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Eros e Psique - Fluid Creative

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Fig. 17<br />

José Manuel, acompanhado de Jagodes, na sua biblioteca.⁸⁵ Ao<br />

fundo observa-se parte de uma parede pintada a negro, com<br />

pentagrama traçado a branco. Estão ambos sentados sobre um<br />

tapete que repete, em oposição de cores, os motivos da parede.<br />

Reprodução fotográfica de Paulo Cintra.<br />

⁸⁵ Inédito. Agradecemos a cedência da imagem à família do Dr. José<br />

Manuel Ferrão.<br />

Figs 18 e 19<br />

Aspecto actual do interior da ala de José Manuel.<br />

Fotografias de Paulo Cintra.<br />

38 <strong>Eros</strong> e <strong>Psique</strong> Um vitral gnóstico de Almada Negreiros 39<br />

Embora potencialmente independente, parecendo<br />

dividir o primeiro piso da moradia em territórios<br />

distintos, a ala de José Manuel não deixa de estar<br />

articulada com os restantes espaços, porquanto possui<br />

também escadas interiores comuns que propiciam<br />

a união dessa diversidade. Não obstante, no último<br />

patamar volta a delinear-se o princípio da divisão<br />

por meio de uma oposição de ladrilhos, em cores<br />

diferentes, que demarcam as zonas de influência da<br />

mãe ou do filho.<br />

Fig. 20<br />

Planta assinada pelo Arq. António Varela, em 1955, com projecto<br />

para alterações ao primeiro andar da moradia, onde se nota a<br />

demarcação dos espaços afectos a José Manuel (à esquerda) e a D.<br />

Maria da Piedade (à direita), conseguida com o encerramento dos<br />

acessos que permitiam a sua comunicação.⁸⁶ Espólio familiar.<br />

⁸⁶ Inédito. Agradecemos a cedência da imagem à família do Dr. José<br />

Manuel Ferrão.<br />

Todavia, no piso térreo, à direita de quem entra,<br />

abre-se uma área social de convívio comum que<br />

constitui o cadinho da unidade global: traçada como<br />

um espaço aberto e único, mas virtualmente dividida<br />

em dois por uma cortina ondulada e por uma linha,<br />

também ondulada, de oposição de ladrilhos de cores<br />

diferentes, esta divisão funciona duplamente como<br />

sala de estar e sala de refeições e ostenta as três<br />

cores unificadas da obra alquímica – negro num dos<br />

lados do pavimento, branco nas paredes e no tecto e<br />

vermelho no lado oposto do pavimento.<br />

Este simbólico diálogo de áreas de encontros e<br />

desencontros, de domínios femininos e masculinos,<br />

expresso na arquitectura e na decoração com uma<br />

coerência unificada, foi intencionalmente acordado<br />

entre os proprietários e os artistas, como parecem<br />

indicar as mudanças nos estudos de Almada Negreiros<br />

para o vitral e para os azulejos (hoje dispersos por<br />

várias colecções particulares) e as alterações nos<br />

projectos de António Varela para a redistribuição dos<br />

espaços (em arquivo municipal e na posse dos vários<br />

herdeiros). D.ª Maria da Piedade terá colaborado com<br />

António Varela no traçado das dependências que lhe<br />

respeitavam, solicitando para a sua suite um espaço<br />

de culto religioso, com altar e genuflexório, e para<br />

a cozinha uma disposição funcional a gosto, dotada<br />

de um cómodo monta-cargas para comunicação<br />

com a suite. Terá igualmente acompanhado Almada<br />

Negreiros nos estudos para os painéis de azulejos da<br />

varanda do seu quarto, das varandas do rés-do-chão e<br />

da marquise (sendo que nesta última poderá ter

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