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Revista Senac Educação Ambiental - OEI

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Iniciado há oito anos, o<br />

projeto já passou por quatro<br />

fases: concepção<br />

(1999–2000), preparação<br />

(2000–2001), negociação<br />

(2002–2003) e execução<br />

(de 2003 até hoje).<br />

Com previsão de término<br />

no fim de 2008, o projeto<br />

apresentará aos quatro<br />

países participantes<br />

um marco técnico, legal<br />

e institucional, baseado<br />

em informações concretas<br />

para a gestão integrada,<br />

sustentável e ambiental<br />

do SAG.<br />

As atividades do projeto têm sido<br />

coordenadas, de forma conjunta, pelo<br />

Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai,<br />

por meio de suas respectivas Secretarias<br />

Nacionais de Meio Ambiente.<br />

Segundo o secretário geral do PSAG,<br />

Luiz Amore, “a extensão para fins de<br />

2008 nos permitirá chegar com uma<br />

contribuição ao conhecimento científico<br />

e técnico sobre o Sistema Guarani<br />

absolutamente inédita. O Programa<br />

de Ações Estratégicas, produto final<br />

do projeto, poderá incorporar muito<br />

mais informações, transformando-o<br />

em uma ferramenta muito útil à gestão<br />

do aqüífero pelos quatro países”.<br />

O início das atividades do PSAG ocorreu<br />

com a implementação de projetos<br />

piloto, localizados em quatro áreas críticas<br />

(hot spots) com características diversificadas<br />

de cada região. No Brasil,<br />

foram escolhidas as cidades de Ribeirão<br />

Preto (SP), onde o aqüífero é a principal<br />

fonte de abastecimento da população<br />

da cidade, e Santana do Livramento<br />

(RS), em virtude da pouca profundidade<br />

do reservatório, por ser área<br />

de recarga e por concentrar atividades<br />

poluentes. No Uruguai, a cidade de Rivera<br />

foi incluída, pois apresenta características<br />

semelhantes a Santana do Livramento,<br />

e a cidade de Salto, por ser considerada<br />

área crítica e importante região<br />

turística com exploração das águas termais.<br />

Por esse mesmo motivo (uso geotermal),<br />

Concórdia, na Argentina, consta<br />

no plano piloto, e também a cidade<br />

paraguaia de Itapuá, pois é importante<br />

área de exploração agrícola.<br />

As Unidades Nacionais de Execução<br />

do Projeto de cada país e suas respectivas<br />

coordenações nacionais articulam<br />

os órgãos federais e estaduais<br />

com as associações da sociedade<br />

civil, institutos técnicos e científicos,<br />

universidades e organizações não-governamentais.<br />

Somente no Brasil, existem<br />

55 instituições representadas e<br />

integradas. Essa complexa organização<br />

permite sistematizar os trabalhos<br />

técnicos e científicos, tais como coleta<br />

de dados, instalação de instrumentos<br />

de aferição e análise hidrogeológica<br />

e química dos poços, definição das<br />

áreas de recarga e descarga e análise<br />

da potabilidade da água.<br />

A elaboração de relatórios e estudos<br />

de caso vem consolidando informações<br />

sobre as características e o potencial<br />

do aqüífero e fornece subsídios<br />

a atividades mais específicas, como<br />

explica o secretário de Recursos Hídricos<br />

do Ministério do Meio Ambiente,<br />

João Bosco Senra, responsável<br />

nacional do PSAG: “Foi criado o Fundo<br />

de Cidadania para fomentar projetos<br />

da sociedade civil com o tema<br />

‘Educação ambiental e divulgação dos<br />

conhecimentos sobre o Sistema Aqüífero<br />

Guarani’, visando à conscientização<br />

sobre a proteção e o desenvolvimento<br />

sustentável do Aqüífero.<br />

Além disso, o projeto apóia a tramitação<br />

da resolução do Conselho Estadual<br />

de Recursos Hídricos de São Paulo,<br />

que pretende criar áreas de restrição<br />

à perfuração de poços tubulares<br />

profundos em Ribeirão Preto. Também<br />

editamos um Manual de Perfuração<br />

de Poços Tubulares Profundos<br />

no SAG, a fim de ordenar e controlar<br />

a perfuração de poços”.<br />

O risco de<br />

contaminação<br />

Lixo e efluentes industriais<br />

podem contaminar o Guarani<br />

O papel estratégico dos mananciais<br />

subterrâneos para o sistema hídrico<br />

do país confere ao Aqüífero Guarani<br />

um lugar fundamental no desenvolvimento<br />

socioeconômico nacional.<br />

Basta lembrar que, segundo dados do<br />

foto: Carlos Carvalho<br />

Instituto Brasileiro de Geografia<br />

e Estatística<br />

(IBGE), 51% da população<br />

brasileira capta água desses<br />

reservatórios subterrâneos,<br />

incluindo o aqüífero.<br />

Esse fato tem motivado<br />

mais pesquisas acerca do<br />

real potencial do reservatório.<br />

Com o objetivo de<br />

sistematizar os estudos,<br />

pesquisadores estão desenvolvendo<br />

o macrozoneamento<br />

do SAG, levando<br />

em conta características<br />

como o nível de profundidade<br />

do aqüífero em diferentes<br />

locais; grau da qualidade química das<br />

águas; potencialidade aqüífera (a capacidade<br />

de vazão varia entre um milhão<br />

de litros por hora até a improdutividade<br />

ou inacessibilidade do reservatório<br />

em determinadas zonas); características<br />

geológicas; condições<br />

geotermais, definidas pela temperatura<br />

das águas, que são aproveitadas para<br />

o turismo hidrotermal e indústrias.<br />

A partir dos dados obtidos até agora,<br />

calcula-se que, aproximadamente,<br />

90% do aqüífero é coberto por rochas<br />

basálticas, que mantêm as águas naturalmente<br />

protegidas. Essa proteção,<br />

no entanto, não garante a potabilidade<br />

da água confinada, em virtude da<br />

presença de altos índices de sulfatos<br />

e outros componentes químicos (ver<br />

boxe: “Os mitos”).<br />

Na parte menor do reservatório (cerca<br />

de 10% da área), surgem as chamadas<br />

zonas de afloramento, que bordejam<br />

o aqüífero. “Como são mais rasas,<br />

a perfuração de poços é facilitada. Em<br />

alguns casos, esses locais já foram<br />

explorados há quase cem anos”, esclarece<br />

o geólogo José Machado.<br />

Tais características estimulam a perfuração<br />

desordenada de poços artesianos,<br />

tanto clandestinos como cadastrados,<br />

o que traz prejuízos ambientais<br />

ao aqüífero. Ao serem desativados,<br />

esses poços servem como<br />

dutos condutores de diversos tipos<br />

de resíduos para o interior do manancial.<br />

Somente no Estado de São Paulo,<br />

estima-se que há cerca de mil poços<br />

desativados. Como esse número<br />

só tende a aumentar, os riscos de poluição<br />

do reservatório se ampliam<br />

consideravelmente.<br />

Porém, apesar desses danos locais,<br />

não existe, segundo o geólogo Erna-<br />

Ano 16 • n.1 • janeiro/abril de 2007 46 <strong>Senac</strong> e Educação <strong>Ambiental</strong>

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