repetição e clínica na neurose obsessiva - pgpsa/uerj
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decorrente de sua inscrição <strong>na</strong> linguagem.<br />
Seguindo Lacan, vamos trabalhar os conceitos de necessidade, demanda e desejo,<br />
tendo como referência sua proposta de divisão do complexo de Édipo em três tempos lógicos:<br />
frustração, privação e castração. Esses três tempos, que vão se inter-relacio<strong>na</strong>r logicamente, se<br />
caracterizam pelo modo como cada um dos lugares dessa ence<strong>na</strong>ção edípica - agente, objeto e<br />
falta -, se alter<strong>na</strong> em relação aos registros do real, simbólico e imaginário.<br />
Indo à frente em nossa pesquisa sobre sujeito e <strong>repetição</strong>, vamos ainda apontar as três<br />
formas de identificação em Freud: a identificação como mecanismo de formação do sintoma<br />
histérico; a identificação que ocorre pela regressão do investimento libidi<strong>na</strong>l, onde o sujeito<br />
ao introjetar um único traço (einziger zug) da pessoa que é objeto da identificação assume<br />
suas características – a parte sendo tomada pelo todo - e a identificação que ocorre pelo desejo<br />
do sujeito de se colocar no lugar do outro.<br />
Na abordagem do tema da identificação em Lacan, vamos destacar o conceito de traço<br />
unário construído a partir do einziger Zug freudiano, descrito no segundo modelo de<br />
identificação. Esse tipo de identificação se apoiaria em um estado regressivo, ou seja, após<br />
desinvestir um objeto amado o eu se identificaria com um único traço (einziger Zug) desse<br />
objeto. Deste modo, o objeto que foi desinvestido passa a ser substituído por esse traço<br />
identificatório.<br />
O conceito de traço unário vai nos permitir inserir a questão da <strong>repetição</strong> <strong>na</strong> teoria<br />
lacania<strong>na</strong>. O traço funcio<strong>na</strong> como suporte da diferença, marca da alteridade do significante,<br />
sendo essa alteridade do traço que vai se fazer presente <strong>na</strong> <strong>repetição</strong>: o ato repetitivo vem<br />
representar o significante recalcado. A <strong>repetição</strong> insiste em fazer surgir um significante<br />
concernente à diferença, ao UM enquanto diferencial.<br />
Em uma segunda parte de nossa pesquisa, nos propomos a apresentar o tema da<br />
<strong>repetição</strong> nos diferentes registros. Assim, desenvolvemos o tema da compulsão à <strong>repetição</strong> e<br />
sua articulação ao conceito freudiano de pulsão de morte. Aqui vamos destacar as<br />
características fundamentais de toda pulsão, ou seja, seu caráter conservador (restitutivo) e<br />
xii