Programas Municipais de Coleta Seletiva de Lixo como - Funasa
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em programas <strong>de</strong> coleta seletiva <strong>de</strong> lixo possibilitam a melhoria <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, com<br />
impactos positivos na saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta população, mostrando-se fundamentais no sentido <strong>de</strong><br />
resgatar a cidadania e a autoestima <strong>de</strong>stas pessoas (BURSTYN, 2002; JACOBI e TEIXEIRA,<br />
1997). Entretanto, os níveis crescentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempregados que po<strong>de</strong>riam ser potencialmente<br />
absorvidos pelas cooperativas que atuam na coleta seletiva têm contra si a quase total<br />
inexistência <strong>de</strong> mecanismos que encorajem a expansão <strong>de</strong>stes tipos <strong>de</strong> iniciativas.<br />
A organização em associações e cooperativas <strong>de</strong> trabalho segue os preceitos da economia<br />
solidária. Singer (2002) evi<strong>de</strong>ncia a importância do significado social do caso dos<br />
catadores e das iniciativas <strong>de</strong> cooperação entre catadores.<br />
A cooperativa possibilita compras em comum a preços menores e vendas em comum a<br />
preços maiores (...) é uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resgate da dignida<strong>de</strong> humana (...) e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
(...) (SINGER, 2002, p.89).<br />
O conceito <strong>de</strong> autogestão é o cerne da Economia Solidária, que Singer (2002) resume<br />
<strong>como</strong> “ninguém manda em ninguém”, ou "todos mandam igual", e que significa, em última<br />
instância, que o gerenciamento da cooperativa tem <strong>de</strong> ser obrigatoriamente feito a partir<br />
do sistema “um homem – um voto”. No entanto, a prática da autogestão exige esforços<br />
adicionais porque, além das tarefas rotineiras, existe a preocupação com problemas gerais<br />
da empresa, o envolvimento em conflitos interpessoais e participação em reuniões cansativas<br />
(Singer, 2002: 19).<br />
Mesmo neste contexto <strong>de</strong> autogestão, a participação do setor público é fundamental<br />
para garantir o funcionamento <strong>de</strong>stes grupos, ainda que a coleta seletiva seja realizada<br />
oficialmente. Alguns fatores inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes certamente pesam mesmo quando a coleta<br />
seletiva é realizada oficialmente por meio <strong>de</strong> cooperativas <strong>de</strong> catadores: i) ela exige<br />
informação e educação das pessoas para que elas possam separar o material reciclável e<br />
conservá-lo num estado tal que ele possa ser reinserido na ca<strong>de</strong>ia produtiva, reduzindo,<br />
assim, o percentual <strong>de</strong> rejeito; ii) quanto menor a fração não reaproveitável, maior a sustentabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> coleta seletiva, seja do ponto <strong>de</strong> vista ambiental, seja do<br />
ponto <strong>de</strong> vista socioeconômico; iii) para que a coleta seletiva se viabilize, é preciso haver<br />
mercado consumidor para os produtos recicláveis no setor produtivo.<br />
Apesar <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>safios, a coleta seletiva passou a fazer parte do gerenciamento integrado<br />
<strong>de</strong> resíduos sólidos urbanos e os catadores organizados passaram a <strong>de</strong>senvolver a gestão<br />
compartilhada <strong>de</strong>stes. O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão integrada e compartilhada <strong>de</strong> gerenciamento<br />
dos resíduos sólidos foi <strong>de</strong>fendido por especialistas <strong>de</strong> instituições da socieda<strong>de</strong> civil, <strong>como</strong><br />
o Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre) e, posteriormente, pelo Fórum<br />
<strong>Lixo</strong> e Cidadania, rompendo com a visão <strong>de</strong> engenharia <strong>de</strong> limpeza pública, predominante<br />
no campo dos resíduos sólidos, que privilegiava uma abordagem estritamente técnica, em<br />
<strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> uma abordagem socioambiental (CHENNA, 2001). O Fórum Nacional <strong>Lixo</strong><br />
e Cidadania, criado em 1998 por 19 entida<strong>de</strong>s públicas e privadas e atualmente formado<br />
por 48 entida<strong>de</strong>s com atuação direta e indireta na questão <strong>de</strong> resíduos sólidos, tem um<br />
papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque nos resultados obtidos na erradicação da catação <strong>de</strong> lixo por crianças e<br />
adolescentes, com a campanha “Criança no <strong>Lixo</strong> Nunca Mais” e no fechamento dos lixões<br />
e apoiando a integração dos catadores aos programas municipais <strong>de</strong> coleta seletiva. Mesmo<br />
consi<strong>de</strong>rando os ganhos sociais significativos, o mo<strong>de</strong>lo proposto não consegue absorver<br />
<strong>Programas</strong> <strong>Municipais</strong> <strong>de</strong> <strong>Coleta</strong> <strong>Seletiva</strong> <strong>de</strong> <strong>Lixo</strong> <strong>como</strong> fator <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong> dos Sistemas Públicos <strong>de</strong><br />
Saneamento Ambiental na Região Metropolitana <strong>de</strong> São Paulo<br />
Relatório Final<br />
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