repetição e clínica na neurose obsessiva - pgpsa/uerj
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"A primeira organiza-se em torno da modalidade assumida pela fantasia<br />
fundamental como máqui<strong>na</strong> de gozo, ou seja, o diagnóstico considera a modalidade<br />
de gozo do sujeito e sua relação com o seu objeto, enquanto a segunda,<br />
moder<strong>na</strong>mente, tem se organizado em torno do sintoma". 4<br />
Essa mesma diferenciação entre a leitura psiquiátrica e a visão psica<strong>na</strong>lítica ganha<br />
relevância <strong>na</strong>s palavras de Maria Anita Carneiro Ribeiro, que denuncia o sumiço da <strong>neurose</strong><br />
<strong>obsessiva</strong> dos manuais classificatórios da psiquiatria, onde foi substituída pelo transtorno<br />
obsessivo compulsivo - TOC:<br />
"A <strong>neurose</strong> <strong>obsessiva</strong> é um distúrbio que produz sofrimento psíquico e que aponta<br />
para os impasses do sujeito com o seu desejo inconsciente. Já o TOC é uma doença<br />
cerebral, com a qual o sujeito não tem <strong>na</strong>da a ver e que deve ser tratada com<br />
remédios. Depois da moda da depressão medicada, temos o obsessivo reduzido a<br />
um doente também a ser medicado, todos rumo a uma drogadição lícita e<br />
generalizada, consumidores obedientes dos ditames do capital". 5<br />
Sendo assim, vamos desenvolver nossa pesquisa abordando pontos da teoria de Freud<br />
e Lacan que entendemos cruciais para a compreensão teórica dos conceitos de gozo e<br />
<strong>repetição</strong>, bem como para que possamos apreendê-los <strong>na</strong> <strong>clínica</strong> psica<strong>na</strong>lítica. No aspecto<br />
clínico dessas questões, vamos tomar como referência o caso freudiano do “Homem dos<br />
Ratos”, um caso clássico de <strong>neurose</strong> <strong>obsessiva</strong>, estrutura que acreditamos revelar de modo<br />
mais transparente a operação do gozo e sua relação com a <strong>repetição</strong>.<br />
Deste modo, iniciaremos nossa pesquisa partindo de Freud, apontando o processo de<br />
constituição, para o sujeito, da noção de interno – externo. Veremos como, regido pelo<br />
princípio de prazer, o eu-prazer fazendo uso de seu juízo de conde<strong>na</strong>ção vai estabelecer os<br />
limites psíquicos de um mundo interno em contraposição a um mundo externo, onde o<br />
primeiro equivale às representações subjetivas, portanto irreais, e o segundo ao que ficou<br />
fora.<br />
4<br />
- “Idem, Ibidem”, p. 10.<br />
5<br />
- Ribeiro, M. A. C. - A Neurose Obsessiva, Rio de janeiro, Jorge Zahar Editor, 2006, p. 7.<br />
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