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teoria da literatura III.indd - Universidade Castelo Branco

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sua importância resulta <strong>da</strong> infl uência que exerceu, até<br />

mesmo na arte. Sabe-se, por exemplo, o quanto Richard<br />

Wagner se imbuíra de seu pensamento.<br />

A estética de Schopenhauer só pode ser compreendi<strong>da</strong><br />

em função de sua metafísica, cujo tema central<br />

é o seguinte: Schopenhauer, fi lósofo idealista, faz do<br />

mundo sensível uma pura representação. Mas – aqui<br />

sua originali<strong>da</strong>de – essa representação procede, essencialmente,<br />

<strong>da</strong> vontade, que é um querer-ser ou quererviver.<br />

Vontade radicalmente má como o mundo e o<br />

ser. Porque Schopenhauer é, no âmago, pessimista. O<br />

processo criador <strong>da</strong> vontade nos engaja numa desgraça<br />

infi nita de insatisfação e de dor. Nessas condições,<br />

como se libertar desse ciclo trágico? Há dois meios<br />

de redenção. Um, moral: é o sentimento de pie<strong>da</strong>de<br />

que rompe a separação entre os seres. O outro é a arte,<br />

a libertadora arte, que nos desembaraça do quererviver<br />

e que, pela contemplação estética, nos conduz<br />

ao mundo <strong>da</strong>s idéias (concebido de modo platônico).<br />

as idéias, primeiras objetivações <strong>da</strong> vontade, são as<br />

formas <strong>da</strong> arte, em cuja hierarquia a individuali<strong>da</strong>de vai<br />

crescendo (...). O gênio, por intuição pura, contempla<br />

apenas a essência do objeto presente. Assim, a arte<br />

nos liberta, retirando-nos a vontade, o desejo de viver<br />

e permitindo-nos, assim, experimentar a liber<strong>da</strong>de suprema,<br />

somente atingível após a cessação <strong>da</strong> existência.<br />

(IBIDEM: 24-25).<br />

Vocabulário<br />

Adstrita – uni<strong>da</strong> a; liga<strong>da</strong>.<br />

Âmago – a parte que fi ca no centro de qualquer coisa ou<br />

pessoa; parte central; a parte mais íntima ou fun<strong>da</strong>mental;<br />

essência; a parte mais profun<strong>da</strong> ou entranha<strong>da</strong> de um ser;<br />

alma; imo.<br />

Belo – que tem formas e proporções esteticamente<br />

harmônicas, tendendo a um ideal de perfeição; que tem<br />

beleza; que produz uma viva impressão de deleite e de<br />

admiração.<br />

Categorias – ca<strong>da</strong> um dos conceitos fun<strong>da</strong>mentais<br />

do entendimento puro (uni<strong>da</strong>de, plurali<strong>da</strong>de, totali<strong>da</strong>de<br />

etc., que são formas a priori capazes de constituir os<br />

objetos do conhecimento (Kant)); ca<strong>da</strong> um dos conceitos<br />

genéricos, abstratos, fun<strong>da</strong>mentais, de que se pode servir<br />

a mente para elaborar e expressar pensamentos, juízos,<br />

julgamentos etc.<br />

Ciclo – espaço de tempo durante o qual ocorre e se<br />

completa, com regulari<strong>da</strong>de, um fenômeno ou um fato.<br />

Gênio – aptidão natural para algo; dom; extraordinária<br />

capaci<strong>da</strong>de intelectual, nota<strong>da</strong>mente a que se manifesta<br />

em ativi<strong>da</strong>des criativas; indivíduo dotado dessa capaci<strong>da</strong>de<br />

criativa (por exemplo, Leonardo <strong>da</strong> Vinci era um<br />

gênio).<br />

Hierarquia – organização fun<strong>da</strong><strong>da</strong> sobre uma ordem<br />

de priori<strong>da</strong>de entre os elementos de um conjunto ou<br />

sobre relações de subordinação entre os membros de<br />

um grupo.<br />

Implícita – não manifestamente declara<strong>da</strong>.<br />

Laceração – dilaceração; ato ou efeito de lacerar<br />

(fazer em pe<strong>da</strong>ços, quebrar, rasgar, atormentar, espoliar,<br />

espe<strong>da</strong>çar, destruir).<br />

Metafísica – subdivisão fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> fi losofi a,<br />

caracteriza<strong>da</strong> pela investigação <strong>da</strong>s reali<strong>da</strong>des que<br />

transcendem a experiência sensível, capaz de fornecer<br />

um fun<strong>da</strong>mento a to<strong>da</strong>s as ciências particulares, por<br />

meio <strong>da</strong> refl exão a respeito <strong>da</strong> natureza primacial do<br />

ser; ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s <strong>teoria</strong>s fi losófi cas a respeito do ser<br />

em geral.<br />

Preâmbulo – parte preliminar em que se anuncia a<br />

promulgação de uma lei ou decreto.<br />

Ser – o que existe realmente; aquilo que é; homem,<br />

pessoa, indivíduo; natureza íntima de algo ou pessoa;<br />

essência; a consciência de si mesmo; aquilo que uma<br />

reali<strong>da</strong>de ver<strong>da</strong>deiramente é.<br />

Sublime – que apresenta inexcedível (que não se<br />

pode exceder) perfeição material, moral ou intelectual;<br />

esteticamente perfeito.<br />

Talento – aptidão, capaci<strong>da</strong>de inata adquiri<strong>da</strong> para<br />

a realização de alguma coisa, como, por exemplo,<br />

escrever textos-arte.<br />

Valor – quali<strong>da</strong>de excepcional; talento; habili<strong>da</strong>de;<br />

mestria.<br />

Poesia<br />

“Que será poesia? Várias têm sido as defi nições. Se<br />

ca<strong>da</strong> escola literária tem uma concepção de reali<strong>da</strong>de<br />

estética, se ca<strong>da</strong> artista também pode ter sua própria<br />

concepção, compreende-se desde logo não ser possível<br />

uniformizar um conceito para a Poesia. Etimologicamente,<br />

do grego “poíesis”, signifi ca ato de fazer algo;<br />

portanto, implica a idéia de ação, de criação. E este<br />

é o seu sentido mais vasto. Mas fazer ou criar como,<br />

e com que objetivo? Aqui é que há divergência entre<br />

artistas e também entre os críticos. A distinção que se<br />

fazia tomando-se em consideração apenas o aspecto<br />

exterior e formal para contrastá-la com a prosa, já não<br />

satisfaz; serviria para diferençar prosa de verso, pois<br />

pode haver poesia na prosa, como também haverá verso<br />

sem poesia. (...)<br />

Tradicionalmente, podemos dizer:<br />

– A poesia é a linguagem de conteúdo lírico ou emotivo,<br />

escrita em verso (o que geralmente ocorre) ou em<br />

prosa (Conferir: TAVARES, Hênio. Teoria Literária. 4.<br />

ed. Belo Horizonte: Bernardo Álvares, 1969: 172).<br />

A poesia pode exprimir idéias poéticas em sua forma<br />

e fi losófi cas no conteúdo.” (SOURIAU, op. cit.: 59).<br />

A poesia se relaciona com a retórica: é linguagem que<br />

faz uso abun<strong>da</strong>nte de fi guras de linguagem e linguagem<br />

que visa a ser poderosamente persuasiva (Conferir:<br />

CULLER, Jonathan. Teoria Literária. Tradução de Sandra<br />

Vasconcelos. 1. ed. São Paulo: Beca, 1999: 72).<br />

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