortalha!...<br />

Fatalidade atroz que a mente esmaga!<br />

Extingue nesta hora o brigue imundo<br />

Ao lado de Castro Alves, aparece na última geração<br />

romântica o nome de Joaquim de Sousa Andrade, ou<br />

Sousândrade, poeta pouco reconhecido à sua época,<br />

dada a carga de originalidade. Ambientado com o<br />

1.3 - A Prosa Narrativa<br />

Além das tardias incursões de Basílio da Gama e<br />

Santa Rita Durão no campo da epopéia, ao fi nal do<br />

Arcadismo, nossas letras não conheciam ainda uma<br />

expressão signifi cativa do gênero narrativo. Será no<br />

contexto do Romantismo que os leitores brasileiros<br />

verão afl orar o romance como principal modelo literário<br />

que, trazido à publicação em meio ao fl orescer<br />

do sentimento de nacionalidade, fi nalmente autorizado<br />

pelo processo da independência, fertilizará nossa<br />

narrativa. O primeiro romance brasileiro a ser publicado<br />

foi O Filho do Pescador, de Teixeira e Sousa,<br />

em 1843. No entanto, serão outros nomes que irão se<br />

destacar, publicando os textos que compõem o principal<br />

legado romântico para nossa prosa de fi cção: Joaquim<br />

Manuel de Macedo, responsável por narrativas<br />

que tentavam registrar, ainda de forma algo edulcorada,<br />

os modos e costumes da corte, como em A Moreninha,<br />

O Moço Loiro, A Luneta Mágica; Bernardo<br />

Guimarães e Visconde de Taunay, que dedicarão<br />

seus escritos à pintura da vida interiorana, regional,<br />

escondida pelos sertões e fazendas, e no caso do segundo,<br />

dedicando especial atenção ao falar brasileiro;<br />

Manuel Antônio de Almeida, jovem escritor cujo<br />

único romance, Memórias de um sargento de milícias<br />

(1853-55), revela uma veia satírica, de certo realismo<br />

grotesco, destinada a tratar com humor o tema do<br />

anti-herói, incomum até então entre nossos principais<br />

autores. No entanto, o grande nome de nossa prosa<br />

fi ccional, responsável pelos romances mais justamente<br />

destinados à construção literária da identidade brasileira,<br />

projeto consciente de seu autor, encontra-se na<br />

fi gura de José de Alencar.<br />

Nascido em Mecejana, Ceará, Alencar construiu<br />

uma importante carreira pública e política tanto<br />

em sua terra natal, como deputado, como na Corte,<br />

ao atuar no Ministério da Justiça, conservador.<br />

Notoriamente ambíguo em suas posições (até retrógradas,<br />

como em face do problema da escravidão),<br />

o escritor acabou por se afastar da vida política,<br />

ressentido com o Imperador Pedro <strong>II</strong>, por não ter<br />

O trilho que Colombo abriu nas vagas,<br />

Como um íris no pélago profundo!<br />

Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga<br />

Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!<br />

Andrada! arranca esse pendão dos ares!<br />

Colombo! fecha a porta dos teus mares!<br />

ambiente capitalista da Europa e dos Estados Unidos,<br />

por onde viajou longamente, o poeta era atento às técnicas<br />

de composição, com arranjos sonoros ousados,<br />

plurilingüismo, inovações sintáticas e verbais.<br />

sido indicado por este para o Senado. Como escritor,<br />

José de Alencar notabiliza-se não apenas pela<br />

vasta produção, entre numerosos romances, algumas<br />

peças de teatro, crônicas, ensaios, biografi a e<br />

doutrina política, mas também pelas polêmicas em<br />

que se envolveu, como o embate público com Gonçalves<br />

de Magalhães, em torno da Confederação<br />

dos Tamoios, com a censura a As Asas de um Anjo<br />

e a Lucíola, e com os puristas lusófi los, por conta<br />

de suas inovações lingüísticas nos textos literários,<br />

rompendo os padrões gramaticais portugueses, em<br />

prol de uma linguagem brasileira.<br />

De modo geral, a obra romanesca de Alencar pode<br />

ser subdividida em romances, listando aqui os mais<br />

importantes, indianistas: O Guarani (1857), Iracema<br />

(65), Ubirajara (74), nos quais o escritor dedicou-se<br />

a fazer da fi gura do índio o elemento protagonista<br />

como herói nacional, bem como do casal<br />

mestiço, nos dois primeiros, a matriz primordial para<br />

o surgimento da raça brasileira; urbanos: Cinco Minutos<br />

(1860), Lucíola (62), A Pata da Gazela (70),<br />

Senhora (75), em que, além de apresentar, numa tentativa<br />

inicial de realismo, os hábitos e costumes da<br />

cidade do Rio de Janeiro e traçar perfi s de mulher em<br />

personagens femininas de intensa reverberação até<br />

hoje, traz novamente uma certa inspiração francesa<br />

através do molde do melodrama (mais assumido em<br />

seus textos teatrais) na construção das tramas; regionalistas:<br />

O Gaúcho (1870), O Tronco do Ipê (71),<br />

Til (72), O Sertanejo (75), marcados pelo anseio de<br />

registro das diversidades culturais que o vasto país<br />

apresentava; e históricos, afi nados com a tendência<br />

nacionalista e romântica de preservar a memória da<br />

nação, fortalecendo o projeto de construção fi ccional<br />

da identidade brasileira, através dessa vez, do relato<br />

de passagens importantes da história: As Minas de<br />

Prata (1862), A Guerra dos Mascates (73). Segue,<br />

adiante, uma das mais famosas cenas de Iracema,<br />

que registra o idílico encontro da jovem indígena<br />

com o colonizador português Martim.

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