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Influência da microflora das uvas na qualidade dos vinhos: uma ...

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<strong>Influência</strong> <strong>da</strong> <strong>microflora</strong> <strong>da</strong>s<br />

<strong>uvas</strong> <strong>na</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> <strong>vinhos</strong>:<br />

<strong>uma</strong> abor<strong>da</strong>gem fitopatológica<br />

fitopatol gica<br />

M. Cecília Cec lia S. R. Gomes<br />

EVB/DRABL<br />

100º 100 Curso Intensivo de Vinificação<br />

Vinifica ão<br />

4.Set.2006 - A<strong>na</strong>dia


Microflora <strong>da</strong> película pel cula <strong>da</strong>s <strong>uvas</strong>:<br />

Microrganismos detentores de enzimas<br />

de hidrólise <strong>da</strong>s paredes celulares e,<br />

portanto, capazes de penetrar no tecido<br />

vegetal:<br />

Bolores (fungos filamentosos)<br />

(podem produzir metabolitos que perturbam a<br />

ecologia e o crescimento <strong>da</strong>s leveduras durante a<br />

fermentação alcoólica):<br />

–Botrytis cinerea


Microflora <strong>da</strong> película pel cula <strong>da</strong>s <strong>uvas</strong>:<br />

Botrytis cinerea<br />

B. transposa<br />

B. vac<strong>uma</strong>


Microflora <strong>da</strong> película pel cula <strong>da</strong>s <strong>uvas</strong>:<br />

Botrytis cinerea


Microflora <strong>da</strong> película pel cula <strong>da</strong>s <strong>uvas</strong>:<br />

Botrytis cinerea


Microflora <strong>da</strong> película pel cula <strong>da</strong>s <strong>uvas</strong>:


Microflora <strong>da</strong> película pel cula <strong>da</strong>s <strong>uvas</strong>:<br />

Bolores (cont.)<br />

– Penicillium spp.:<br />

P. aurantiogriseum<br />

P. brevicompactum<br />

P. chrysogenum<br />

P. citrinum<br />

P. crustosum<br />

P. expansum<br />

P. glabrum syn. P. frequentans<br />

P. minioluteum<br />

P. simplicissimum<br />

P. spinulosum<br />

P. thomii<br />

P. corylophilum<br />

P. echinulatum<br />

P. fellutanum<br />

P. funiculosum<br />

P. implicatum<br />

P. janczewskii<br />

P. miczynskii<br />

P. pinophilum<br />

P. purpurogenum<br />

P. raistrickii<br />

P. restrictum<br />

P. roquefortii<br />

P. sclerotiorum<br />

P. variabile<br />

P. verruculosum


Microflora <strong>da</strong> película pel cula <strong>da</strong>s <strong>uvas</strong>:<br />

Bolores (cont.)<br />

– Aspergillus sp.:<br />

A. alliaceus<br />

A. carbo<strong>na</strong>rius *<br />

A. clavatus<br />

A. flavus *<br />

A. fumigatus<br />

A. japonicus<br />

A. niger *<br />

A. ochraceus<br />

A. terreus<br />

A. ustus<br />

A. versicolor<br />

A. wentii


Microflora <strong>da</strong> película pel cula <strong>da</strong>s <strong>uvas</strong>:<br />

Bolores (cont.)<br />

– Rhizopus sp.<br />

– Mucor sp.<br />

– Alter<strong>na</strong>ria sp.<br />

– Aureobasidium pullulans<br />

– Cla<strong>dos</strong>porium sp.<br />

– Fusarium sp.<br />

– Tricothecium roseum<br />

– Colletotrichum gloeosporioides<br />

–Etc.


