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Envelhecimento e velhice Tese de Doutoramento 2007

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A construção social da <strong>velhice</strong><br />

próprias. O termo ageism 4 , traduzido para português como idadismo,<br />

<strong>de</strong>signa uma discriminação com base na ida<strong>de</strong>. Moragas (2003) afirma que<br />

o termo surge associado à palavra ida<strong>de</strong> mais o sufixo “ismo” que implica<br />

uma exclusão do ‘outro’ para benefício próprio a exemplo dos termos<br />

racismo, fascismo e nacionalismo. O idadismo constitui a primeira etapa da<br />

discriminação por ida<strong>de</strong> e aparece, à revelia da jurisdição, como limitação<br />

aos direitos básicos dos indivíduos com base na ida<strong>de</strong>. Concretamente, o<br />

preconceito sustentado no conflito entre gerações, é um dos exemplos. O<br />

que uma geração consegue, fá-lo em <strong>de</strong>trimento da outra, numa visão<br />

conservadora e pouco realista da dinâmica económica e social. O autor<br />

acrescenta que a expressão ageism discrimina tanto os indivíduos ‘<strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>’ como os jovens consi<strong>de</strong>rando que é tão discriminatório afirmar que<br />

alguém é muito jovem para enten<strong>de</strong>r um <strong>de</strong>terminado assunto, como<br />

atribuir sabedoria a alguém, simplesmente, porque é cronologicamente<br />

mais velho.<br />

Berna<strong>de</strong>tte Puijalon e Jacqueline Trincaz (2000) resistem ao uso do termo<br />

ageism nomeadamente pelo sufixo “ismo” que apela a racismo e ao que o<br />

mesmo implica. Para as autoras, a palavra racismo pressupõe uma atitu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> exclusão biológica, <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados grupos <strong>de</strong> indivíduos, associada à<br />

sua cultura, aos aspectos psicológicos, políticos e económicos. A proposta<br />

4 Na Europa, a discriminação, pela ida<strong>de</strong>, inicia-se a partir da convencional ida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

reforma <strong>de</strong> 65 anos, estabelecida em 1886 pelo chanceler Bismarck. Atingida essa ida<strong>de</strong>,<br />

o trabalhador converte-se em reformado/aposentado, sem um papel social reconhecido e<br />

aceite por uma socieda<strong>de</strong> que valoriza o trabalho como fonte <strong>de</strong> estatuto económico e<br />

social. Nessa lógica o indivíduo reformado/aposentado não produz, é passivo e gasta<br />

recursos públicos através das reformas o que acarreta uma avaliação negativa (Moragas,<br />

2003).<br />

Ester Vaz 50

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