34 Glossário Analogia – identidade de relação entre seres de natureza diferente. Em literatura, refere-se sobretudo à fi gura de linguagem desenvolvida por Charles Baudelaire que atribui a signos pertencentes a diferentes linguagens, características de semelhança semântica, chamadas pelo poeta de “correspondências”. Metafísica – Ciência do supra-sensível, do que está além do mundo concreto, físico. Em fi losofi a relaciona-se com o conhecimento advindo da razão pura. Sinestesia – fi gura de linguagem que enlaça duas ou mais sensações distintas em uma única sentença (“calor doce”, “ruído acre”, por exemplo). Exercícios de Auto-avaliação 1. O que pode signifi car dizer que, no Parnasianismo, há uma preocupação da arte pela arte? 2. Estabeleça os recursos que fazem da poesia de Olavo Bilac o ponto máximo de nossa poesia parnasiana. 3. Qual o sentido possível para a presença do “branco” entre as principais imagens da poética de Cruz e Sousa? 4. Disserte sobre a relação histórica no Brasil entre os movimentos parnasiano e simbolista.
UNIDADE IV O MODERNISMO 4.1 - Conceituação Iniciado o século XX, os artistas passaram a buscar uma grande renovação de valores artísticos e culturais, diante da profunda crise que desencadeou duas guerras e profundas transformações na vida política e econômica das sociedades. No período compreendido entre a Primeira (1914-1918) e a Segunda Guerra (1939-1945), surgem movimentos artísticos denominados vanguarda, cujas principais obras seriam: o Futurismo (1909), marcado pelo entusiasmo com a modernidade, o amor à máquina, à velocidade dos novos tempos, a destruição do antigo em prol do novo; o Expressionismo (1910), responsável pela fi guração deformada dos aspectos angustiantes e sombrio do sujeito, desafi ado em suas instâncias psíquicas pelo peso da infelicidade no mundo burguês; o Cubismo (1939), que legou os processos de fragmentação e decomposição da palavra e da imagem; o Dadaísmo (1916), expressão máxima de iconoclastia e destruição da aura sagrada em torno do objeto artístico e da literatura; 4.2 - O Pré-Modernismo Estabelecida a República Velha, marcada pela chamada política “café com leite”, baseada na soma entre a lavoura cafeeira de São Paulo com a pecuária leiteira de Minas Gerais, centro de onde emanavam as decisões sobre os destinos do país, no campo cultural, nossa literatura, não obstante a existência de autores e obras relevantes, não foi capaz de construir naquele momento um grupo coeso em torno de uma proposta artística mais abrangente, em termos de ambição nacional. Feita a ressalva, pode-se dizer que, nas primeiras décadas do século XX, as obras a que se pode chamar de “pré-modernistas” problematizam a nossa realidade social e cultural, se pensarmos na fi cção de Lima Barreto, Graça Aranha e Monteiro Lobato, na experiência de Euclides da Cunha, em Os Sertões. Para alguns autores, podemos inserir nesta série a poesia perturbadora de Augusto dos Anjos, dado o nível de perturbação e o Surrealismo (1924), caracterizado pela utilização da linguagem do inconsciente, do sonho e do devaneio na composição das formas artísticas. Vistas em conjunto, as vanguardas intensifi caram ao extremo os processos renovadores que se colocavam desde pelo menos o Romantismo e atravessaram todo o século XIX, legando a valorização da linguagem como tema e objeto da arte, a busca pela penetração no inconsciente e a inquietude dos artistas diante de caminhos já percorridos. Posteriormente às vanguardas, os escritores continuarão abrindo, sem tanta violência na atitude, mas mantendo a consciência crítica e o gosto pela pesquisa, caminhos de inovação na linguagem e nas temáticas. No caso particular da Literatura Brasileira, contudo, foi necessário um momento de preparação para o salto no Modernismo propriamente dito, com o advento da Semana de Arte Moderna, em 1922. A que ela provoca na dicção simbolista, estética em que, para muitos, se enquadra a obra do poeta. Augusto dos Anjos Paraibano, homem culto e lido, Augusto dos Anjos (1884-1914) formou-se em Direito em Recife, passando a lecionar em João Pessoa, dali transferindo-se para o Rio de Janeiro e posteriormente para Leopoldina (Minas Gerais). Poeta de um livro só, Eu (1912), experimenta até hoje grande popularidade devido à extraordinária originalidade de seus versos, cuja linguagem esdrúxula, pessimista cria um texto poderoso, que não se furta a ultrapassar os limites do “mau gosto”, utilizando um vocabulário cientifi cista através do qual se exprime a dimensão cósmica e a angústia moral. 35