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o império mongol ea europa ocidental em meados do século xiii

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36<br />

A própria carta-resposta de Guyuk Cã dá idéia da mensag<strong>em</strong> de Inocêncio IV, cujo<br />

conteú<strong>do</strong> não foi coloca<strong>do</strong> no relato por Carpini. Havia um clamor para que não mais<br />

houvesse matanças de cristãos, b<strong>em</strong> como, aos olhos de Deus, o papa afirmava ser aquilo<br />

condenável. Também existia o pedi<strong>do</strong> para que os mongóis se tornass<strong>em</strong> cristãos. O grão-<br />

cã afirmava não compreender nada daquilo. Na lógica <strong>do</strong>s mongóis, qu<strong>em</strong> não se lhes<br />

submetesse deveria ser destruí<strong>do</strong>, já que, como está no começo da carta, o grão-cã era o<br />

“impera<strong>do</strong>r de to<strong>do</strong>s os homens”. Conseqüent<strong>em</strong>ente, to<strong>do</strong>s deveriam aceitar essa pr<strong>em</strong>issa.<br />

Sobre o pedi<strong>do</strong> para ser batiza<strong>do</strong>, Guyuk Cã despreza o cristianismo romano, s<strong>em</strong> t<strong>em</strong>er a<br />

ira divina que se lhe poderia abater, de acor<strong>do</strong> com o que Inocêncio IV escrevera. 32 Além<br />

disso, Guyuk Cã “[...] tomou a carta papal como a vinda de um chefe político, de qu<strong>em</strong> os<br />

príncipes eram vassalos, e como oferta de submissão”, 33 e convoca o próprio papa para se<br />

lhe submeter.<br />

A viag<strong>em</strong> de retorno de Carpini teve início <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro de 1246 e durou <strong>do</strong>ze<br />

meses, durante os quais passou por tantas ou mais adversidades quantas na ida. Voltou pelo<br />

mesmo caminho, passan<strong>do</strong> pelo ordu de Batu, <strong>em</strong> maio de 1247, e chegou a Kiev <strong>em</strong> junho<br />

<strong>do</strong> mesmo ano. Em nov<strong>em</strong>bro, Carpini entregou a carta a Inocêncio IV, não s<strong>em</strong> o alertar<br />

acerca <strong>do</strong> perigo <strong>mongol</strong>. O frei foi uma espécie de espião da cristandade, como se verifica<br />

neste excerto:<br />

Na corte <strong>do</strong> grão-cã acham-se concentra<strong>do</strong>s guerreiros e príncipes <strong>do</strong> exército. Plano: um exército<br />

deve entrar pela Hungria, o segun<strong>do</strong> pela Polônia, como fomos informa<strong>do</strong>s. Virão para lutar por<br />

dezoito anos contínuos, como foi programa<strong>do</strong> [...]. Tu<strong>do</strong> isso é firme e verdadeiro, a não ser que o<br />

Senhor, por sua graça, mande algum imprevisto, como fez quan<strong>do</strong> atacaram a Hungria e a Polônia.<br />

Eles deviam prosseguir por trinta anos, mas o impera<strong>do</strong>r [Oguedai Cã] morreu envenena<strong>do</strong> [1241], e<br />

por isso interrompeu a guerra até agora. 34<br />

Carpini conclama a Europa a unir-se pela sua defesa contra os gengiscânidas. Por isso o frei<br />

também sugere que armas e méto<strong>do</strong>s de guerra usar, afirman<strong>do</strong> que se dev<strong>em</strong> imitar os<br />

mongóis, dada sua superioridade bélica, seja pelo contingente de guerreiros, seja pela<br />

mobilidade de sua cavalaria.<br />

32<br />

PHILLIPS, E. D. Os mongóis. Lisboa: Verbo, 1971. (Coleção história Mundi; n. 9). p. 91-92.<br />

33<br />

Ibid., p. 92.<br />

34<br />

SILVEIRA, O. F. M., I. Enfrentan<strong>do</strong> os guerreiros tártaros medievais. Petrópolis: Vozes, 1999. p. 69-<br />

70.

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