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Revista do WEA´2010/2011 - Faccamp

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<strong>do</strong> escrito” (SCHNEUWLY, 2004, p.133). Analisan<strong>do</strong> as<br />

diretrizes básicas das instruções oficiais na Suíça<br />

francofônica, este autor enumera quatro eixos para o<br />

ensino <strong>do</strong> oral, tais quais: 1) ser capaz de produzir<br />

enuncia<strong>do</strong>s orais corretos; 2) ser capaz de se fazer<br />

entender; 3) ser capaz de se exprimir; 4) querer<br />

manifestar-se de maneira clara.<br />

Estes são subsídios nos quais os professores podem se<br />

apoiar para planejar suas aulas, seja motivan<strong>do</strong> as<br />

crianças a se expressarem em diversas situações, bem<br />

como propon<strong>do</strong> boas estratégias para ensiná-las a fazer<br />

uso da oralidade em diversas situações comunicativas,<br />

principalmente os referi<strong>do</strong>s gêneros secundários proposto<br />

por Bakhtin, contemplan<strong>do</strong> assim, significativamente, as<br />

relações que se constituem no momento em que falam.<br />

Isso tem muito mais importância para o cotidiano <strong>do</strong>s<br />

estudantes <strong>do</strong> que saber classificar e denominar tipos de<br />

sentenças de maneira mecânica.<br />

4. CONCLUSÃO<br />

A linguagem constitui o pensamento e por isso ela nos<br />

torna humanos (Vygotsky, 1998). Para Vygotsky (2005),<br />

o pensamento passa por muitas modificações até<br />

transformar-se em fala. A princípio, o pensamento da<br />

criança surge como um to<strong>do</strong> indistinto e amorfo e, por<br />

isso, é expresso em uma única palavra. Posteriormente, à<br />

medida que seu pensamento se torna mais diferencia<strong>do</strong>, a<br />

criança passa a formar um to<strong>do</strong> composto e assim, o<br />

avanço da fala em direção ao to<strong>do</strong> diferencia<strong>do</strong> de uma<br />

frase, auxilia o pensamento da criança a progredir de um<br />

to<strong>do</strong> homogêneo para partes bem definidas. Dessa forma,<br />

os significa<strong>do</strong>s das palavras têm relação específica com<br />

cada estágio de desenvolvimento da linguagem, pois “a<br />

comunicação da criança através da linguagem está<br />

diretamente vinculada à diferenciação <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s das<br />

palavras em sua linguagem e à tomada de consciência<br />

desses casos” (VYGOTSKY, 2000, p. 419).<br />

Ao considerarmos a linguagem como fundamental para a<br />

constituição <strong>do</strong> sujeito, faz-se necessário, portanto, o<br />

professor ser um interlocutor ativo <strong>do</strong>s seus alunos, pois é<br />

ele quem promove o contato de seus alunos com as mais<br />

variadas expressões e palavras novas, convidan<strong>do</strong>-os a<br />

refletir sobre a própria linguagem.<br />

Gostaríamos de ressaltar que a participação da sociedade<br />

não ocorre somente por meio da escrita, no entanto, na<br />

prática, essa ainda tem mais valor <strong>do</strong> que a linguagem<br />

oral. Portanto, defendemos que o desenvolvimento da<br />

oralidade deve ser implementada enquanto objeto de<br />

ensino, e para tal, necessita receber um tratamento<br />

didático que a favoreça como comunicação e interação.<br />

Partir da concepção de gêneros discursivos proposto por<br />

Bakhtin (2000) para contemplarmos o ensino <strong>do</strong> oral é um<br />

<strong>do</strong>s caminhos para que possamos colaborar com uma<br />

sociedade mais participativa e letrada.<br />

Constatamos que a oralidade não se desvincula da escrita<br />

e, portanto, são práticas de letramento complementares.<br />

Atas <strong>do</strong> VII Workshop Multidisciplinar sobre Ensino e Aprendizagem na Faculdade Campo Limpo Paulista.<br />

WEA’2010/<strong>2011</strong>, 12 de março de <strong>2011</strong>’, Campo Limpo Paulista, SP, Brasil.<br />

65<br />

Para finalizar, exemplificaremos: “se o professor quiser<br />

trabalhar com uma exposição oral, ele deve propor<br />

atividades que ensinem os alunos a exporem oralmente um<br />

determina<strong>do</strong> assunto, no entanto, o professor deverá<br />

também ensinar to<strong>do</strong>s os caminhos que os alunos devem<br />

percorrer para chegar a esta exposição oral, o que vale<br />

lembrar, é que neste caminho haverá momentos das<br />

anotações escritas, discussões e ensaios, no entanto, a<br />

finalidade será o desenvolvimento da oralidade e não da<br />

escrita” (SOTELO, 2009, p.101). Dessa forma podemos<br />

constatar que a oralidade e a escrita fazem parte de um<br />

continuum de práticas sociais que se desenvolvem por<br />

meio das interações entre os sujeitos ao vivenciarem os<br />

diversos contextos em que se constituem.<br />

REFERÊNCIAS<br />

Bakhtin, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo:<br />

Martins Fontes, 2000.<br />

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria da Educação<br />

Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais: língua<br />

portuguesa. 3 ed. Brasília: MEC, 2001.<br />

Brasil. Ministério da Educação. Referencial Curricular<br />

Nacional para a Educação Infantil. v. 3. Brasília: MEC,<br />

1998.<br />

Camargo, Giovana Azzi de. A tensão entre o oral e o<br />

escrito na alfabetização de jovens e adultos: um estu<strong>do</strong> /<br />

um olhar. 2006. Universidade São Francisco, Itatiba.<br />

Fiorin. José Luiz. Introdução ao pensamento de Bakhtin.<br />

São Paulo: Ática, 2006. 144p.<br />

Geraldi, João Wanderley (Org.) O texto na sala de aula.<br />

2.ed. São Paulo: Ática, 1999.<br />

Kleiman, Angela B. (org.) Os significa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> letramento:<br />

uma nova perspective sobre a prática social da escrita.<br />

Campinas, SP: Merca<strong>do</strong> de letras, 1995.<br />

Koch, Inge<strong>do</strong>re Villaça. A inter-ação pela linguagem. 6.<br />

ed. São Paulo: Contexto, 2001.<br />

Marcuschi, Luiz Antônio. Letramento e oralidade no<br />

contexto das práticas sociais e eventos comunicativos. In:<br />

SIGNORINI, I. Investigan<strong>do</strong> a relação oral/escrito e as<br />

teorias <strong>do</strong> letramento. Campinas: Merca<strong>do</strong> de letras, 2001.<br />

Marcuschi, Luiz Antônio Da fala para a escrita: atividades<br />

de retextualização. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2007.<br />

Roncato, Caroline Cominetti; Lacerda, Cristina Broglia<br />

Feitosa. Possibilidades de desenvolvimento de linguagem<br />

no espaço da Educação Infantil. Distúrbios da<br />

comunicação. Pontifícia Universidade Católica de São<br />

Paulo, v. 1, n. 1, jan mar 1986.<br />

Schenuwly, Bernard. O ensino da língua oral na escola.<br />

Escola da vila Colégio Fernan<strong>do</strong> Pessoa. X Seminário<br />

Internacional da Escola da Vila. 3 e 4 de outubro 1997.<br />

Schneuwly, Bernard; Dolz, Joaquim. Gêneros orais e<br />

escritos na escola. Tradução e organização de Roxane

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