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Programas Municipais de Coleta Seletiva de Lixo como - Funasa

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A partir da década <strong>de</strong> 1990, surgiram as primeiras iniciativas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> cooperativas/associações<br />

<strong>de</strong> catadores e os primeiros programas <strong>de</strong> gestão integrada e compartilhada,<br />

nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Santos. Em suas propostas,<br />

contemplavam-se investimentos em novas tecnologias <strong>de</strong> disposição final, ações voltadas<br />

à mobilização social, à valorização do trabalho dos funcionários <strong>de</strong> limpeza pública e ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> parcerias com os grupos <strong>de</strong> catadores. Desenca<strong>de</strong>ou-se um processo<br />

<strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento <strong>de</strong> alguns grupos <strong>de</strong> catadores. Associações, <strong>como</strong> a Cooperativa dos<br />

Catadores <strong>de</strong> Papel e Papelão (Coopamare), em São Paulo, e a Associação dos Catadores<br />

<strong>de</strong> Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare), em Belo Horizonte, receberam apoio<br />

<strong>de</strong> movimentos sociais, instituições da socieda<strong>de</strong> civil e da Igreja e se transformaram em<br />

atores sociais estratégicos no processo <strong>de</strong> interlocução com os governos municipais (JACOBI<br />

e TEIXEIRA, 1996; MARTINS; 2004).<br />

O caso <strong>de</strong> Santos, também, é emblemático. Ao encontrar a área <strong>de</strong> disposição final<br />

do lixo saturada, a administração municipal em exercício, a partir <strong>de</strong> 1989, <strong>de</strong>cidiu implantar<br />

a coleta seletiva <strong>de</strong> lixo inorgânico. Uma equipe foi constituída, em 1990, para<br />

implantar o projeto experimental <strong>Lixo</strong> Limpo, em dois bairros da cida<strong>de</strong>. Posteriormente,<br />

foi ampliado, tornando-se um programa municipal e envolvendo gran<strong>de</strong> parte da cida<strong>de</strong>.<br />

Por meio do Programa <strong>Lixo</strong> Limpo, foi possível estabelecer um convênio entre a Associação<br />

dos carrinheiros e a Pro<strong>de</strong>san, empresa responsável pela coleta <strong>de</strong> resíduos na cida<strong>de</strong>. Esse<br />

apoio aos catadores <strong>de</strong> papel da cida<strong>de</strong>, conhecidos <strong>como</strong> carrinheiros, se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> diversas<br />

maneiras: pagando-lhes um salário mínimo mensal; indicando pontos <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong><br />

material e estabelecendo um gran<strong>de</strong> centro <strong>de</strong> triagem <strong>de</strong> materiais; orientando os moradores<br />

e coletores da Pro<strong>de</strong>san que a priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta dos materiais era dos carrinheiros<br />

e estabelecendo dias <strong>de</strong> coleta por roteiros <strong>de</strong> ruas da cida<strong>de</strong>. Este grupo foi <strong>de</strong>nominado<br />

<strong>de</strong> trabalhadores ecológicos para melhorar sua autoestima e diminuir o preconceito <strong>de</strong><br />

alguns setores da socieda<strong>de</strong> em relação a sua figura. Além disso, foram-lhes fornecidos<br />

uniformes, atendimento médico e <strong>de</strong> assistentes sociais, licenciamento dos carrinhos, isenção<br />

<strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> licenciamento, autorização para entrada mais cedo na cida<strong>de</strong>, e a melhoria<br />

dos carrinhos visando à segurança no trânsito; área para o prédio da associação; espaço<br />

para a instalação da feira dos carrinheiros, <strong>de</strong>stinada à venda <strong>de</strong> materiais reutilizáveis; e<br />

incluído no Código Tributário do município a categoria <strong>de</strong> carrinheiro <strong>como</strong> trabalhador<br />

por conta própria. Devido ao sucesso da iniciativa municipal, a cida<strong>de</strong> foi selecionada<br />

pelo Internacional Council for Local Environmental Initiatives (Iclei) para fazer parte do<br />

projeto internacional Mo<strong>de</strong>l Communities Programme, na elaboração <strong>de</strong> sua Agenda 21<br />

e o projeto <strong>de</strong> coleta seletiva, em parceria com os carrinheiros, foi o indicado para estudo<br />

<strong>de</strong> caso internacional <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> melhoria ambiental associada à<br />

inclusão social (SOBRAL, 1998).<br />

Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar, a partir daquele momento, o reconhecimento dos catadores <strong>como</strong><br />

um dos elementos centrais <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> gestão compartilhada <strong>de</strong> resíduos sólidos.<br />

Segundo a Unicef, em 2000, estimava-se que, no Brasil, mais <strong>de</strong> 40 mil pessoas viviam<br />

diretamente da catação em lixões e mais <strong>de</strong> 30 mil nas ruas, constituindo-se em sua única<br />

opção <strong>de</strong> renda (ABREU, 2001). Hoje, algumas estimativas apontam para mais <strong>de</strong> 200 mil<br />

pessoas envolvidas na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> catação. A retirada <strong>de</strong> catadores dos lixões e sua inserção<br />

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Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>

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