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Envelhecimento e velhice Tese de Doutoramento 2007

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O envelhecimento humano como realida<strong>de</strong> biológica e psíquica<br />

restritiva <strong>de</strong> produção, não têm activida<strong>de</strong>. A esta classificação associa-se<br />

uma outra <strong>de</strong>stinada a segmentar a valorização do tempo <strong>de</strong> vida das<br />

pessoas em “tempo <strong>de</strong> aprendizagem”, on<strong>de</strong> se enquadram as crianças e<br />

jovens em ida<strong>de</strong> escolar e que são olhadas como um investimento na<br />

preparação para a vida activa; “tempo <strong>de</strong> produção” que contempla todos<br />

os adultos a quem é reconhecido um valor social e económico e atribuído<br />

um prestígio profissional condizente com a sua condição <strong>de</strong> vida; e “tempo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso” que aparece para as pessoas com 65 ou mais anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>, que saíram da vida activa por <strong>de</strong>ixarem <strong>de</strong> ser úteis ao processo<br />

produtivo. Na lógica <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo, a valorização só é efectiva no “tempo<br />

<strong>de</strong> produção” sendo os outros dois tempos marginalizados havendo,<br />

contudo, uma distinção entre eles. O “tempo <strong>de</strong> aprendizagem” é encarado<br />

como investimento e expectativas no futuro. O “tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso” é <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sinvestimento e <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrença. As ‘pessoas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>’ são aqui reduzidas<br />

a uma situação <strong>de</strong> “espera pela morte”, negligenciando-se as suas<br />

capacida<strong>de</strong>s criativas, e encaradas como objecto <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s. A<br />

satisfação <strong>de</strong>ssas necessida<strong>de</strong>s é, em parte, sustentada pela participação<br />

dos “activos” no sistema <strong>de</strong> protecção social que, por esse facto, atribuem<br />

às ‘pessoas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>’ a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> “fardo pesado” com um<br />

<strong>de</strong>sprestígio social e individual (Amaro, 1997).<br />

A exclusão profissional induz quer a perda do estatuto conferido pela<br />

activida<strong>de</strong> profissional, quer a perda do reconhecimento social que ela<br />

sustentava. Aí se inclui a passagem à situação <strong>de</strong> reforma, como perda <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> anteriormente alicerçada num <strong>de</strong>sempenho profissional que<br />

facilitava as trocas sociais. A reforma, como marco cronológico da <strong>velhice</strong>,<br />

representa, ten<strong>de</strong>ncialmente, (...) “um momento <strong>de</strong> alto risco para o<br />

Ester Vaz 40

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