20.04.2013 Views

Jornalismo Ontem e hoje - Portal da Prefeitura da Cidade do Rio de ...

Jornalismo Ontem e hoje - Portal da Prefeitura da Cidade do Rio de ...

Jornalismo Ontem e hoje - Portal da Prefeitura da Cidade do Rio de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

52 Ca<strong>de</strong>rnos <strong>da</strong> Comunicação<br />

ria <strong>do</strong> repórter que foi cobrir um incêndio na rua <strong>do</strong> Lavradio e<br />

quan<strong>do</strong> chegou lá não havia mais na<strong>da</strong> a fazer, porque tu<strong>do</strong> acontecera<br />

<strong>de</strong> madruga<strong>da</strong>? Po<strong>de</strong>ria ter volta<strong>do</strong> para a re<strong>da</strong>ção com o famoso<br />

“na<strong>da</strong> feito”. Mas ele seguiu o tamanho <strong>da</strong> sua emoção e<br />

encontrou aquele i<strong>do</strong>so entre os escombros, procuran<strong>do</strong> algo que<br />

lhe parecia indispensável ao que lhe restava <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. Realmente,<br />

para aquele homem, o seu papagaio era-lhe imprescindível, sua única<br />

companhia em <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> viuvez. Aquela sau<strong>da</strong><strong>de</strong> foi a primeira<br />

página no dia seguinte.<br />

Hoje, já não há mais papagaios, nem tempo, nem espaço, muito<br />

menos emoções. O jornalismo “mu<strong>de</strong>rno” é impessoal, politicamente<br />

correto, mas também ino<strong>do</strong>ro e incolor, tu<strong>do</strong> muito basea<strong>do</strong> no<br />

concreto, no aqui e agora. Não é feito para produzir emoções, mas<br />

para impactar, seja no noticiário ou no segun<strong>do</strong> ca<strong>de</strong>rno. Não há<br />

refresco, a vi<strong>da</strong> é como é e ponto. Falta-lhe o elo humano, aquela<br />

procura pelo inusita<strong>do</strong>, pelo ain<strong>da</strong> não dito, pelo ain<strong>da</strong> não percebi<strong>do</strong><br />

pela maioria. O mal se banalizou <strong>de</strong> tal forma aqui e acolá, que<br />

sobrou muito pouco lugar (ou interesse) para essa busca. Hoje, subir<br />

o morro e contar os mortos incorporou-se à rotina. E tu<strong>do</strong> virou<br />

estatística. O tamanho <strong>do</strong> peito vai para a primeira página, i<strong>de</strong>m o<br />

bundão. Quem está “<strong>da</strong>n<strong>do</strong>” pra quem, quem passou a ban<strong>de</strong>ja com<br />

as carrerinhas na festa <strong>da</strong>quela atriz global? Será que a mulher <strong>da</strong>quele<br />

cantor-bandi<strong>do</strong> vai conseguir a visita íntima? Diz-se que o<br />

povo está anestesia<strong>do</strong>, mas, vai ver, o anestesista somos nós.<br />

Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos gloriosos no JB, em 1974 fui para o Jornal <strong>da</strong><br />

Tar<strong>de</strong> e para o Estadão, on<strong>de</strong> permaneci por 17 anos como repórter<br />

especial, uma outra etapa importante <strong>de</strong> minha vi<strong>da</strong> profissional.<br />

Como no JB, sempre participan<strong>do</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s coberturas regionais,<br />

nacionais e internacionais.<br />

Outra gran<strong>de</strong> escola, em muitas coisas diferentes <strong>da</strong> primeira.<br />

São Paulo é um <strong>Rio</strong> com banho <strong>de</strong> loja, portanto, escrevia-se com<br />

mais sofisticação e sobrie<strong>da</strong><strong>de</strong>, pelo menos no Estadão. O JT era<br />

miolo.p65 52<br />

18/5/2006, 14:30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!