Microflora <strong>da</strong> película pel cula <strong>da</strong>s <strong>uvas</strong>:<br />

Microrganismos incapazes de penetrar<br />

no tecido vegetal:<br />

Leveduras<br />

Bactérias lácticas<br />

Bactérias acéticas<br />

Podridão áci<strong>da</strong>:


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Per<strong>da</strong> de peso <strong>dos</strong> bagos, i.e., redução<br />

quantitativa <strong>da</strong> colheita: parece existir <strong>uma</strong><br />

correlação linear entre a percentagem de<br />

ataque de B. cinerea e a diminuição do peso<br />

<strong>dos</strong> bagos.<br />

Produção de fitoalexi<strong>na</strong>s: a película do<br />

bago reage aos ataques <strong>dos</strong> microrganismos<br />

parasitas produzindo compostos anti-fúngicos,<br />

que limitam o seu desenvolvimento.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Produção de fitoalexi<strong>na</strong>s (cont.): as<br />

fitoalexi<strong>na</strong>s compreendem numerosas<br />

substâncias, normalmente específicas <strong>da</strong><br />

planta hospedeira. É caso do transresveratrol,<br />

do dímero viniferi<strong>na</strong> ε, do<br />

trímero viniferi<strong>na</strong> α, do tetrâmero viniferi<strong>na</strong><br />

β, e ain<strong>da</strong> do pterostilbeno que são<br />

fitoalexi<strong>na</strong>s estilbénicas, detecta<strong>dos</strong> em<br />

Vitis vinifera infecta<strong>da</strong> por B. cinerea).


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Produção de fitoalexi<strong>na</strong>s (cont.): a<br />

intensi<strong>da</strong>de de produção de deriva<strong>dos</strong><br />

estilbénicos depende <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de do tecido<br />

vegetal: no bago, a produção máxima ocorre<br />

quando o teor em açúcar é de 100-150 g/l,<br />

diminuindo depois muito rapi<strong>da</strong>mente, durante o<br />

seu desenvolvimento e a acumulação de<br />

açúcar. Deste modo, as <strong>uvas</strong> maduras (ou após<br />

o pintor) são mais sensíveis aos ataques de<br />

B. cinerea, <strong>uma</strong> vez que nelas a concentração<br />

de fitoalexi<strong>na</strong>s é menor.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Acumulação de enzimas exocelulares<br />

fitotóxicas: produzi<strong>da</strong>s por fungos como<br />

B. cinerea, estas enzimas estão envolvi<strong>da</strong>s <strong>na</strong><br />

degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> parede <strong>da</strong>s células <strong>da</strong> planta<br />

(nomea<strong>da</strong>mente <strong>da</strong>s suas pecti<strong>na</strong>s) e,<br />

consequentemente, <strong>na</strong> morte <strong>da</strong>s células, em<br />

particular <strong>da</strong>s <strong>da</strong> película do bago que, assim,<br />

perde a sua estanqueci<strong>da</strong>de. Como exemplos<br />

de enzimas, podem referir-se a endo- e <strong>da</strong> exopoligalacturo<strong>na</strong>se,<br />

a pecti<strong>na</strong> metilesterase e a<br />

transelimi<strong>na</strong>se, entre outras.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Síntese de <strong>uma</strong> enzima polifenoloxidásica -<br />

- a lacase - cujo objectivo parece ser a destruição de<br />

constituintes polifenólicos fungitóxicos (as fitoalexi<strong>na</strong>s),<br />

mas que também actua sobre os compostos<br />

polifenólicos <strong>da</strong>s películas, causando a sua oxi<strong>da</strong>ção.<br />

A quanti<strong>da</strong>de e a estrutura molecular <strong>da</strong> lacase<br />

produzi<strong>da</strong> pelos fungos são a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s ao pH <strong>dos</strong><br />

teci<strong>dos</strong> do hospedeiro e à <strong>na</strong>tureza <strong>dos</strong> compostos<br />

fenólicos presentes. A sua síntese é induzi<strong>da</strong> por<br />

compostos fenólicos fungitóxicos, como os áci<strong>dos</strong> gálico<br />

e hidroxicinâmico, e por produtos de degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s<br />

substâncias pécticas <strong>da</strong>s paredes celulares.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Síntese de lacase (cont.): a enzima é responsável<br />

por alguns fenómenos de oxi<strong>da</strong>ção que ocorrem nos mostos<br />

e de que resulta um acastanhamento, o qual pode ser<br />

observado já <strong>na</strong>s <strong>uvas</strong>, em especial <strong>na</strong>s brancas: nestas, os<br />

principais compostos fenólicos (áci<strong>dos</strong> cafeico e p-cumárico)<br />

são transforma<strong>dos</strong> em quino<strong>na</strong>s, que tendem a polimerizar-<br />

