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Arquivo em PDF - Dom Bosco

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Psico<strong>Dom</strong>, v.2, n.2, jun. 2008____________________________________________<br />

consciência! A passag<strong>em</strong>, por assim dizer, do cérebro para a mente ainda é um abismo.<br />

Tentamos diminuir o tamanho deste abismo, mas ela ainda existe. Descartes afirmava<br />

que somos mente e corpo, ou alma e corpo, uma perspectiva dualista e aí está o<br />

probl<strong>em</strong>a da consciência. A consciência é mental, ela é “espiritual”, não estaria no<br />

corpo. Mas será que essa mente não seria o resultado, o produto do cérebro? Nós<br />

pod<strong>em</strong>os criar uma máquina que bombeie sangue (isso é perfeitamente possível) e<br />

termos um coração artificial. Agora, será que poderia ser criada uma máquina com c<strong>em</strong><br />

bilhões de neurônios cujo resultado fosse a mente? Não, isso não seria possível, é algo<br />

muito diferente. O probl<strong>em</strong>a da consciência é um probl<strong>em</strong>a cartesiano. Há uma citação<br />

muito interessante do Antônio Damásio (2000, p. 29-30): “A consciência é um fenômeno<br />

inteiramente privado, de primeira pessoa, que ocorre como parte do processo privado,<br />

de primeira pessoa, que denominamos mente. A consciência e a mente, porém,<br />

vinculam-se estreitamente a comportamentos externos que pod<strong>em</strong> ser observados por<br />

terceiras pessoas. (...) Felizmente, para aqueles dentre nós que também almejam<br />

compreender os mecanismos por trás da mente e do comportamento, mente e<br />

comportamento também se correlacionam estreitamente com as funções dos<br />

organismos vivo, especificamente com as funções do cérebro no interior desses<br />

organismos.”<br />

Nesta concepção, a ligação entre o interno e o externo é dada pelo cérebro. Entender o<br />

cérebro pode ajudar na compreensão da consciência.<br />

Daniel Dennet, filósofo da mente, assim como Damásio, toca na idéia do teatro<br />

cartesiano: nossa consciência não é mais do que um homúnculo, um homenzinho que<br />

assiste tudo dentro de nós mesmos. O que está se passando no ambiente é como se<br />

estivesse projetado no cérebro enquanto que esse homúnculo vidente do cérebro<br />

estaria confortavelmente sentado assistindo a este filme e, qu<strong>em</strong> sabe, até comendo<br />

pipoca.<br />

Será que essa compreensão que t<strong>em</strong>os do ambiente como visão de mim mesmo é<br />

realmente o self assistindo o que está ocorrendo? Entra aí o conceito de qualia. O que é<br />

qualia? Se eu mostrar uma determinada figura vermelha, todos conseguirão vê-la. No<br />

entanto, onde está a garantia de que o vermelho que eu vejo e assim nomeio é o<br />

mesmo vermelho que você está vendo? Não há como responder isso. Eu posso<br />

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