repetição e clínica na neurose obsessiva - pgpsa/uerj

tem o falo, ou não se tem:
“... a característica principal dessa ‘organização genital infantil’ é sua diferença da
organização genital final do adulto. Ela consiste no fato de, para ambos os sexos,
entrar em consideração apenas um órgão genital, ou seja, o masculino. O que está
presente, portanto, não é uma primazia dos órgãos genitais, mais uma primazia do
falo”. 25
Afirmando, neste momento de seu percurso, desconhecer as implicações dessa
primazia do falo na menina, Freud se centra apenas no que essa primazia vai afetar o menino.
Sendo assim, no menino teríamos, a princípio, uma crença na universalidade do pênis, isto é,
uma crença em que todas as pessoas e animais teriam um órgão como o seu.
Em suas tentativas de comprovação dessa universalidade do pênis o menino se depara
com ausência dele na menina, o que é emocionalmente perturbador para ele, levando-o, a
principio, a recusar o fato em si. Para tanto, ele insiste na crença de ter visto um pênis na
mulher, o que justifica, em um primeiro momento, afirmando que o pênis ainda seria
pequeno, mas cresceria depois, para, em um segundo momento, chegar à conclusão de que o
pênis havia estado ali, mas, por algum motivo, havia sido retirado. Essa idéia final remete o
menino à questão da castração, e à tentativa de tentar dar conta disso para si mesmo.
Embora a noção de dano narcísico já existisse anteriormente na teoria freudiana,
como, por exemplo, na perda do seio materno, das fezes, e mesmo do corpo materno quando
do nascimento, a idéia de um complexo de castração, diz Freud, só vai ganhar sentido quando
referida à perda do “pênis” no menino: “... o significado do complexo de castração só pode ser
corretamente apreciado se sua origem na fase da primazia fálica for também levada em
consideração”. 26
25 - Freud, S. – A Organização Genital Infantil – Uma Interpolação na Teoria da Sexualidade (1923), ESB das
Obras Completas, vol. XIX, RJ, Ed.Imago, 1976, p. 180.
26 - “Idem, Ibidem”, p. 182.
xxviii