12.05.2013 Views

Edição 34 - Memorial da América Latina

Edição 34 - Memorial da América Latina

Edição 34 - Memorial da América Latina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

cano José Juan Tabla<strong>da</strong> (1871-1945), foi<br />

organizado, apresentado e traduzido pelo<br />

poeta Ronald Polito. Trata-se de leitura<br />

essencial para o conhecimento <strong>da</strong> melhor<br />

literatura de língua espanhola, além<br />

de proporcionar um contato amplo e em<br />

profundi<strong>da</strong>de com as origens e os desdobramentos<br />

<strong>da</strong> poesia moderna latinoamericana,<br />

especialmente aquela de teor<br />

mais experimental.<br />

Tabla<strong>da</strong> foi historiador, cronista,<br />

tradutor, crítico de arte e literatura, teatrólogo,<br />

comerciante de vinhos, gourmet<br />

e polemista político – tendo se destacado<br />

como grande poeta. Foi o principal<br />

responsável pela introdução do haicai<br />

e dos poemas ideográficos na literatura<br />

feita na <strong>América</strong> <strong>Latina</strong> no início do<br />

século XX. Seus poemas misturam elementos<br />

<strong>da</strong> tradição milenar do Oriente<br />

com vigor inventivo dos movimentos<br />

de vanguar<strong>da</strong> que configuraram o ambiente<br />

<strong>da</strong> cultura e <strong>da</strong> política, tanto no<br />

continente como na Europa.<br />

O jogo intenso entre a brevi<strong>da</strong>de<br />

de imagens e a exploração conceitual<br />

se desdobra numa surpreendente figuração<br />

tipográfica, gerando poemas visuais<br />

inovadores, que subvertiam a tradição<br />

lírico-discursiva consoli<strong>da</strong><strong>da</strong> no<br />

final do século XIX. Como poeta que<br />

participou ativamente dos movimentos<br />

literários de seu tempo, Tablado transita<br />

do simbolismo à vanguar<strong>da</strong>, como explica<br />

Ronald Polito na apresentação do<br />

livro, aproximando-se em larga medi<strong>da</strong><br />

de nossos modernistas e antecipando<br />

procedimentos que seriam reformulados<br />

por movimentos vanguardistas posteriores,<br />

como a poesia concreta.<br />

Um livro extraordinário como<br />

“Li-Po”, publicado em 1920, provocou<br />

grande polêmica nos meios intelectuais<br />

<strong>da</strong> época por seu radicalismo, por tra-<br />

zer elementos de construção imagética<br />

e exploração dos espaços <strong>da</strong> página, do<br />

arranjo <strong>da</strong>s palavras, com movimentos<br />

e representação de objetos por meio <strong>da</strong><br />

disposição dos versos. A ousadia de Tabla<strong>da</strong><br />

o projetou no cenário demolidor<br />

dos movimentos literários que sacudiram<br />

a tradição no início do século XX,<br />

como futurismo, ultraísmo, <strong>da</strong><strong>da</strong>ísmo,<br />

criacionismo e cubismo.<br />

PriMeira NarratiVa<br />

de beNedetti<br />

Publica<strong>da</strong> originalmente em<br />

1953, Quem de nós – edita<strong>da</strong> no Brasil pela<br />

Record, em 2007 – é a primeira novela<br />

escrita pelo escritor uruguaio Mario Benedetti<br />

(1920-2009). A narrativa abor<strong>da</strong><br />

o tema clássico do triângulo amoroso. O<br />

casal Miguel e Alicia vive um momento<br />

de desgaste na relação e acaba se separando.<br />

Alicia, por sua vez, encontra no<br />

escritor Lucas o estopim para sair do casamento<br />

e repensar a própria existência e<br />

seus sentimentos.<br />

O modo como Benedetti articula<br />

essa drama corriqueiro é muito delicado,<br />

poético, seguindo uma estrutura epistolar,<br />

que torna o leitor um participante<br />

quase íntimo <strong>da</strong>s reflexões e dos questionamentos<br />

<strong>da</strong>s personagens. Os capítulos<br />

em forma de cartas permitem que a<br />

história seja apresenta<strong>da</strong> sob várias perspectivas,<br />

como na vi<strong>da</strong> real, onde não há<br />

uma versão apenas para os fatos.<br />

A certa altura, o narrador afirma<br />

que os três estavam “organizados<br />

em uma espécie de burla recíproca, ca<strong>da</strong><br />

um pensando que os outros dois não<br />

se correspondiam e ele era a única peça<br />

adequa<strong>da</strong>”.<br />

Reynaldo Damazio é jornalista e escritor.<br />

65

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!