-se, formando compostos castanhos que causam a mu<strong>da</strong>nça<br />

de cor <strong>da</strong>s <strong>uvas</strong> para tons de chocolate (<strong>na</strong>s <strong>uvas</strong> tintas é<br />

mais difícil de detectar este desenvolvimento precoce de B.<br />

cinerea).<br />

Como consequência, verifica-se um aumento <strong>da</strong><br />

sensibili<strong>da</strong>de do mosto à oxi<strong>da</strong>ção (em especial<br />

nos mostos brancos, cujos compostos fenólicos são mais<br />

sensíveis à oxi<strong>da</strong>ção, devido à riqueza em catequi<strong>na</strong>s, ao<br />

contrário <strong>dos</strong> mostos tintos que são ricos em antociani<strong>na</strong>s).


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Síntese de lacase (cont.): a produção<br />

de lacase vai diminuindo à medi<strong>da</strong> que os<br />

fungos (em especial B. cinerea) se vão<br />

desenvolvendo e os mostos provenientes de<br />

<strong>uvas</strong> ataca<strong>da</strong>s parecem ser menos sensíveis à<br />

oxi<strong>da</strong>ção do que seria de esperar.<br />

To<strong>da</strong>via, existe o risco de casse oxidásica<br />

(polimerização e precipitação de compostos<br />

fenólicos) no caso de mostos provenientes de<br />

<strong>uvas</strong> tintas, cuja película é rica em substrato<br />

fenólico. Isto ocorre quando os mostos entram<br />

em contacto com o ar.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Degra<strong>da</strong>ção <strong>dos</strong> açúcares <strong>da</strong> uva (glucose e<br />

frutose): os teores podem ser reduzi<strong>dos</strong> a metade<br />

devido ao desenvolvimento de B. cinerea, embora a<br />

assimilação destes compostos esteja dependente <strong>da</strong>s<br />

condições ambientais e do estado de maturação <strong>da</strong> uva.<br />

Degra<strong>da</strong>ção <strong>dos</strong> áci<strong>dos</strong> orgânicos <strong>da</strong> uva,<br />

sobretudo ácido tartárico (70-90% é degra<strong>da</strong>do<br />

de forma progressiva, no decurso do processo de<br />

infecção) e ácido málico (50-70%, ou mais, no caso<br />

<strong>da</strong> podridão cinzenta, é degra<strong>da</strong>do).<br />

A degra<strong>da</strong>ção do ácido tartárico, em particular, dá <strong>uma</strong><br />

menor estabili<strong>da</strong>de ao vinho e causa um desequilíbrio<br />

ácido-álcool.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Mas o que se verifica, normalmente, é um efeito<br />

de concentração destas substâncias,<br />

resultante <strong>da</strong> per<strong>da</strong> de água, por evaporação,<br />

que acontece nos bagos ataca<strong>dos</strong> por B.<br />

cinerea. Esta ocorre <strong>na</strong> sequência <strong>da</strong> destruição<br />

<strong>da</strong>s paredes celulares <strong>da</strong>s células <strong>da</strong> película,<br />

devido à acção <strong>da</strong>s enzimas pectolíticas do<br />

fungo (e leva à diminuição do seu peso, com a<br />

consequente concentração <strong>dos</strong> sucos<br />

celulares).


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Aparecimento de heteropolissacarídeos, que<br />

interferem <strong>na</strong> fermentação <strong>dos</strong> mostos, alguns <strong>dos</strong> quais<br />

têm activi<strong>da</strong>de fitotóxica (em particular, a Botrytici<strong>na</strong><br />

(heteropolissacarídeo rico em ramnose e manose) é um<br />

inibidor <strong>da</strong> fermentação, pois possui proprie<strong>da</strong>des anti-<br />

-fúngicas). Além disso, os heteropolissacarídeos<br />

liberta<strong>dos</strong> pelo fungo origi<strong>na</strong>m a produção simultânea de<br />

