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Arquivo em PDF - Dom Bosco

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Psico<strong>Dom</strong>, v.2, n.2, jun. 2008____________________________________________<br />

tentasse pegar o objeto e, via de regra, o paciente dizia que não iria dar certo. Mas, na<br />

tentativa, era comum que conseguia pegar o objeto na primeira vez, posicionando<br />

corretamente a mão e localizando corretamente no espaço. Ou então era mostrada uma<br />

série de faixas horizontais no campo cego. Quando se pedia a direção dessas faixas,<br />

era comum que o paciente acertasse a resposta. O que ocorria? O estimulo,<br />

obviamente, não era processado no córtex occipital. No entanto, o estímulo visual é<br />

também enviado para outras regiões do encéfalo, como o colículo superior, o tálamo e<br />

outras áreas subcorticais. Nestas regiões, é um processamento tão “fraco” que não<br />

chega a ser consciente, mas é suficiente para atender alguma atividade motora. Em<br />

outras palavras, os experimentos mostraram que a experiência subjetiva de perceber o<br />

estímulo depende do nível de processamento que a informação recebe e que pode<br />

haver o controle do comportamento s<strong>em</strong> a percepção consciente desse controle.<br />

Outro caso clássico que contribuiu para os estudos envolvendo a consciência é o<br />

paciente H. M. estudado por William Scolville e Brenda Miller <strong>em</strong> 1957. H. M. possuía<br />

um epilepsia de difícil controle <strong>em</strong> seus lobos t<strong>em</strong>porais e por isso foi submetido a uma<br />

neurocirurgia <strong>em</strong> que lhe foi retirado todo o lobo t<strong>em</strong>poral médio de ambos os<br />

h<strong>em</strong>isférios, o que inclui o hipocampo. Assim, H. M. era incapaz de consolidar novas<br />

m<strong>em</strong>órias declarativas, apresentando a partir de então um típico caso de amnésia<br />

anterógrada. O paciente, <strong>em</strong>bora incapaz de l<strong>em</strong>brar os rostos, nomes e eventos novos<br />

que lhe aconteciam, conseguia aprender e melhorar o des<strong>em</strong>penho <strong>em</strong> novas<br />

atividades motoras com a de desenhar uma estrela ao olhar apenas através de um<br />

espelho. Ou seja, mesmo s<strong>em</strong> consciência de que era capaz disso ou mesmo s<strong>em</strong><br />

consciência de que já sabia realizar a atividade, seu des<strong>em</strong>penho melhorava<br />

progressivamente a cada vez que treinava a atividade.<br />

Os estudos sobre comissurotomia humana conduzidos por Gazzaniga também mostram<br />

importantes relações entre a capacidade declarativa (que pressupomos como essencial<br />

para a consciência) e as não-declarativas. Pessoas que tiveram seus corpos calosos<br />

(estruturas anatômicas que ligam os h<strong>em</strong>isférios cerebrais) r<strong>em</strong>ovidos apresentavam<br />

comportamentos muito s<strong>em</strong>elhantes. Quando confrontados com figuras quiméricas (<strong>em</strong><br />

que metade esquerda da figura compunha uma imag<strong>em</strong> muito distinta da metade direita<br />

da figura) e eram solicitados a apontar<strong>em</strong> com a mão esquerda o que estavam vendo, a<br />

figura apontada equivalia à metade esquerda da figura quimérica. Isso porque o<br />

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