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A televisão e o jornal<br />
Série Estu<strong>do</strong>s 61<br />
Quan<strong>do</strong> chega um novo meio <strong>de</strong> comunicação, para instalar-se tira<br />
algum espaço <strong>do</strong>s veículos já existentes, que têm que se a<strong>da</strong>ptar para<br />
enfrentar o novo concorrente. Ocorreu com o rádio, a televisão e acontece<br />
a mesma coisa com a internet.<br />
Mas tenho a impressão <strong>de</strong> que o jornal não soube reagir a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente<br />
ante o <strong>de</strong>safio <strong>da</strong> televisão. A televisão é um meio com<br />
um extraordinário impacto imediato. Em termos <strong>de</strong> informação,<br />
tem as vantagens <strong>de</strong> <strong>da</strong>r a notícia com imagem forte, com movimento,<br />
cores, som e, com muita freqüência no momento em que o<br />
fato acontece. No entanto, a televisão não é um meio a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong><br />
para a análise e a reflexão. Depen<strong>de</strong> excessivamente <strong>da</strong> imagem e<br />
<strong>do</strong> impacto visual e sonoro.<br />
Muitos jornais ain<strong>da</strong> não encontraram meios <strong>de</strong> enfrentar esse<br />
concorrente. Em primeiro lugar, as manchetes, com excessiva<br />
freqüência, dão uma informação factual <strong>do</strong> dia anterior. Algo <strong>de</strong><br />
que o leitor, que também é especta<strong>do</strong>r, já tomou conhecimento<br />
várias horas antes. Os jornais não preparam a manchete e, às<br />
vezes, nem o conteú<strong>do</strong> para levar ao leitor-especta<strong>do</strong>r uma explicação<br />
<strong>do</strong> que já sabe, mas que a televisão não conseguiu <strong>da</strong>r.<br />
Pior ain<strong>da</strong> é a atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s jornais, que fazem contínuas reformas<br />
para parecer-se mais e mais com a televisão. Procuram <strong>da</strong>r<br />
fotografias muito gran<strong>de</strong>s, títulos ca<strong>da</strong> vez maiores, textos muito<br />
curtos, achan<strong>do</strong> que com isso vão enfrentar a TV. No entanto,<br />
o que eles fazem é competir com a TV nos termos <strong>de</strong>sta,<br />
lutan<strong>do</strong> com os elementos em que esta é mais forte: imagem,<br />
cor e superficiali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esquecem que a TV dispõe ain<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
características como movimento, som e tempo real. E <strong>de</strong>ixam<br />
ca<strong>da</strong> vez mais <strong>de</strong> <strong>da</strong>r ao leitor o que a TV não consegue <strong>da</strong>r:<br />
contexto, análise e reflexão. Além disso, publicam um crescente<br />
número <strong>de</strong> matérias triviais e diminuem as reportagens e o espaço<br />
<strong>da</strong> informação.<br />
miolo.p65 61<br />
18/5/2006, 14:30