ácido acético e glicerol, estimulando a fermentação<br />

glicero-pirúvica por parte <strong>da</strong>s leveduras, com o<br />

consequente aumento <strong>da</strong> acidez volátil.<br />

Produção de substâncias antibióticas:<br />

B. cinerea produz antibióticos como botrytidial, acetato<br />

de norbotryal e botrylacto<strong>na</strong>, que podem causar<br />

dificul<strong>da</strong>des de fermentação <strong>dos</strong> mostos.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Aumento <strong>dos</strong> teores de glicerol: em<br />

a<strong>na</strong>erobiose, B. cinerea tem dificul<strong>da</strong>de em<br />

assimilar a glucose, sendo o crescimento do micélio<br />

limitado e ocorrendo alguns desvios metabólicos,<br />

com a acumulação de glicerol no meio. Isto ocorre<br />

quando o fungo se desenvolve no interior do bago.<br />

Aumento <strong>dos</strong> teores de outros álcoois<br />

superiores, como manitol, eritritol e<br />

mesoinositol que se acumulam principalmente <strong>na</strong>s<br />

primeiras cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> polpa, junto à película (ao<br />

contrário do que se passa com o glicerol, que se difunde<br />

mais em profundi<strong>da</strong>de).


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Acumulação de ácido glucónico, como produto<br />

secundário, característico do desenvolvimento de<br />

B. cinerea <strong>na</strong> superfície exterior do bago (em<br />

aerobiose). Como não é degra<strong>da</strong>do pelas leveduras <strong>da</strong><br />

fermentação alcoólica, o ácido glucónico, resultante <strong>da</strong><br />

oxi<strong>da</strong>ção <strong>dos</strong> açúcares, é prova do ataque de B. cinerea<br />

ao cacho, associa<strong>da</strong> ou não a outros microrganismos.<br />

No caso <strong>da</strong> podridão cinzenta, é mais frequente o<br />

desenvolvimento do fungo no exterior do bago, com a<br />

consequente síntese de grande quanti<strong>da</strong>de de ácido<br />

glucónico, sendo baixo o nível de glicerol; <strong>na</strong> podridão<br />

nobre, ocorre o inverso.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Produção de ácido glucurónico, também<br />

resultante <strong>da</strong> oxi<strong>da</strong>ção <strong>dos</strong> açúcares.<br />

Produção <strong>dos</strong> áci<strong>dos</strong> galacturónico e<br />

múcico: o primeiro é resultante <strong>da</strong> destruição, de<br />

pecti<strong>na</strong>s <strong>da</strong>s paredes celulares, por enzimas<br />

pectolíticas, podendo ser transformado no segundo por<br />

oxi<strong>da</strong>ção enzimática.<br />

Ligeiro aumento <strong>da</strong>s concentrações de ácido<br />

acético e de ácido cítrico (ape<strong>na</strong>s alg<strong>uma</strong>s<br />

estirpes de B. cinerea têm capaci<strong>da</strong>de para produzir<br />

este último) mas mantendo-se em níveis baixos, nos<br />

bagos, mesmo apesar do fenómeno de concentração,


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Degra<strong>da</strong>ção de substâncias azota<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s<br />

<strong>uvas</strong>: B. cinerea assimila, preferencialmente, azoto <strong>na</strong><br />

forma simples, mas também degra<strong>da</strong> aminoáci<strong>dos</strong> e<br />

proteí<strong>na</strong>s, cujo azoto usa para sintetizar proteí<strong>na</strong>s<br />

estruturais e metabólicas necessárias ao seu<br />

crescimento, <strong>na</strong> periferia do bago. Como consequência,<br />

verifica-se um decréscimo de azoto, no mosto, ao<br />

mesmo tempo que ocorre um aumento de formas<br />

azota<strong>da</strong>s complexas (proteí<strong>na</strong>s fúngicas exocelulares).<br />

