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Revista Senac Educação Ambiental - OEI

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especificidades do meio natural e sociocultural,<br />

na definição das modalidades<br />

de integração da Amazônia no<br />

contexto global, incentivando a descentralização<br />

do planejamento. O projeto<br />

busca, ainda, criar pontes entre a<br />

produção e o beneficiamento de produtos<br />

naturais para viabilizar a conquista<br />

de novos mercados.<br />

Hoje, o Poema tem 65 profissionais<br />

atuando nos seus vários projetos e<br />

ramos produtivos. Entre eles, estão<br />

desde engenheiros florestais, sociólogos<br />

e agrônomos até químicos, biólogos,<br />

geógrafos, antropólogos e técnicos<br />

agrícolas. Ao chegar à população,<br />

o relato das pesquisas vira uma<br />

discussão prática de sua implantação<br />

na floresta. Thomaz Mitschein ressalta:<br />

“Temos que ter um mínimo de<br />

humildade para reconhecer que o conhecimento<br />

da comunidade é importante<br />

e o desenvolvimento sustentável<br />

exige o diálogo entre os sistemas<br />

de conhecimento da universidade e<br />

o da população rural”.<br />

Melhor qualidade<br />

de vida<br />

Na comunidade quilombola Itacoã<br />

Mirim, distante 300 quilômetros de<br />

Belém, a tradição era queimar a terra<br />

para plantar e produzir carvão vegetal<br />

com o objetivo de vender e ajudar no<br />

sustento das famílias. Tais práticas<br />

garantiam a sobrevivência da comunidade,<br />

mas eram nocivas à natureza<br />

da qual toda a comunidade depende.<br />

Os 450 moradores viram suas vidas<br />

mudar quando o Poema começou a<br />

fazer parte da comunidade em 2003,<br />

por meio de um programa de resgate<br />

das raízes das culturas negra e indígena,<br />

desenvolvido em parceria com<br />

o governo estadual.<br />

“Antes, nossa cultura agrícola era outra.<br />

Só conhecíamos a queimada.<br />

Hoje, recuperamos o solo com leguminosas<br />

e o tratamos como uma terra<br />

que se renova. Aprendemos novas<br />

culturas, como a criação dos peixes.<br />

Agora, os viveiros estão cheios<br />

e vai dar pra comercializar. Além disso,<br />

temos o mel de abelha e o beneficiamento<br />

do açaí, e a mulherada tá<br />

firme no artesanato”, diz Francisco<br />

Araújo da Silva, presidente da Associação<br />

dos Agricultores Quilombolas<br />

da Comunidade de Santa Maria de Itacoã<br />

Mirim.<br />

Francisco explica que a maioria da<br />

população da comunidade tem até 40<br />

anos e que o número de jovens e crianças<br />

é grande. “Temos um grupo de<br />

40 mulheres quilombolas da comunidade<br />

vizinha Guajará Mirim que são<br />

nossas associadas. Elas trabalham na<br />

piscicultura, desenvolvem um projeto<br />

de cultivo de galinhas, fizeram curso<br />

de corte e costura e algumas ainda<br />

trabalham na roça com os maridos.”<br />

A comunidade tem ainda a Associação<br />

Filhos de Zumbi, cujo presidente<br />

é José Maria Alves Monteiro, 51 anos,<br />

casado, pai de quatro filhos e que trabalha<br />

junto com Francisco. José explica<br />

que a associação foi fundada para<br />

regularizar as terras de Guajará Mirim<br />

e Itacoã Mirim. “Conseguimos a regularização<br />

em novembro de 2003,<br />

mas desde 2001 já temos o reconhecimento<br />

de nossa área como área<br />

quilombola.” Orgulhoso, ele conta:<br />

“Trabalhamos também com o projeto<br />

de geração de renda e preparação de<br />

futuros dirigentes. Também nos dedicamos<br />

à piscicultura de tambaqui e<br />

Uma das vertentes do projeto é o<br />

aproveitamento das frutas locais<br />

já temos 12 mil peixes”. Uma parte<br />

dessa produção é vendida nas comunidades<br />

vizinhas, outra parte é comercializada<br />

em duas feiras livres na universidade.<br />

Ao todo, são 32 famílias<br />

produtoras na comunidade.<br />

O grupo participa também do projeto<br />

de manejo de açaizal. “O açaí ainda é<br />

pouco, mas tem mulher espalhada por<br />

todos esses rios da Amazônia, colhendo<br />

açaí, subindo nas árvores. É bonito<br />

de ver”, diz José, assegurando que, em<br />

breve, poderão comercializar e consorciar<br />

açaí e cacau com madeiras de lei.<br />

O trabalho é feito em mutirão, uma vez<br />

por semana, e já soma 400 pessoas<br />

das duas comunidades, num total de<br />

97 famílias. Outro grande projeto é o<br />

da priprioca, planta cuja batata é aproveitada<br />

como aromatizante em perfumes<br />

e outros produtos.<br />

As mulheres têm<br />

participação<br />

expressiva em<br />

todos os projetos<br />

Projetos se<br />

multiplicam<br />

Uma imensa aliança está escrevendo<br />

a história do dia-a-dia do Poema: o<br />

setor público, o privado e as organizações<br />

não-governamentais (ONGs)<br />

Ano 16 • n.1 • janeiro/abril de 2007 42 <strong>Senac</strong> e Educação <strong>Ambiental</strong>

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