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Envelhecimento e velhice Tese de Doutoramento 2007

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O envelhecimento humano como realida<strong>de</strong> biológica e psíquica<br />

A compreensão das atitu<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna face à <strong>velhice</strong> torna-se<br />

mais clara com a leitura do pragmatismo das soluções encontradas por<br />

algumas populações nómadas. Lima e Viegas (1988) recorrem aos<br />

registos <strong>de</strong> William Graham Sumner (1960) para se referirem a dois<br />

aspectos que po<strong>de</strong>rão revestir as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssas populações nómadas<br />

perante as pessoas mais velhas. Por um lado, o respeito pelos mais velhos<br />

<strong>de</strong>vido à sua sabedoria e aos seus conselhos como valor tradicionalmente<br />

transmitido pela educação. Por outro lado, a <strong>de</strong>preciação das ‘pessoas <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>’ tomadas como fardos sociais, na figura <strong>de</strong> uma perda <strong>de</strong> energia<br />

para a socieda<strong>de</strong>. Esta última atitu<strong>de</strong> revela-se em alguns povos nómadas<br />

que criaram condições para forçar as ‘pessoas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>’ a <strong>de</strong>cidir morrer<br />

por iniciativa própria ou por iniciativa dos parentes.<br />

Também Francisco Martins Ramos (1993) numa revisão da literatura<br />

etnográfica, no domínio da <strong>velhice</strong>, sobre o comportamento <strong>de</strong> algumas<br />

populações nómadas encontrou diferenciação <strong>de</strong> comportamentos. Por<br />

exemplo, no grupo dos tasmanianos (habitantes da ilha situada na costa<br />

sueste da Austrália), a sabedoria e a experiência das ‘pessoas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>’<br />

confere-lhes prestígio e posição social, aumentando o estatuto dos<br />

homens mais velhos com o número <strong>de</strong> mulheres <strong>de</strong>sposadas. As primeiras<br />

mulheres a serem <strong>de</strong>sposadas passam a ser <strong>de</strong>nominadas por “mais<br />

velhas” e é-lhes conferida uma autorida<strong>de</strong> junto das gerações mais novas.<br />

Todavia, quando se encontram em situação <strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong> ou doença,<br />

as ‘pessoas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>’ são abandonadas pela tribo com uma pequena<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentos e um purgante. Já na Austrália Central, os<br />

Aranda, tribo <strong>de</strong> caçadores e colectores, cuidam e tratam as ‘pessoas <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>’ e doentes, homens e mulheres, até à morte, dando-lhes a maior<br />

Ester Vaz 38

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