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repetição e clínica na neurose obsessiva - pgpsa/uerj

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este objeto já simbolizado, mas também perfeitamente materializado, que é a<br />

palavra”. 35<br />

O objeto, então, passa a atender a satisfação em dois sentidos: ele satisfaz a<br />

necessidade, como antes, e também simboliza esse dom proveniente da potência mater<strong>na</strong>.<br />

Aqui, o falo ganha o estatuto de representante desse Dom. O falo, enquanto Dom, signo do<br />

amor, vai surgir num mais além da relação objetal, como aquilo que o sujeito recebe do<br />

Outro, algo que transcende ao objeto em si.<br />

Ao ser inserido no registro da linguagem o sujeito tem, assim, suas necessidades<br />

transformadas em demanda, que, enquanto demandas, não funcio<strong>na</strong>m mais em uma relação<br />

direta com um modelo de satisfação que atendia ao princípio da auto-conservação. Assim, a<br />

demanda ganha uma lógica própria, determi<strong>na</strong>da pela presença de uma alteridade - o Outro,<br />

cuja primeira representação para o sujeito está <strong>na</strong> figura da mãe. Essa operação, que tem como<br />

resto a perda, para o sujeito, desse registro da necessidade, vai constituir, para Lacan, o<br />

recalque originário (Urverdrangung), e, aquilo que da necessidade não pode ser articulado<br />

pela demanda, vai retor<strong>na</strong>r no sujeito pela ordem do desejo.<br />

O desejo vai ter como característica a errância, no que ele se distingue da necessidade,<br />

que requer uma relação direta com o objeto de satisfação. Já a demanda vai se referir a algo<br />

distinto das satisfações que busca, sendo demanda de uma presença ou ausência. Nesse<br />

sentido, o que a criança vai demandar à mãe, não é exatamente a satisfação de suas<br />

necessidades, mesmo porque isso foi perdido, mas sim uma prova de amor. Toda demanda,<br />

diz Lacan, é uma demanda de amor. O desejo vem justamente preencher esse vazio que há<br />

entre a necessidade e o que disso a demanda pode atender.<br />

Sendo assim, essa falta, que é inerente ao sujeito, é uma falta estrutural, ou seja, é<br />

condição de sua constituição enquanto sujeito dividido. Ao perceber que à mãe algo falta, isto<br />

é, que ela é privada do falo simbólico, o bebê tentar ocupar, em substituição, o lugar desse<br />

objeto que falta a mãe, se identificando com o falo.<br />

35 - “Idem”, - O seminário – livro 4: A Relação de Objeto, p. 178.<br />

xxxiv

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