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Arquivo em PDF - Dom Bosco

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Psico<strong>Dom</strong>, v.2, n.2, jun. 2008____________________________________________<br />

oferecer a figura vermelha e acompanhar a atividade cerebral no lobo occipital <strong>em</strong> um<br />

PET-SCAN na área primária responsável pela sensação da cor vermelha <strong>em</strong> uma<br />

pessoa e <strong>em</strong> outra pessoa. As áreas cerebrais envolvidas pod<strong>em</strong> ser idênticas, mas<br />

elas estão vendo realmente a mesma cor? Provavelmente, mas nada me garante. A<br />

noção dessa cor é uma qualia, uma percepção subjetiva da noção de cor. De repente<br />

aqui alguém é daltônico e, portanto, terá dificuldade <strong>em</strong> enxergar a cor vermelha. Esta<br />

pessoa, no entanto, pode estudar a neurobiologia da percepção da cor <strong>em</strong> nível de pós-<br />

graduação, realizar mestrado e doutorado sobre o t<strong>em</strong>a, com alguma das instituições<br />

brasileiras oferec<strong>em</strong> e entenderá mais do que qualquer pessoa não-daltônica sobre o<br />

assunto. Mas ela nunca saberá realmente como uma pessoa não-daltônica percebe o<br />

vermelho. Isto é qualia. Segundo Dennet, a qualia é inefável, intrínseca e privada. O que<br />

é “inefável”? É não conseguir a tradução <strong>em</strong> palavras. Como descrever a cor vermelha?<br />

É impossível! Ela também é intrínseca, ocorre de dentro para fora e, é claro, é uma<br />

experiência privada, os outros não têm acesso a ela. Além disso, a qualia também é e<br />

diretamente ou imediatamente apreensível. A qualia está intimamente ligada ao<br />

fenômeno da consciência, quase tão inacessível quanto ela.<br />

Por isso, Damásio lança duas perguntas-chave: como o cérebro no organismo humano<br />

engendra os padrões mentais e como o cérebro engendra um sentido do self no ato de<br />

conhecer? Em outras palavras, como ocorr<strong>em</strong> os mecanismos do processamento da<br />

informação do próprio cérebro para entender as imagens mentais, a imag<strong>em</strong> de uma<br />

cor, a imag<strong>em</strong> de um som, a imag<strong>em</strong> sinestésica? E, ainda, como a imag<strong>em</strong> engendra o<br />

sentido do self no ato de conhecer? Sou eu qu<strong>em</strong> está vendo aquele vermelho e não o<br />

outro. E eu estou com a consciência dentro daquele processo. Como unir tudo isso?<br />

Para isso, a neurociência t<strong>em</strong> se valido de vários instrumentos de pesquisa e<br />

abordagens teóricas. Vejamos alguns achados que pod<strong>em</strong> nos ajudar a responder<br />

essas perguntas.<br />

Há um estudo clássico realizado por Weiskrantz sobre a visão às Vegas, <strong>em</strong> 1974, e<br />

replicado <strong>em</strong> 1986. Pacientes, com lesão no lobo occipital, na área primária, haviam<br />

perdido a visão <strong>em</strong> vários quadrantes. No entanto, mantinham a resposta a estímulos na<br />

parte cega do campo visual, mesmo que negass<strong>em</strong> a capacidade de realizar a tarefa.<br />

Era colocado, por ex<strong>em</strong>plo, um objeto na frente do paciente, de modo que ele não<br />

pudesse vê-lo porque não estava <strong>em</strong> seu campo visual intacto. Solicitava-se que<br />

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