Indicação - Sintonia Saint Germain
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O amor não é seletivo, assim como a luz do sol não é seletiva. Não torna ninguém especial. Não é<br />
exclusivo. A exclusividade não tem a ver com o amor de Deus, mas com o “amor” do ego. Entretanto, a<br />
intensidade do amor pode variar. Pode haver uma pessoa que atue como um espelho do amor que você dirige a<br />
ela e que o devolva de modo mais claro e mais intenso do que outras e, se essa pessoa sente o mesmo em<br />
relação a você, pode-se dizer que as duas têm um relacionamento amoroso. O vínculo que liga as duas pessoas é<br />
o mesmo vínculo que nos liga à pessoa sentada ao nosso lado no ônibus, ou a um pássaro, a uma árvore, a uma<br />
flor. Só o que diferencia é o grau de intensidade com que o sentimos.<br />
Mesmo em um relacionamento tido como viciado, podem existir momentos em que alguma coisa mais<br />
real se destaca, algo além das necessidades doentias do casal. São momentos em que a sua mente e a do outro<br />
cedem por um curto período e o sofrimento do corpo fica, temporariamente, adormecido. Isso pode acontecer<br />
durante uma relação física mais intensa, ou quando o casal está presenciando o milagre do nascimento de uma<br />
criança, ou na presença da morte, ou quando um dos dois está seriamente doente, ou qualquer coisa que faça a<br />
mente perder a força. Nessas ocasiões, o Ser, normalmente escondido debaixo da mente, se revela e torna<br />
possível o verdadeiro entendimento.<br />
O verdadeiro entendimento é uma comunhão, a realização da unidade, que é o amor. Normalmente, esse<br />
entendimento desaparece rapidamente. Tão logo a mente e a identificação da mente reaparecem, deixamos de<br />
ser quem somos e voltamos a brincar e a representar para satisfazer as necessidades do ego. Voltamos, de novo,<br />
a ser uma mente humana, fingindo ser um ser humano, interagindo com outra mente, representando um drama<br />
chamado “amor”.<br />
Embora possa haver curtos lampejos, o amor não consegue florescer, a menos que estejamos<br />
permanentemente livres da identificação com a mente e que a presença seja bastante intensa para dissolver o<br />
sofrimento do corpo. Assim, o sofrimento não consegue nos dominar e destruir o amor.<br />
Relacionamentos como prática espiritual<br />
Quando a mente e todas as estruturas sociais, políticas e econômicas que ela criou entram no estágio final<br />
de colapso, os relacionamentos entre homens e mulheres refletem o profundo estado de crise no qual a<br />
humanidade se encontra atualmente. Como os seres humanos têm se identificado cada vez mais com a mente, a<br />
maioria dos relacionamentos não tem as raízes fincadas no Ser. Por isso, se transformam em fonte de sofrimento<br />
e passam a ser dominados por problemas e conflitos.<br />
Nos dias de hoje, milhões de pessoas vivem sós ou criam os filhos sozinhas, por se sentirem incapazes de<br />
estabelecer um relacionamento íntimo ou por não desejarem repetir os dramas doentios de relações anteriores.<br />
Outras passam de um relacionamento para outro, de um ciclo de prazer-e-dor para outro, em busca de uma<br />
satisfação ilusória, através da união com a polaridade de energia oposta. Outras continuam a viver juntas em um<br />
relacionamento em que prevalece a negatividade, em nome dos filhos ou da segurança, pela força do hábito, por<br />
medo de ficarem sós, por algum outro acordo “vantajoso” para o casal, ou até mesmo pelo vício inconsciente da<br />
excitação provocada pelo sofrimento ou drama emocional.<br />
Porém, toda crise representa não só perigo, mas também oportunidade. Se os relacionamentos energizam<br />
e elevam os padrões da mente egóica e ativam o sofrimento do corpo, como está acontecendo agora, por que não<br />
aceitar esse fato em vez de tentar escapar dele? Por que não cooperar com ele em vez de evitar relacionamentos<br />
ou continuar a perseguir a ilusão de uma companhia ideal, como uma resposta para os problemas ou um meio de<br />
encontrar satisfação? A oportunidade escondida dentro de cada crise não se manifesta, até que sejam conhecidos<br />
e aceitos todos os fatos, de qualquer tipo, relacionados a uma situação. Enquanto você negá-los, tentar fugir<br />
deles ou desejar que as coisas sejam diferentes, a janela da oportunidade não se abre, e você permanece preso<br />
àquela situação, que vai continuar a mesma ou vai se deteriorar mais adiante.<br />
O conhecimento e a aceitação dos fatos trazem também um certo grau de distanciamento deles. Por<br />
exemplo, quando você sabe que existe desarmonia e retém esse “saber”, significa que surgiu um novo fator<br />
através do seu saber e que a desarmonia não poderá se manter inalterada. Quando você sabe que não está em<br />
paz, o seu saber cria um espaço de serenidade que envolve a falta de paz em um abraço terno e amoroso, e então<br />
transforma a falta de paz em paz. No que se refere à transformação interior, não há nada que você possa fazer a<br />
respeito. Você não pode transformar a si mesmo, e é claro que não pode transformar seu companheiro ou<br />
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