Aparecimento de substâncias mucilaginosas<br />

que causam problemas de clarificação. O principal<br />

polissacarídeo de B. cinerea é a (1-3:1-6) β-D-gluca<strong>na</strong>,<br />

que forma <strong>uma</strong> rede entre as células <strong>da</strong> epiderme e <strong>da</strong><br />

polpa, colmatando filtros, dificultando colagens e<br />

tor<strong>na</strong>ndo a clarificação do mosto mais difícil.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Modificação <strong>dos</strong> compostos aromáticos:<br />

glucosi<strong>da</strong>des produzi<strong>da</strong>s pelo fungo hidrolizam os<br />

glicósi<strong>dos</strong> terpénicos; terpenóides livres que se presume<br />

têm proprie<strong>da</strong>des antifúngicas, são oxi<strong>da</strong><strong>dos</strong> em<br />

substâncias menos aromáticas; certos aldeí<strong>dos</strong> são<br />

reduzi<strong>dos</strong> aos álcoois correspondentes. Isto resulta<br />

n<strong>uma</strong> degra<strong>da</strong>ção <strong>dos</strong> aromas e <strong>na</strong> per<strong>da</strong> do carácter<br />

específico <strong>da</strong>s castas.<br />

Síntese de novos compostos voláteis:<br />

compostos específicos como furfural, benzaldeído,<br />

fenilacetaldeído, benzilcianido e sotolon, caracterizam<br />

as <strong>uvas</strong> ataca<strong>da</strong>s por B. cinerea.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Diminuição do índice de compressão <strong>dos</strong><br />

bagos, até à ruptura (excepto em caso de ataque<br />

precoce seguido de forte calor que cause o<br />

dessecamento do bago, facto que faz com que, por<br />

prensagem <strong>da</strong>s <strong>uvas</strong>, se extraia, preferencialmente, o<br />

sumo <strong>dos</strong> bagos menos infecta<strong>dos</strong>).<br />

Aumento do índice de destacamento do<br />

pedicelo <strong>dos</strong> bagos, quando as microlesões<br />

causa<strong>da</strong>s por B. cinerea ocorrem <strong>na</strong> região <strong>da</strong> película<br />

próxima do receptáculo do pedicelo.<br />

Isto demonstra que B. cinerea tem <strong>uma</strong> activi<strong>da</strong>de<br />

celulósica ao nível <strong>da</strong> película <strong>dos</strong> bagos e causa <strong>uma</strong><br />

modificação <strong>da</strong> consistência e/ou <strong>da</strong> bioquímica <strong>da</strong><br />

polpa.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular:<br />

Alteração <strong>da</strong> população de leveduras:<br />

espécies como Kloeckera apiculata e Torulopsis stellata<br />

estão mais representa<strong>da</strong>s em <strong>uvas</strong> ataca<strong>da</strong>s por B.<br />

cinerea do que em <strong>uvas</strong> sãs.<br />

Outros microrganismos também aumentam o seu<br />

número, como é o caso <strong>da</strong>s bactérias acéticas, em<br />

especial Gluconobacter oxy<strong>da</strong>ns.<br />

Estes e outros microrganismos podem causar podridão<br />

áci<strong>da</strong>, com o consequente aumento de ácido acético e<br />

acetato de etilo, entre outros compostos.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular -<br />

- consequências nos <strong>vinhos</strong>:<br />

Diminuição do teor de SO 2 livre: <strong>vinhos</strong> obti<strong>dos</strong><br />

a partir de <strong>uvas</strong> com B. cinerea são mais ricos em<br />

compostos passíveis de se combi<strong>na</strong>rem com o SO 2 .<br />

Trata-se, sobretudo, de compostos cetónicos, como<br />

cetoáci<strong>dos</strong> (ácido pirúvico e ácido α-cetoglutárico) que<br />

são produzi<strong>dos</strong>, principalmente, no início <strong>da</strong><br />

fermentação, e cujos teores diminuem no decurso <strong>da</strong><br />

mesma.<br />

Os áci<strong>dos</strong> glucónico e galacturónico também se podem<br />

combi<strong>na</strong>r com o SO 2 .


