Envelhecimento e velhice Tese de Doutoramento 2007
Envelhecimento e velhice Tese de Doutoramento 2007
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É com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong>ssas representações instituídas e<br />
interiorizadas que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, justificamos a nossa opção terminológica<br />
relativa às pessoas ‘mais velhas’. Historicamente, a expressão “terceira<br />
ida<strong>de</strong>” ganhou peso no âmbito da União Europeia até à década <strong>de</strong> 90. Em<br />
1992 os resultados <strong>de</strong> um estudo realizado pela Comissão das<br />
Comunida<strong>de</strong>s Europeias sobre “Ida<strong>de</strong> e Atitu<strong>de</strong>s” expressaram a sua<br />
<strong>de</strong>sa<strong>de</strong>quação como consequência do aumento da esperança <strong>de</strong> vida,<br />
propondo o uso acrescido <strong>de</strong> “quarta ida<strong>de</strong>” (INE, 2002). Em contexto<br />
português, próximo da francofilia, as expressões não têm correspondência<br />
exacta com as usadas em contexto anglófilo. Para age, o termo idoso/a,<br />
po<strong>de</strong> constituir uma tradução aproximada embora associe a si a conotação<br />
<strong>de</strong> <strong>velhice</strong> que age preten<strong>de</strong> evitar. Para aging, a língua portuguesa (e a<br />
francesa) não criaram tradução, mantendo a noção <strong>de</strong> envelhecimento,<br />
aparentemente sem sensibilida<strong>de</strong> à tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstrução do<br />
significado social <strong>de</strong> ‘<strong>velhice</strong>’ que o conceito anglo-americano <strong>de</strong> aging<br />
preten<strong>de</strong> constituir. Assim, lida-se, na língua portuguesa, com as noções<br />
<strong>de</strong> ‘idoso/a’ ou <strong>de</strong> ‘<strong>velhice</strong>’ quase indistintamente e, correspon<strong>de</strong>ntemente,<br />
com a <strong>de</strong> envelhecimento. A(s) primeira(s) refere-se ao estado <strong>de</strong> ‘ter mais<br />
ida<strong>de</strong>’ ou ‘ser velho/a’ e a segunda representa o processo <strong>de</strong> aproximação<br />
<strong>de</strong>sse estado. A reflexão que temos vindo a fazer sobre os sentidos<br />
atribuídos a essas expressões levam-nos a dizer que a noção <strong>de</strong> ‘idoso/a’<br />
se articula pela concepção <strong>de</strong> segmentação da ida<strong>de</strong> em três ciclos<br />
procurando com isso agrupar indistintivamente as pessoas em função dos<br />
interesses do mercado <strong>de</strong> trabalho. Os campos económico e político, no<br />
sentido <strong>de</strong> Bourdieu (1992), usaram e usam as expressões ‘idoso/a’ e<br />
‘terceira ida<strong>de</strong>’ para inculcarem a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um grupo homogéneo que já<br />
trabalhou e, a partir dos 65 anos, dispõe <strong>de</strong> uma reforma remunerada e<br />
Ester Vaz 18