Revista Senac Educação Ambiental - OEI
Revista Senac Educação Ambiental - OEI
Revista Senac Educação Ambiental - OEI
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A divisão do Ibama<br />
O presidente da República em exercício, José Alencar,<br />
assinou no dia 26 de abril, a Medida Provisória (MP) Nº<br />
366/07, que cria o Instituto Chico Mendes de Conservação<br />
da Biodiversidade e três decretos autorizando mudanças<br />
na estrutura do Ministério do Meio Ambiente e no Instituto<br />
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis<br />
(Ibama).<br />
Ao criar o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade,<br />
o governo federal dividiu o Ibama em dois. O<br />
novo Instituto será responsável pela proposição, implantação,<br />
gestão, proteção, fiscalização e monitoramento das<br />
unidades de conservação instituídas pela União, enquanto<br />
que o Ibama ficará com a fiscalização e o licenciamento<br />
ambiental.<br />
A decisão do governo federal de dividir o Ibama foi recebida<br />
com reserva por organizações ambientalistas e educadores<br />
ambientais. A ONG WWF-Brasil, por exemplo, manifestou<br />
preocupação, devido à falta de informações disponíveis<br />
para a sociedade e pela falta de um debate anterior<br />
à decisão. Segundo a WWF-Brasil, a reestruturação do<br />
órgão já era algo discutido e desejado pela sociedade há<br />
muito tempo. Porém, é preciso lembrar que esta mudança<br />
foi feita no momento em que o presidente da República,<br />
Luiz Inácio Lula da Silva, e a ministra chefe da Casa Civil,<br />
Dilma Roussef, acusam o Ibama de ter uma “atitude pouco<br />
eficiente” em relação aos licenciamentos ambientais das<br />
hidrelétricas do Rio Madeira, em Rondônia, em análise no<br />
Instituto.<br />
Segundo os educadores ambientais do Ibama, tal ato atingiu<br />
fortemente a capacidade do Instituto de executar as<br />
políticas nacionais de meio ambiente, conforme estabelecido<br />
na legislação em vigor. Embora a MP nº 366/07 e os<br />
Decretos nº 6.099 e nº 6.100 a mencionem como atribuição<br />
de ambos os Institutos, ainda não está claro qual o<br />
papel que a educação ambiental terá na nova estrutura.<br />
Por tudo o que pode vir a acontecer com essa divisão, os<br />
servidores do Ibama se posicionaram contra a implantação<br />
do novo órgão, chegando a entrar em greve. Eles entendem<br />
que haverá quebra da unicidade da gestão ambiental<br />
e estão se mobilizando num grande movimento nacional<br />
que visa derrubar a MP no Congresso Nacional.<br />
Entretanto, o secretário-executivo do Ministério do Meio<br />
Ambiente, João Paulo Capobianco, discorda da avaliação<br />
dos servidores do Ibama. Ele declarou que as duas entidades<br />
irão melhorar a gestão ambiental e que as medidas do<br />
presidente Lula para a criação do Instituto fortalecerão o<br />
sistema de gestão ambiental do governo federal. Ainda<br />
segundo Capobianco o Ibama, por exemplo, será mais eficiente<br />
porque terá mais foco.<br />
Resta saber, porém como isso acontecerá. Com um orçamento<br />
que já é pequeno, o MMA terá que dividi-lo “ao<br />
meio”, para atender aos dois institutos, responsáveis pela<br />
execução da Política <strong>Ambiental</strong> Federal, sem falar nos recursos<br />
humanos, hoje já insuficientes para atender a um<br />
órgão.<br />
<strong>Senac</strong> e Educação <strong>Ambiental</strong> 13 Ano 16 • n.1 • janeiro/abril de 2007