Arquivo em PDF - Dom Bosco
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Psico<strong>Dom</strong>, v.2, n.2, jun. 2008____________________________________________<br />
“Processos conscientes, na periferia do eu e tudo o mais no eu inconsciente – esse<br />
seria o estado de coisas mais simples que poderíamos imaginar. E tal pode ser, de fato,<br />
o estado que predomina nos animais. Nos homens, porém, há uma complicação<br />
adicional, através da qual os processos internos do eu pod<strong>em</strong> adquirir também a<br />
qualidade de consciência.” (p. 187)<br />
O que diferencia, para Freud, os animais dos homens? Sua hipótese é de que nós<br />
humanos também t<strong>em</strong>os percepção dos nossos processos de pensamentos, eles<br />
também chegam a nossa percepção consciente. Rigorosamente falando, os efeitos de<br />
nossos processos de pensamento chegam à nossa percepção consciente e isso faz a<br />
grande diferença. O hom<strong>em</strong> não apenas é consciente do mundo externo, mas pode sê-<br />
lo também do mundo interno. Nesse ponto Freud dá uma importância fundamental à<br />
linguag<strong>em</strong> (l<strong>em</strong>bro o que a professora Caroline disse da linguag<strong>em</strong> há pouco) porque<br />
ela permite que esses processos internos de pensamento sejam percebidos. A<br />
linguag<strong>em</strong> dispõe de palavras que traduz<strong>em</strong> relações. Uma coisa é evocar idéias,<br />
representações de coisas externas ou de sentimentos internos. Outra coisa é a relação<br />
entre essas idéias, por ex<strong>em</strong>plo, a relação causal. A linguag<strong>em</strong> t<strong>em</strong> palavras que nos<br />
ajudam a perceber o que estamos pensando no sentido das relações que o pensamento<br />
promove entre as idéias. A qualidade da consciência para o hom<strong>em</strong> não se aplica<br />
somente à percepção externa, mas também se refere à percepção interna.<br />
Como o Prof. Leandro colocou muito b<strong>em</strong> – e particularmente acho que Freud<br />
concordaria com isso – o probl<strong>em</strong>a da consciência é um probl<strong>em</strong>a biológico. O que<br />
t<strong>em</strong>os que responder é: Como nosso cérebro gera a consciência? Acho que t<strong>em</strong>os ido<br />
muito mais longe na resposta à pergunta: Como nosso cérebro gera o pensamento? De<br />
fato sab<strong>em</strong>os muito mais disso do que sab<strong>em</strong>os da consciência, daí o título dessa<br />
mesa: O Mistério da Consciência. Esse termo mistério è um eco de Noam Chomsky, um<br />
dos grandes nomes da lingüística e da revolução cognitiva cont<strong>em</strong>porânea. Ele diz que<br />
exist<strong>em</strong> dois tipos de desafios à compreensão humana: os probl<strong>em</strong>as e os mistérios. Os<br />
probl<strong>em</strong>as são aqueles que a ciência pode resolver ou há alguma perspectiva de<br />
solução. Já os mistérios não. O mistério é algo que a ciência t<strong>em</strong> que colocar de lado<br />
porque realmente não há como vislumbrar uma solução com o saber que se t<strong>em</strong>. Até<br />
agora a consciência t<strong>em</strong> sido um mistério, e continuará sendo por muito t<strong>em</strong>po. Outro<br />
grande lingüista e filósofo da mente, John Searle, t<strong>em</strong> um livro intitulado O mistério da<br />
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