Arquivo em PDF - Dom Bosco
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Psico<strong>Dom</strong>, v.2, n.2, jun. 2008____________________________________________<br />
t<strong>em</strong>po que dura essa experiência. Na hora <strong>em</strong> que vamos dormir nossa experiência<br />
consciente também vai dormir, <strong>em</strong>bora possa voltar ocasionalmente nos sonhos, onde<br />
também t<strong>em</strong>os uma experiência consciente. A experiência da consciência é subjetiva e<br />
privada e o fato de eu acreditar que todos nós aqui t<strong>em</strong>os a mesma experiência<br />
consciente é uma suposição. Supomos que os outros têm o mesmo tipo de experiência<br />
subjetiva consciente que nós, mas isso é uma suposição, nada mais do que uma<br />
suposição. O Prof. Leandro apontou o probl<strong>em</strong>a dos qualia: o vermelho que você vê é o<br />
mesmo vermelho que eu vejo? Para viver no mundo e conviver pacificamente com os<br />
outros a gente supõe que seja. Eu suponho que vocês pensam como eu, ag<strong>em</strong> como<br />
eu, viv<strong>em</strong> no mesmo mundo que eu. Quando v<strong>em</strong>os pessoas agindo e pensando<br />
diferente, por ex<strong>em</strong>plo, vendo microfones espiões onde nós não os v<strong>em</strong>os, nos<br />
espantamos, diz<strong>em</strong>os “essa pessoa perdeu a consciência” ou “está <strong>em</strong> um estado<br />
alterado de consciência”. Mas não precisamos falar dos outros. Muitas vezes diz<strong>em</strong>os<br />
ou faz<strong>em</strong>os coisas que não queríamos e das quais nos envergonhamos. Ficamos<br />
constrangidos e diz<strong>em</strong>os: “eu não estava no meu estado normal de consciência, qu<strong>em</strong><br />
falou <strong>em</strong> mim não fui eu, foi a raiva, foi o álcool etc…”. Mas aqui já estamos <strong>em</strong> apuros,<br />
pois, <strong>em</strong>bora eu não estivesse <strong>em</strong> meu estado normal de consciência, estava<br />
consciente de meu estado anormal de consciência. Isso é para mostrar que o uso<br />
comum desse termo é extr<strong>em</strong>amente ambíguo e designa uma série de coisas<br />
diferentes.<br />
Perguntamos-nos se o cachorro, o elefante, o golfinho têm consciência, se uma pulga<br />
t<strong>em</strong> consciência? A partir das experiências que o Prof. Leandro relatou, pod<strong>em</strong>os<br />
pensar: o golfinho tenta tirar a sua marca, isso mostra que ele possivelmente t<strong>em</strong><br />
consciência, mas até onde vai a consciência dele? Pod<strong>em</strong>os distinguir na experiência<br />
consciente uma consciência perceptiva, voltada para a experiência sensível do mundo e<br />
uma consciência de que somos nós que estamos percebendo, a consciência do eu,<br />
também chamada de autoconsciência. Ela não é equivalente à consciência perceptiva,<br />
pois implica <strong>em</strong> permanência: este eu que percebe agora é o mesmo que aquele que<br />
percebeu ont<strong>em</strong> e será o mesmo que perceberá amanhã.<br />
Freud percebeu muito b<strong>em</strong> esse mistério que é a consciência e eu gostaria de começar<br />
citando uma frase dele, que pode ser encontrada no Esboço de Psicanálise, um texto<br />
póstumo, escrito por Freud <strong>em</strong> Londres e publicado pela primeira vez <strong>em</strong> 1940:<br />
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