Programas Municipais de Coleta Seletiva de Lixo como - Funasa
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Apêndice 7 – A coleta seletiva no município <strong>de</strong> São Paulo e<br />
a "coleta seletiva solidária": contextualização<br />
A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo teve o primeiro projeto <strong>de</strong> coleta seletiva do País, durante<br />
a gestão da prefeita Luiza Erundina (1989-1992), então eleita pelo PT (Partido dos<br />
Trabalhadores), mas ele não incorporava oficialmente a ativida<strong>de</strong> dos catadores que, na<br />
capital paulista, já haviam organizado a primeira cooperativa <strong>de</strong> reciclagem do Brasil, a<br />
Coopamare (Cooperativa dos Catadores <strong>de</strong> Papel, Aparas e Materiais Reaproveitáveis),<br />
fundada em 1989 (Sobral, 1996:64).<br />
A <strong>de</strong>speito da coleta seletiva informal que o grupo <strong>de</strong> catadores realizava no entorno<br />
da se<strong>de</strong> da cooperativa, no bairro da Vila Madalena, zona oeste <strong>de</strong> São Paulo, a prefeitura<br />
implantou na mesma região a iniciativa-piloto <strong>de</strong> coleta seletiva porta a porta, em <strong>de</strong>zembro<br />
<strong>de</strong> 1989. A coleta em si foi precedida <strong>de</strong> uma divulgação e <strong>de</strong> esclarecimentos à população<br />
por meio <strong>de</strong> folhetos e reuniões com li<strong>de</strong>ranças e representantes da comunida<strong>de</strong> – que é<br />
formada basicamente por pessoas <strong>de</strong> classe média e média alta, com um perfil mais intelectualizado.<br />
O êxito da primeira experiência, que obteve até 70% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são da população<br />
atendida, levou à expansão do programa. Em 1990, eram atendidas cerca <strong>de</strong> 60 mil casas,<br />
divididas em 17 circuitos <strong>de</strong> coleta. Eram recolhidas <strong>de</strong>z toneladas <strong>de</strong> materiais recicláveis<br />
por dia – na época 0,001% do lixo produzido na cida<strong>de</strong>. Foram instalados também cerca<br />
<strong>de</strong> 50 PEVs (Pontos <strong>de</strong> Entrega Voluntária), que foram colocados em locais públicos, <strong>como</strong><br />
parques, supermercados e escolas (Ne<strong>de</strong>r, 1998:174).<br />
Ne<strong>de</strong>r faz uma avaliação positiva da primeira experiência <strong>de</strong> coleta seletiva. Segundo<br />
ela, a participação da população chegou a estar acima da expectativa, e havia a previsão <strong>de</strong><br />
que o custo da tonelada recolhida separadamente - pelo menos três vezes maior do que o<br />
da coleta regular - diminuísse à medida que o projeto ganhasse escala (Ne<strong>de</strong>r, 1998:175).<br />
O projeto, porém, foi encerrado pela gestão municipal que se seguiu à <strong>de</strong> Erundina e que<br />
teve Paulo Maluf <strong>como</strong> chefe do Executivo.<br />
O fato <strong>de</strong> na gestão <strong>de</strong> Paulo Maluf (1993-1996) ter-se <strong>de</strong>scoberto que os recicláveis<br />
recolhidos nos PEVs eram misturados com o lixo comum e jogados no aterro Ban<strong>de</strong>irantes<br />
(Chagas, 1994; Castro, 1994) contribuiu para criar um clima <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrédito e <strong>de</strong>smotivação<br />
em relação à coleta seletiva entre os paulistanos. Ao mesmo tempo, sempre houve uma certa<br />
cobrança em torno da retomada da ativida<strong>de</strong>. O envolvimento popular em iniciativas locais<br />
<strong>de</strong> condomínios, associações <strong>de</strong> bairros, entida<strong>de</strong>s beneficentes, universida<strong>de</strong>s e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
supermercados mostra que, apesar do esvaziamento do projeto oficial e das dificulda<strong>de</strong>s<br />
em tornar a reciclagem economicamente viável, há um certo nível <strong>de</strong> conscientização em<br />
relação ao problema do lixo urbano e um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> contribuir para a sua melhor gestão. A<br />
disposição em reduzir o lixo entregue para coleta domiciliar ganhou ainda um “incentivo”<br />
com o início da cobrança, em abril, da taxa domiciliar <strong>de</strong> resíduos sólidos 4 .<br />
4 O aumento da procura por coleta seletiva <strong>como</strong> reação ao tributo é relatado por Reis (2003) e pela própria<br />
SSO (comunicação pessoal em 7 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2003).<br />
<strong>Programas</strong> <strong>Municipais</strong> <strong>de</strong> <strong>Coleta</strong> <strong>Seletiva</strong> <strong>de</strong> <strong>Lixo</strong> <strong>como</strong> fator <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong> dos Sistemas Públicos <strong>de</strong><br />
Saneamento Ambiental na Região Metropolitana <strong>de</strong> São Paulo<br />
Relatório Final<br />
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