05.06.2013 Views

Arquivo em PDF - Dom Bosco

Arquivo em PDF - Dom Bosco

Arquivo em PDF - Dom Bosco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Psico<strong>Dom</strong>, v.2, n.2, jun. 2008____________________________________________<br />

psicologia, supomos que existe a mente (ou o aparelho psíquico) e supomos também<br />

que ele é fundamental na formação dessa experiência consciente.<br />

Há muitas posições teóricas que recusam essa suposição, o materialismo eliminativo,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, dizendo que o que chamamos de processos psíquicos pod<strong>em</strong> ser<br />

reduzidos a processos orgânicos e que chegará um dia <strong>em</strong> que nós não vamos mais<br />

usar esse vocabulário psicológico. Pensamento, sentimento, <strong>em</strong>oções, todo esse<br />

vocabulário será totalmente substituído por um vocabulário biológico de<br />

neurotransmissores, sinapses, e assim por diante. Eu particularmente acho que nós<br />

dev<strong>em</strong>os lutar ferrenhamente contra essa posição, pois se aderirmos a ela certamente<br />

perder<strong>em</strong>os o <strong>em</strong>prego. É fundamental que mantenhamos de pé a suposição desse<br />

constructo teórico que chamamos de aparelho psíquico.<br />

A Prof.ª Caroline ilustrou muito b<strong>em</strong> esse ponto mostrando que quando eu sinto algo – e<br />

isso é uma experiência – v<strong>em</strong> alguém e diz: “isso que você está sentindo é fome”,<br />

nomeia o que eu sinto. Pod<strong>em</strong>os ver aqui os dois pólos, a vivência corporal e a<br />

experiência dessa vivência, experiência à qual damos o nome genérico de sentimento.<br />

Quando alguém diz: “isso é fome”, está introduzindo entre a vivência corporal e a<br />

experiência consciente dessa vivência algo de outra ord<strong>em</strong>, nesse caso a linguag<strong>em</strong>.<br />

Freud vai dizer a respeito disso – pode parecer espantoso, mas é o que ele diz – que<br />

consciente, inconsciente e pré-consciente são qualidades psíquicas. Esse termo<br />

qualidades é muito forte. T<strong>em</strong>os a tendência de imaginar que o inconsciente freudiano é<br />

aquele local escondido que habita as profundezas de nossa mente (para alguns de<br />

nosso cérebro) que de repente aparece e faz com que digamos besteiras ou façamos<br />

sintomas. Não para Freud. Inconsciente é uma qualidade, consciência é uma qualidade.<br />

Considera que os processos psíquicos pod<strong>em</strong> ter a qualidade de ser conscientes ou<br />

não. Se eles não têm a qualidade de ser<strong>em</strong> conscientes eles são inconscientes, como é<br />

o caso da quase totalidade dos nossos processos psíquicos. Se considerarmos válido o<br />

paralelo entre os processos psíquicos humanos e o processamento da informação nos<br />

computadores a qualidade inconsciente desses processos fica evidente. Ninguém<br />

perguntaria a um computador se ele t<strong>em</strong> consciência da operação que está realizando,<br />

se ele t<strong>em</strong> consciência de que está trabalhando e assim por diante. O computador<br />

funciona s<strong>em</strong> consciência, exatamente como nós a maioria do t<strong>em</strong>po.<br />

01

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!