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular -<br />

- consequências nos <strong>vinhos</strong>:<br />

Aumento <strong>dos</strong> teores de açúcares e de áci<strong>dos</strong><br />

orgânicos, em particular <strong>dos</strong> áci<strong>dos</strong> acético e<br />

glucónico. Este último, confere um carácter grosseiro,<br />

pesado e de falta de delicadeza aos <strong>vinhos</strong>.<br />

Em determi<strong>na</strong><strong>da</strong>s circunstâncias, embora pouco<br />

frequentes, pode ocorrer precipitação de ácido múcico,<br />

nos <strong>vinhos</strong>, sob a forma de sais de cálcio.<br />

Aumento <strong>da</strong> acidez volátil: os<br />

heteropolissacarídeos liberta<strong>dos</strong> pelo fungo causam a<br />

produção simultânea de ácido acético e glicerol,<br />

estimulando a fermentação glicero-pirúvica por parte <strong>da</strong>s<br />

leveduras, com o consequente aumento <strong>da</strong> acidez volátil<br />

do vinho resultante.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular -<br />

- consequências nos <strong>vinhos</strong>:<br />

Alteração <strong>da</strong> composição <strong>da</strong> fracção volátil<br />

<strong>dos</strong> <strong>vinhos</strong>: enquanto os teores de alguns compostos<br />

voláteis, como o benzaldeído, aumentam, outros, como<br />

o álcool isoamílico e o octanoato de etilo, diminuem.<br />

O envelhecimento do vinho pode ser<br />

comprometido devido à per<strong>da</strong> de aromas, odores<br />

desagradáveis e per<strong>da</strong>s irreversíveis de polifenóis<br />

(antociani<strong>na</strong>s e taninos) sob a acção <strong>da</strong>s lacases<br />

produzi<strong>da</strong>s pelos fungos. O teor alcoólico é igualmente<br />

afectado: um vinho de 11,8 % v/v sem ataque de B.<br />

cinerea pode descer a 10,5 % v/v <strong>na</strong> presença de<br />

10-40% de intensi<strong>da</strong>de de ataque <strong>da</strong> doença.


Efeitos do desenvolvimento de<br />

bolores, B. cinerea em particular -<br />

- consequências nos <strong>vinhos</strong>:<br />

Além disso, fungos como Aspergillus sp.,<br />

Cla<strong>dos</strong>porium sp., Mucor sp. e Penicillium sp.<br />

são frequentemente responsáveis por um forte<br />

amargor e desvios aromáticos que começam<br />

<strong>na</strong>s <strong>uvas</strong>, provenientes <strong>da</strong> transformação de<br />

aminoáci<strong>dos</strong> e de certos compostos fenólicos <strong>da</strong><br />

película. Isto confere aos <strong>vinhos</strong> características<br />

organolépticas fenólicas ou io<strong>da</strong><strong>da</strong>s, consoante<br />

se trate de <strong>vinhos</strong> tintos ou de <strong>vinhos</strong> brancos,<br />

respectivamente.


Outros efeitos do desenvolvimento<br />

de fungos filamentosos:<br />

Produção de geosmi<strong>na</strong>, efectua<strong>da</strong> por:<br />

Penicillium sp, nomea<strong>da</strong>mente P. crustosum syn.<br />

P. digitatum, P. expansum, P. spinulosum,<br />

P. canesnens, P. restrictum, P. minioluteum,<br />

P. brevicompactum, P. thomii syn. P. glabrum,<br />

P. geastrivorus, P. ochrochoron, P. paraherquei,<br />

Bactérias filamentosas do género Streptomyces,<br />

que se encontram <strong>na</strong> água e, principalmente, no<br />

solo.


Outros efeitos do desenvolvimento<br />

de fungos filamentosos:<br />

Produção de geosmi<strong>na</strong> (cont.): trata-se de um<br />

<strong>dos</strong> compostos responsáveis por gostos terrosos e a<br />

mofo que estão a adquirir <strong>uma</strong> importância económica<br />

crescente <strong>na</strong> fileira vitivinícola. O odor <strong>da</strong> geosmi<strong>na</strong> é<br />

típico do odor desagradável <strong>da</strong> beterraba vermelha,<br />

sendo os descritores usa<strong>dos</strong> no vinho os seguintes: terra<br />

húmi<strong>da</strong>, beterraba cozi<strong>da</strong>, húmus e musgo.<br />

Outras <strong>da</strong>s substâncias envolvi<strong>da</strong>s nos mesmos odores<br />

são o 2-metil-isoborneol e o 2-isopropil-3-metoxipirazi<strong>na</strong>,<br />

mas há mais compostos ain<strong>da</strong> por identificar. São<br />

provenientes do metabolismo de certos bolores<br />

pertencentes, sobretudo, ao género Penicillium, não<br />

estando relacio<strong>na</strong><strong>dos</strong> com a presença de B. cinerea.


