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Indicação - Sintonia Saint Germain

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O vício e a busca da plenitude<br />

Por que nos viciaríamos na outra pessoa?<br />

O desejo de ter um relacionamento amoroso é universal porque as pessoas acreditam que a paixão, o<br />

“amor”, pode libertá-las do medo, da necessidade e do vazio que fazem parte da condição humana em seu<br />

estado de pecado e não iluminação. Existe uma dimensão física e outra psicológica para esse estado.<br />

No nível físico, é obvio que não somos um todo, nem jamais seremos. Cada um de nós é homem ou<br />

mulher, o que vale dizer, uma metade de um todo. Nesse nível, o desejo de ser completo, de retornar à unidade,<br />

se manifesta através da atração entre homem e mulher. É um impulso quase irresistível de união com a<br />

polaridade oposta de energia. A raiz desse impulso físico é espiritual, porque nele está o desejo ardente do fim<br />

de uma dualidade, de um retorno ao estado de completude. A união sexual é o mais perto que podemos chegar<br />

desse estado no nível físico. Essa é a razão pela qual ela é a experiência mais satisfatória que o reino físico pode<br />

nos oferecer. Mas a união sexual não passa de um lampejo breve de plenitude, um instante abençoado. Enquanto<br />

ela for inconscientemente vista como um meio de salvação, você a verá como o fim da dualidade no nível da<br />

forma, um lugar onde ela não pode ser encontrada. Você teve um lampejo do paraíso, mas não pode ficar ali e se<br />

percebe, de novo, em um corpo separado.<br />

No nível psicológico, a sensação de falta, de não estar completo, é até maior do que no nível físico.<br />

Enquanto houver uma identificação com a mente, o sentido do eu interior é dado pelas coisas externas. Isso<br />

significa que você extrai o sentido de quem você é de coisas que não têm nada a ver com quem você realmente<br />

é, como o seu papel na sociedade, suas propriedades, sua aparência externa, seus sucessos e fracassos, seus<br />

sistemas de crenças, etc. Esse eu interior falso, o ego construído pela mente, sente-se vulnerável, inseguro e está<br />

sempre em busca de coisas novas com as quais se identificar, para obter a sensação de que ele existe. Mas nada<br />

é suficiente para lhe dar uma satisfação duradoura. O medo permanece. A sensação de falta e de necessidade<br />

permanecem.<br />

Então acontece aquele relacionamento especial. Parece ser a resposta para todos os problemas do ego,<br />

parece preencher todas as nossas necessidades. Todas aquelas outras coisas das quais você tinha extraído o<br />

sentido do eu interior se tornam relativamente insignificantes. Você agora tem um ponto focal que substitui<br />

todos os outros, que dá sentido à sua vida e até define a sua identidade: a pessoa por quem você se “apaixonou”.<br />

Você não é mais um fragmento isolado em um mundo insensível. Seu mundo agora tem um centro, a pessoa<br />

amada. O fato de que o centro está fora de você – e, portanto, você ainda tem um sentido de eu interior derivado<br />

das coisas externas – parece não importar muito num primeiro momento. O que importa é que aquelas sensações<br />

de medo, falta, vazio e insatisfação não estão mais presentes. Ou será que estão? Será que elas desapareceram<br />

ou continuam a existir por baixo da aparente felicidade?<br />

Se em seus relacionamentos você vivenciou tanto o “amor” quanto o seu oposto, então é provável que<br />

você esteja confundindo o apego do ego e a dependência com amor. Não se pode amar alguém em um momento<br />

e atacar essa pessoa no momento seguinte. O verdadeiro amor não tem oposto. Se o seu “amor” tem oposto,<br />

então não é amor, mas uma grande necessidade do ego de obter um sentido mais profundo e mais completo do<br />

eu interior, uma necessidade que a outra pessoa preenche temporariamente. É uma forma de substituição que o<br />

ego encontrou e, por um curto período, ela parece ser mesmo a salvação.<br />

Chega então um momento em que o outro passa a se comportar de um modo que deixa de preencher as<br />

nossas necessidades, ou melhor, as necessidades do nosso ego. As sensações de medo, sofrimento e falta, que<br />

estavam encobertas pelo “relacionamento amoroso”, voltam a aparecer. Como acontece com qualquer vício,<br />

ficamos muito bem enquanto a droga está disponível, mas chega um momento em que a droga não funciona<br />

mais. Quando essas dolorosas sensações de medo reaparecem, nós as sentimos mais fortes do que antes e<br />

passamos a ver o outro como a causa de todos essas sensações. Isso significa que estamos projetando no outro<br />

essas sensações, por isso nós o agredimos com toda a violência que é parte do nosso sofrimento. Essa agressão<br />

pode despertar o sofrimento do outro, que é induzido a contra-atacar. Nesse ponto, o ego ainda está,<br />

inconscientemente, esperando que a agressão ou a tentativa de manipulação seja suficiente para levar o outro a<br />

mudar o comportamento, de forma que possa usá-lo, de novo, para encobrir seu sofrimento.<br />

Todo vício surge de uma recusa inconsciente de encararmos nossos próprios sofrimentos. Todo vício<br />

começa no sofrimento e termina nele. Qualquer que seja o vício – álcool, comida, drogas legais ou ilegais, ou<br />

mesmo uma pessoa – ele é um meio que usamos para encobrir o sofrimento. Essa é a razão por que, passada a<br />

euforia inicial, existe tanta infelicidade, tanto sofrimento nos relacionamentos íntimos. Eles não causam o<br />

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