Alma Africana no Brasil Os iorubás - Quilombo Ilha
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Capítulo 4<br />
Impacto da modernização. Encontro do Tradicional<br />
com o Moder<strong>no</strong><br />
onde se apresentam dados a respeito da convivência de valores tradicionais com<br />
moder<strong>no</strong>s em solo africa<strong>no</strong><br />
A Conferência de Berlim, realizada entre 25 de <strong>no</strong>vembro de 1884 e 16 de fevereiro de<br />
1885, dividiu de modo arbitrário a África em países, desconsiderando sua composição étnica.<br />
<strong>Os</strong> grupos étnicos, com idiomas e cultura distintos uns dos outros possuíam, evidentemente,<br />
distintas cosmovisões e reconheciam claramente a própria identidade étnica em contraste com<br />
a identidade dos demais grupos, havendo relações de amizade e de hostilidade entre os<br />
grupos. A divisão arbitrária efetivada pelos colonizadores agiu sobre essas identidades: um<br />
mesmo grupo étnico ficou espalhado por várias nações gerando alterações na consciência<br />
étnica e nacional. A chamada Yorubaland, por exemplo, espalhou-se pela Nigéria, Togo e<br />
República do Benin.<br />
Das considerações que Munanga (1993) teceu sobre esse tema, aponto algumas a seguir.<br />
Comecemos pelo fato de serem as identidades étnicas sujeitas a manipulações ideológicas,<br />
que mostram-se perigosas para as nações em construção, cuja consciência nacional ainda se<br />
encontra em processo de formação. Nesse caso constitui grande desafio constituir uma<br />
identidade nacional que possa sobrepor-se às identidades étnicas de modo a favorecer a<br />
unidade, sem prejuízo das identidades étnicas e regionais.<br />
A independência dos países africa<strong>no</strong>s deu-se <strong>no</strong> período de 1957 a 1990 (33 a<strong>no</strong>s),<br />
iniciando com a independência de Gana e culminando com a independência da Namíbia.<br />
Munanga (1993: 103) pergunta: o que significou a independência africana em termos<br />
concretos, ou seja, qual é o balanço crítico dos trinta e três a<strong>no</strong>s de processo de<br />
independência? ... Independência deveria significar para todos, o fim das barreiras sociais e<br />
raciais, a desmitificação da inferioridade natural dos africa<strong>no</strong>s e o desmantelamento do velho<br />
espectro da superioridade natural do branco. Mas não foi isso que ocorreu: o ensi<strong>no</strong> não-<br />
descolonizado permaneceu alienado dos problemas concretos do cotidia<strong>no</strong> e das<br />
peculiaridades da vida social e econômica dos aprendizes; a maioria das elites africanas<br />
interpretou a independência como oportunidade para gozar de vantagens até então usufruídas<br />
pelos coloniais, dando-se ao luxo de consumir até mais do que as elites dos países ricos, o<br />
que determi<strong>no</strong>u o aumento da fome.<br />
No início de 1980 o regime militar tor<strong>no</strong>u-se regra na África e os dirigentes mostraram-se<br />
tão incompetentes e corruptos quanto os civis que haviam atuado anteriormente. Como se não<br />
bastasse a pilhagem externa, o continente africa<strong>no</strong> sofreu sistemática pilhagem por parte dos<br />
próprios africa<strong>no</strong>s.<br />
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