Outros efeitos do desenvolvimento<br />

de fungos filamentosos:<br />

Produção de geosmi<strong>na</strong> (cont.): o gosto conferido,<br />

ao contrário de outros também originários <strong>da</strong> vinha e<br />

liga<strong>dos</strong> ao estado sanitário <strong>da</strong> uva (como gosto a fungo,<br />

pútrido, fenólico, etc.) persiste nos <strong>vinhos</strong>, embora nos<br />

mostos não seja fácil de distinguir <strong>dos</strong> gostos pútri<strong>dos</strong> ou<br />

fenólicos devi<strong>dos</strong> à podridão cinzenta.<br />

O limiar de percepção <strong>da</strong> geosmi<strong>na</strong>, no vinho, é de 40<br />

ng/l. Na água, onde a geosmi<strong>na</strong> também é responsável<br />

por odores desagradáveis a terra, o limiar de percepção<br />

é de 1-10 ng/l. No caso do 2-metilisoborneol, o limiar de<br />

percepção <strong>na</strong> água é de 3 ng/l, e este composto também<br />

se pode encontrar no café, a que confere igualmente<br />

gostos de mofo e terrosos.


Outros efeitos do desenvolvimento<br />

de fungos filamentosos:<br />

Produção de micotoxi<strong>na</strong>s<br />

Ocratoxi<strong>na</strong> A - é produzi<strong>da</strong> por:<br />

Penicillium sp,<br />

Aspergillus sp.<br />

– É susceptível de ser encontra<strong>da</strong> nos seguintes<br />

alimentos :<br />

Cereais (milho, arroz, trigo, aveia, ceva<strong>da</strong> centeio) e deriva<strong>dos</strong><br />

Café<br />

Cacau e deriva<strong>dos</strong><br />

Uvas, passas, sumo de uva e vinho<br />

Cerveja<br />

Especiarias e frutos secos<br />

Produtos de origem animal (bioacumulação muito grande nos<br />

porcos)


Outros efeitos do desenvolvimento de<br />

fungos filamentosos:<br />

Produção de Ocratoxi<strong>na</strong> A (cont.): trata-se de<br />

<strong>uma</strong> substância com características:<br />

Nefrotóxicas;<br />

Teratogénicas;<br />

Imunotóxicas.<br />

Eleva<strong>dos</strong> níveis de ocratoxi<strong>na</strong> A em h<strong>uma</strong>nos têm sido<br />

relacio<strong>na</strong><strong>dos</strong> com doenças re<strong>na</strong>is crónicas e aumento <strong>da</strong><br />

incidência de tumores do trato urinário, bem como com<br />

degra<strong>da</strong>ção hepática e alterações do intestino delgado.<br />

Os limites máximos <strong>na</strong> UE para o vinho e outras bebi<strong>da</strong>s<br />

deriva<strong>da</strong>s de <strong>uvas</strong> é de 2,0 µg/l (para o café, o limite é de<br />

5,0 µg/kg ou 10,0 µg/kg , conforme se trate de café em<br />

grão ou de café solúvel, respectivamente).


Outros efeitos do desenvolvimento<br />

de fungos filamentosos:<br />

Produção de micotoxi<strong>na</strong>s<br />

Patuli<strong>na</strong> - é produzi<strong>da</strong> por:<br />

Aspergillus sp.<br />

Penicillium sp., nomea<strong>da</strong>mente P. expansum.<br />

– É susceptível de ser encontra<strong>da</strong> em:<br />

Sumos de fruta (sumos de maçã, concentra<strong>dos</strong> e deriva<strong>dos</strong>)<br />

Bebi<strong>da</strong>s espirituosas, cidra e outras bebi<strong>da</strong>s fermenta<strong>da</strong>s de<br />

maçã (embora alguns autores refiram que a patuli<strong>na</strong> é<br />

degra<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo processo fermentativo).<br />

