Sistema multicanal para aquisiç˜ao de dados em um ... - CBPFIndex
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1.4 Detecção <strong>de</strong> Raios Cósmicos<br />
Basicamente, po<strong>de</strong>-se dividir as técnicas experimentais <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção dos raios cósmicos<br />
<strong>em</strong> duas categorias genéricas: a <strong>de</strong>tecção direta e a indireta. Ambas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m principal-<br />
mente da energia observada, a qual está intimamente ligada ao fluxo dos raios cósmicos,<br />
como foi visto na seção 1.2.<br />
A observação direta dos raios cósmicos po<strong>de</strong> ser feita por balões nas camadas mais<br />
altas da atmosfera, satélites ou estações espaciais. Para este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção são utilizadas<br />
técnicas s<strong>em</strong>elhantes às <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> Altas Energias, com instr<strong>um</strong>entos como calorímetros,<br />
placas <strong>de</strong> <strong>em</strong>ulsão e <strong>de</strong>tetores <strong>de</strong> transição <strong>de</strong> radiação. Assim, consegue-se medir o fluxo<br />
e a composição química da partícula primária.<br />
Com o fluxo expressivamente diminuído <strong>para</strong> energias acima <strong>de</strong> 10 14 eV , a <strong>de</strong>tecção<br />
direta torna-se inviável. Para que <strong>um</strong> experimento consiga <strong>de</strong>tectar <strong>um</strong> número signi-<br />
ficativo <strong>de</strong>sses raios cósmicos <strong>em</strong> <strong>um</strong>a escala <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> alguns anos, ele <strong>de</strong>ve cobrir<br />
<strong>um</strong>a área gran<strong>de</strong>. Desta forma, as técnicas utilizadas nesses casos consist<strong>em</strong> <strong>em</strong> estudar a<br />
partícula primária indiretamente através <strong>de</strong> sua interação com a atmosfera, formando os<br />
Chuveiros Atmosféricos Extensos, já <strong>de</strong>scritos na seção 1.3. Duas <strong>de</strong>ssas técnicas indiretas<br />
são as mais utilizadas: arranjos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tetores <strong>de</strong> superfície e telescópios <strong>de</strong> fluorescência<br />
atmosférica.<br />
1.4.1 Detectores <strong>de</strong> superfície<br />
O estudo <strong>de</strong> chuveiros atmosféricos utilizando <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> superfície é a técnica<br />
experimental mais antiga na área e envolve a <strong>de</strong>tecção das partículas quando elas ating<strong>em</strong><br />
a superfície terrestre. A i<strong>de</strong>ia é <strong>de</strong>terminar a função <strong>de</strong> distribuição lateral do chuveiro,<br />
ou seja, o perfil das partículas <strong>em</strong> função da distância <strong>de</strong> seu eixo. Esse tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção é<br />
tradicionalmente realizado usando cintiladores (sais inorgânicos ou plásticos orgânicos) ou<br />
tanques <strong>de</strong> água (<strong>de</strong>tecção por efeito Čerenkov‡ ) como meio <strong>de</strong> interação das partículas<br />
do CAE.<br />
A luz gerada quando a partícula carregada do chuveiro interage com o meio é <strong>de</strong>tectada<br />
e convertida <strong>em</strong> sinais elétricos por tubos fotomultiplicadores (PMT – Photomultiplier<br />
Tube ). Esses <strong>de</strong>tectores são espalhados por <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> área e, quando os chuveiros<br />
são vistos por mais <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>tector, obtém-se a distribuição lateral dos elétrons e múons.<br />
‡ Radiação Čerenkov é a radiação eletromagnética no espectro ultravioleta provocada por <strong>um</strong>a onda<br />
<strong>de</strong> choque quando a partícula <strong>de</strong> <strong>de</strong>sloca com velocida<strong>de</strong> maior que a velocida<strong>de</strong> da luz naquele meio.<br />
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