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PsicoDom, v.2, n.2, jun. 2008____________________________________________
hemisfério direito visualizava apenas a essa parte da figura e é justamente esse
hemisfério que estaria comandando a mão direita que faz o apontamento. Mas quando
era solicitado que se falasse o que estava vendo, a resposta dizia respeito à metade
direita da figura quimérica, visto que a visão do lado direito e a linguagem eram
responsabilidade maior do hemisfério esquerdo. Curioso como a consciência está
relacionada com a linguagem e a memória declarativa, mas pode operar separadamente
como nesses casos.
Os casos clínicos de anosognosia também se revelaram importantes para pensarmos a
consciência. Muitas pessoas, principalmente com lesões no hemisfério direito, não
reconhecem o problema ou defeito neurológico que possuem (por exemplo, a
hemianopsia, incapacidade de visualização de metade do campo visual). Essas pessoas
simplesmente não têm consciência de uma parte importante de si mesmas!
Importante mencionar, ainda, os estudos etológicos envolvendo o auto-reconhecimento.
Se nosso cérebro humano é capaz de ter consciência própria, os cérebros de outros
animais também possam fazê-lo? Sabe-se, até hoje, que alguns chimpanzés
conseguem se reconhecerem olhando no espelho. É um teste relativamente fácil de
realizar. Basta anestesiar o animal e marcar seu rosto com um pouquinho de tinta.
Quando desperto e em frente ao espelho se o animal levar a mão ao espelho é sinal de
que não se reconheceu. Mas se coçar a própria face está demonstrada a sua
autoconsciência. Pois bem, muitos chimpanzés conseguem tal façanha. Assim como os
bebês humanos após certa idade. Sabe-se até hoje que também os golfinhos possuem
auto-reconhecimento. Quando uma de suas nadadeiras é marcada, o animal passa
muito mais tempo olhando no espelho para o lado marcado do que para o outro lado.
Recentemente este teste do espelho foi realizado também com elefantes. Depois de
construídos espelhos de tamanho adequado verificou-se que eles não só se
reconheciam e levavam a tromba até o sinal marcado na fronte como chegavam a
buscar alimento e comer na frente do espelho! E não queriam mais sair da frente dele.
Eu sempre brinco que a principal razão daqueles elefantes não quererem sair da frente
do espelho é porque eles eram, na realidade, fêmeas!
Mas, enfim, ainda estamos longe de uma resposta definitiva sobre a consciência. Esses
experimentos e casos clínicos nos ajudam a pensar sobre ela, mas há muito ainda a
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