Compotas e puré de maçã<br />

Produtos de maçã para crianças


Outros efeitos do desenvolvimento<br />

de fungos filamentosos:<br />

Produção de patuli<strong>na</strong> (cont.): trata-se de<br />

<strong>uma</strong> neurotoxi<strong>na</strong> com efeitos cancerígenos que<br />

causa problemas gastrointesti<strong>na</strong>is, hemorragias<br />

nos pulmões e coração, erupções cutâneas e é<br />

conheci<strong>da</strong> por ser mutagénica.<br />

Mas é pouco provável que seja encontra<strong>da</strong> nos<br />

<strong>vinhos</strong>, pois é degra<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo processo<br />

fermentativo.


Outros efeitos do desenvolvimento de<br />

fungos filamentosos:<br />

Produção de micotoxi<strong>na</strong>s<br />

Citrini<strong>na</strong> - é produzi<strong>da</strong> por:<br />

Penicillium sp., nomea<strong>da</strong>mente P. expansum,<br />

embora muitas estirpes possam não ter esta capaci<strong>da</strong>de<br />

– É susceptível de ser encontra<strong>da</strong> em:<br />

Uvas, mas parece que tal não contribui para a contami<strong>na</strong>ção<br />

do vinho<br />

– Trata-se de <strong>uma</strong> nefrotoxi<strong>na</strong> com proprie<strong>da</strong>des<br />

antibióticas mas tóxica para ser usa<strong>da</strong> como tal.


Outros efeitos do desenvolvimento de<br />

fungos filamentosos:<br />

Produção de micotoxi<strong>na</strong>s<br />

Tricotecenos – são produzi<strong>dos</strong> por:<br />

Trichothecium roseum (que se desenvolve,<br />

preferencialmente, <strong>na</strong>s regiões tempera<strong>da</strong>s)<br />

Como sintomas iniciais, pode causar irritação<br />

(sensação de queima) <strong>da</strong> boca, esófago e estômago,<br />

resultando em vómitos, diarreia e dor abdomi<strong>na</strong>l.<br />

Depois ocorre <strong>uma</strong> diminuição de leucócitos e<br />

linfócitos, a que se podem seguir hemorragias várias.<br />

Também pode causar dermatites e degeneração <strong>da</strong><br />

medula óssea.


Factores que afectam o<br />

desenvolvimento de bolores:<br />

Porta-enxerto<br />

Casta<br />

I<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vinha<br />

Condições climáticas<br />

Fertilização<br />

Gestão <strong>da</strong> água<br />

Existência de feri<strong>da</strong>s <strong>na</strong> película<br />

Aplicação de fungici<strong>da</strong>s<br />

Operações culturais


Factores que afectam o<br />

desenvolvimento de bolores:<br />

Mon<strong>da</strong> de cachos,<br />

deixando-os <strong>na</strong> vinha:<br />

as populações <strong>dos</strong> diferentes<br />

bolores encontra<strong>dos</strong> n<strong>uma</strong><br />

parcela de vinha são<br />

superiores no caso em que a<br />

mon<strong>da</strong> é efectua<strong>da</strong> deixando<br />

os cachos no solo,<br />

comparativamente com o que<br />

se passa quando se procede à<br />

remoção <strong>dos</strong> mesmos. Isto é<br />

tanto mais importante quanto<br />

mais húmi<strong>da</strong>s forem as<br />

condições climáticas.


Medi<strong>da</strong>s importantes a<br />

implementar:<br />

Elimi<strong>na</strong>ção <strong>dos</strong> cachos <strong>da</strong> vinha,<br />

quando <strong>da</strong> mon<strong>da</strong>.<br />

Triagem <strong>dos</strong> cachos em duas fases, <strong>na</strong><br />

parcela e <strong>na</strong> adega, visando elimi<strong>na</strong>r os que<br />

apresentam desenvolvimento de bolores e<br />

seleccio<strong>na</strong>ndo aqueles que estão<br />

aparentemente sãos.


Obriga<strong>da</strong> pela atenção!

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