Indicação - Sintonia Saint Germain
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A impermanência e os ciclos da vida<br />
Enquanto permanecermos na dimensão física e em conexão com a psique humana coletiva, o sofrimento,<br />
embora raro, ainda pode acontecer. Não devemos confundi-lo com o sofrimento emocional. Todo sofrimento é<br />
criado pelo ego e fruto de uma resistência. Além disso, nessa dimensão, ainda nos sujeitamos à natureza cíclica<br />
e à lei da impermanência de todas as coisas, mas já não vemos mais o sofrimento como uma coisa “má”. Ele<br />
simplesmente é.<br />
Ao permitir o “existir” de todas as coisas, uma dimensão mais profunda, por baixo do jogo dos opostos,<br />
se revela para nós como uma presença permanente, uma serenidade profunda e estável, uma alegria sem<br />
motivos que se situa além do bem e do mal. Essa é a alegria do Ser, a paz de Deus.<br />
No nível da forma existe nascimento e morte, criação e destruição, crescimento e dissolução de espécies<br />
aparentemente independentes. Podemos ver isso em tudo: no ciclo da vida de uma estrela ou de um planeta, em<br />
um corpo físico, em uma árvore, em uma flor; na ascensão e queda de nações, de sistemas políticos e de<br />
civilizações, e também nos inevitáveis ciclos de lucros e perdas que temos na vida.<br />
Existem ciclos de sucesso, como quando as coisas acontecem e dão certo, e ciclos de fracasso, quando<br />
elas não vão bem e se desintegram. Você tem de permitir que elas terminem, dando espaço para que coisas<br />
novas aconteçam ou se transformem. Se nos apegamos às situações e oferecemos uma resistência nesse estágio,<br />
significa que estamos nos recusando a acompanhar o fluxo da vida e que vamos sofrer.<br />
Não é verdade que o ciclo ascendente seja bom e o ciclo descendente seja ruim, a não ser no julgamento<br />
da mente. O crescimento é, em geral, considerado positivo, mas nada pode crescer para sempre. Se o<br />
crescimento nunca tivesse fim, poderia acabar em algo monstruoso e destrutivo. É necessário que as coisas<br />
acabem, para que coisas novas aconteçam.<br />
O ciclo descendente é absolutamente essencial para uma realização espiritual. Você tem de ter falhado<br />
gravemente de algum modo, ou passado por alguma perda profunda, ou algum sofrimento, para ser conduzido à<br />
dimensão espiritual. Ou talvez o seu sucesso tenha se tornado vazio e sem sentido e se transformado em<br />
fracasso. O fracasso está sempre embutido no sucesso, assim como o sucesso está sempre encoberto pelo<br />
fracasso. No mundo da forma, todas as pessoas “fracassam” mais cedo ou mais tarde, e toda conquista acaba em<br />
derrota. Todas as formas são impermanentes.<br />
Você pode ser ativo e apreciar a criação de novas formas e circunstâncias, mas não se sentirá identificado<br />
com elas. Você não precisa delas para obter um sentido de eu interior. Elas não são a sua vida, pertencem à sua<br />
situação de vida.<br />
Nossa energia física também está sujeita a ciclos. Não consegue estar sempre no máximo. Teremos<br />
momentos de baixa e de alta energia. Em alguns períodos, estaremos altamente ativos e criativos, mas em outros<br />
tudo vai parecer estagnado, teremos a impressão de não estarmos indo a lugar nenhum, nem conseguindo nada.<br />
Um ciclo pode durar de algumas horas a alguns anos e dentro dele pode haver ciclos longos ou curtos. Muitas<br />
doenças são provocadas pela luta contra os ciclos de baixa energia, que são fundamentais para uma renovação.<br />
Enquanto estivermos identificados com a mente, não poderemos evitar a compulsão de fazer coisas e a<br />
tendência para extrair o nosso valor de fatores externos, tais como as conquistas que alcançamos. Isso torna<br />
difícil ou impossível para nós aceitarmos os ciclos de baixa e permitirmos que eles aconteçam. Assim, a<br />
inteligência do organismo pode assumir o controle, como uma medida autoprotetora, e criar uma doença com o<br />
objetivo de nos forçar a parar, de modo a permitir que uma necessária renovação possa acontecer.<br />
A natureza cíclica do universo está intimamente ligada à impermanência de todas as coisas e situações.<br />
Buda fez disso uma parte central de seu ensinamento. Todas as circunstâncias são altamente instáveis e estão em<br />
um fluxo constante, ou, como ele colocou, a impermanência é uma característica de cada circunstância, de cada<br />
situação com que vamos nos deparar na vida. Elas vão se modificar, desaparecer, ou deixar de proporcionar<br />
prazer. A impermanência também é um ponto central dos ensinamentos de Jesus: “Não acumule tesouros na<br />
terra, onde as traças e a ferrugem arruínam tudo, onde os ladrões arrombam as paredes para roubar...”<br />
Enquanto a mente julgar uma circunstância “boa”, seja um relacionamento, uma propriedade, um papel<br />
social, um lugar, ou o nosso corpo físico, ela se apega e se identifica com ela. Isso faz você se sentir bem em<br />
relação a si mesmo e pode se tornar parte de quem você é ou pensa que é. Mas nada dura muito nessa dimensão,<br />
onde as traças e a ferrugem devoram tudo. Tudo acaba ou se transforma: a mesma condição que era boa no<br />
passado, de repente, se torna ruim. A prosperidade de hoje se torna o consumismo vazio de amanhã. O<br />
casamento feliz e a lua-de-mel se transformam no divórcio infeliz ou em uma convivência infeliz. A mente não<br />
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