teoria da literatura III.indd - Universidade Castelo Branco
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prática <strong>da</strong> arte essencialmente como uma ascese<br />
espiritual para o artista (IBIDEM: 9).<br />
Estética Chinesa: O tema <strong>da</strong> arte como ascese é<br />
igualmente encontrado na estética chinesa, vincula<strong>da</strong><br />
freqüentemente, ain<strong>da</strong> que em dose mínima, ao misticismo<br />
quietista <strong>da</strong> fi losofi a chinesa. Sobre o assunto escreveu<br />
Marcel Granet, em La Pensée Chinoise (1937),<br />
e Mme. Vandier-Nicolas, em Art et Sagesse em Chine<br />
(1963) (IBIDEM: 9).<br />
Estética Japonesa: Tanto na poesia quanto na<br />
pintura, e mesmo na música japonesas, nota-se a infl<br />
uência do budismo, em particular, do chamado Zen.<br />
Trabalhos de M. Akira Tamba analisam a infl uência<br />
do Zen na música, principalmente a música do Nô<br />
(IBIDEM: 9).<br />
Estética Negro-Africana: Por último algumas palavras<br />
sobre a arte negro-africana, vincula<strong>da</strong>s a idéias<br />
religiosas, em cujo clima se desenvolveu. Trabalhos<br />
de M. Jean Laude tratam desse assunto. A estética negro-africana,<br />
mais pressenti<strong>da</strong> que respeita<strong>da</strong> em suas<br />
infl uências sobre a arte européia, engendra um grande<br />
vigor expressivo <strong>da</strong> estilização leva<strong>da</strong> a fundo; isso,<br />
não apenas pelo gosto do simbolismo, mas, também,<br />
pelo desejo de representar mais as forças espirituais do<br />
que o aspecto sensível <strong>da</strong>s coisas e seres – considerados<br />
veículos <strong>da</strong>quelas forças (IBIDEM: 9-10).<br />
Vocabulário<br />
Alcorão – livro sagrado que contém o código religioso,<br />
moral e político dos mulçumanos ou maometanos;<br />
regulamento, prescrição.<br />
Ascese – na fi losofi a grega, conjunto de práticas e<br />
disciplinas caracteriza<strong>da</strong>s pela austeri<strong>da</strong>de e autocontrole<br />
do corpo e do espírito, que acompanham e fortalecem<br />
a especulação teórica em busca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de. No<br />
cristianismo e em to<strong>da</strong>s as grandes religiões, conjunto<br />
de práticas austeras, comportamentos disciplinados e<br />
evitações morais prescritas aos fi éis, tendo em vista a<br />
realização de desígnios divinos e leis sagra<strong>da</strong>s.<br />
Engendra – tira ou surge aparentemente do na<strong>da</strong>;<br />
forma, gera, dá existência a; concebe na imaginação;<br />
engenha; imagina; inventa.<br />
Esteta – pessoa que professa o culto do belo; indivíduo<br />
que afeta grande sensibili<strong>da</strong>de para o belo,<br />
especialmente na arte; especialista em estética.<br />
Estilização – estilizar de forma diferente; estilo ou<br />
forma estética diferente; <strong>da</strong>r ou adquirir novos traços<br />
estilísticos.<br />
Helênica – relativo à Grécia Antiga (Hélade); tronco<br />
lingüístico do qual originou o coiné e o grego moderno<br />
(koiné = linguagem de transição do grego antigo para<br />
o grego moderno).<br />
Interdição – proibição que impede o funcionamento<br />
de determinado estabelecimento, ou a passagem em<br />
ou o uso de determina<strong>da</strong> área; ação que visa difi cultar<br />
ou impedir, por qualquer meio, o uso de determina<strong>da</strong><br />
área ou rota pelo inimigo.<br />
Mística – conhecimento ou estudo do misticismo;<br />
tendência para a vi<strong>da</strong> religiosa e contemplativa, com<br />
ocupação contínua <strong>da</strong> mente nas doutrinas e práticas<br />
religiosas; fervor religioso que faz o místico alcançar<br />
um estado de êxtase e paixão, e cujo objetivo é a divin<strong>da</strong>de<br />
(Repensar o signifi cado de mística quietista<br />
por intermédio deste verbete).<br />
Música do Nô – no teatro japonês, drama lírico de<br />
caráter religioso e tradicional; gênero teatral japonês<br />
com <strong>da</strong>nças; signifi ca etimologicamente “talento” e/ou<br />
“habili<strong>da</strong>de”.<br />
Perspectiva – forma ou aparência sob a qual algo<br />
se apresenta.<br />
Polígono – qualquer figura plana forma<strong>da</strong> pelo<br />
mesmo número de ângulos e lados, desde o triângulo<br />
(a fi gura de menor número) até a uma forma que se<br />
aproximaria do círculo (por ter um número infi nito<br />
de lados).<br />
Rasa – poema religioso (Ras Shamra – mitologia<br />
fenícia).<br />
Retifi cação – alinhamento, correção, conserto.<br />
Ponto de vista <strong>da</strong> Renascença (Renascimento enquanto<br />
momento de transição <strong>da</strong> Era Medieval para<br />
a Era Moderna. Os quatro séculos fi nais <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de<br />
Média: séculos XII, X<strong>III</strong>, XIV e XV): O mundo<br />
medieval, com sua grandeza, sua nobreza e, por outro<br />
lado, seu excesso de opressão, sua estreiteza de vista<br />
e seu desdém pelo conhecimento concreto, carecia ser<br />
destruído. Nova cultura deveria se instaurar. Quatro<br />
séculos durou essa instauração. E o movimento que<br />
a realizou, como acontece quase sempre, começou,<br />
primeiramente, na arte – a lhe revelar os sintomas –,<br />
muito antes de afetar os costumes, a fi losofi a, a ciência<br />
e a vi<strong>da</strong> religiosa. Diz-se comumente, e a palavra Renascença<br />
o exprime, que aquele movimento não fora<br />
de instauração, mas de restauração <strong>da</strong> cultura antiga.<br />
Trata-se, porém, de falsa perspectiva. Na<strong>da</strong> tão distante<br />
<strong>da</strong> cultura antiga, tal como realmente existiu, no mundo<br />
mediterrâneo, antes <strong>da</strong> era cristã, que a cultura européia<br />
do Renascimento. Absolutamente diferentes os costumes,<br />
a organização social, os métodos, os ideais. A<br />
socie<strong>da</strong>de européia de então, na reali<strong>da</strong>de, restabelecera<br />
contato com a cultura antiga, com a qual se entusiasmara<br />
e muito aprendera. A Renascença sofreu, efetivamente,<br />
infl uência <strong>da</strong> cultura antiga. To<strong>da</strong>via, ao procurar avi<strong>da</strong>mente<br />
os conhecimentos e os ensinamentos <strong>da</strong> cultura<br />
antiga, revelava, apenas, sua intensa necessi<strong>da</strong>de<br />
de renovação ou, mais precisamente, de inovação, e<br />
seu profundo desejo de libertar-se <strong>da</strong> cultura que a precedeu.<br />
A I<strong>da</strong>de Média, com efeito, conheceu a cultura<br />
antiga pelos seus monumentos artísticos e literários,<br />
mas não procurava absolutamente sentir-lhe a alma<br />
ou se inspirar nela. Bem entendido, inúmeras pessoas,<br />
durante aqueles três séculos, contribuíram para<br />
a renovação estética que, pouco a pouco, deveria se<br />
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