Revista Senac Educação Ambiental - OEI
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Mercado de Carbono<br />
Brasil:<br />
posição pioneira<br />
de créditos 1 . A China estava em primeiro<br />
lugar (34% do total global) e a Índia,<br />
em segundo lugar (24%) de emissões<br />
projetadas para o primeiro período de<br />
obtenção de créditos.<br />
Na opinião de José Domingos Gonzalez<br />
Miguez, secretário-executivo da<br />
Comissão Interministerial de Mudança<br />
Global do Clima, esses resultados representam<br />
um avanço, pois, para países<br />
como a China e a Índia, que usam<br />
muito carvão mineral, é mais fácil diminuir<br />
suas emissões. “Aqui no Brasil, cuja<br />
matriz energética é baseada principalmente<br />
em energia hidráulica, o custo<br />
de fazer reduções de emissões é mais<br />
caro. Tudo isso mostra o esforço de<br />
nossas empresas e governos: se estamos<br />
nos destacando, é porque estamos<br />
mais organizados”, afirma.<br />
foto: Jonne Roriz / Ag. Estado<br />
Autor da proposta do Mecanismo de Desenvolvimento<br />
Limpo (MDL) – uma das formas previstas no Protocolo<br />
de Kioto para reduzir as emissões de dióxido de carbono –,<br />
o Brasil investe cada vez mais em projetos que contribuem<br />
para reduzir o processo de aquecimento global.<br />
Desde a Rio-92, o Brasil vem assumindo<br />
posição de crescente destaque na<br />
discussão e no encaminhamento de<br />
soluções para as questões ambientais<br />
globais. E em relação ao Protocolo de<br />
Kioto, especificamente, não foi diferente:<br />
o país é não só o autor da proposta<br />
do Mecanismo de Desenvolvimento<br />
Limpo (MDL), como um dos<br />
seus principais beneficiários.<br />
1<br />
Os períodos podem ser, no máximo, de<br />
dez anos para projetos de tempo fixo ou de<br />
sete anos para projetos renováveis. Os renováveis<br />
podem sê-lo por, no máximo, três<br />
períodos de sete anos, totalizando 21 anos.<br />
Segundo dados divulgados na reunião<br />
da COP-12, (12 a Conferência das Partes<br />
da Convenção-Quadro da ONU), realizada<br />
em Nairóbi em novembro passado,<br />
dos 1.278 projetos dentro do MDL<br />
em todo o mundo, o Brasil era responsável<br />
por 193 projetos, só perdendo<br />
para a Índia, com 460, e a China, com<br />
175. Em termos de reduções de emissões<br />
projetadas, em outubro de 2006,<br />
o Brasil estava em terceiro lugar, já que,<br />
na mesma data, era considerado responsável<br />
por reduzir 187 milhões de<br />
toneladas de CO2, o que corresponde a<br />
cerca de 12% do total mundial para o<br />
primeiro período previsto de obtenção<br />
Áreas mais expressivas<br />
Qualquer setor da economia que produza<br />
gases causadores de efeito estufa<br />
pode desenvolver projetos de MDL<br />
e a distribuição dos projetos brasileiros<br />
por tipo de metodologia indica que<br />
a maioria das atividades (62%) é de<br />
larga escala. Alguns exemplos: tratamento<br />
de aterros sanitários (que emitem<br />
muito gás metano) e projetos de<br />
co-geração de energia com o uso de<br />
biomassa, inclusive bagaço de cana<br />
(que evita o uso de combustíveis fósseis).<br />
Além disso, o setor sucroalcooleiro<br />
apresenta boas perspectivas de<br />
abocanhar parte desse mercado, com<br />
a substituição de combustíveis e o uso<br />
do etanol (o álcool extraído da cana) e<br />
do biodiesel para o transporte.<br />
Já o setor florestal tem a possibilidade<br />
de trabalhar com o reflorestamento<br />
de áreas degradadas e recuperação<br />
de matas ciliares, embora, até<br />
novembro de 2006, ainda não estivesse<br />
em funcionamento nenhum projeto<br />
florestal aprovado pelo Conselho<br />
Executivo do MDL. “O mercado tem<br />
preferência por projetos de grande<br />
escala, que envolvem a queima de<br />
combustíveis”, explica Marcelo Rocha,<br />
pesquisador da Escola Superior<br />
de Agricultura Luís de Queiroz.<br />
Carência de técnicos<br />
qualificados<br />
Se as oportunidades são muitas, os<br />
problemas não são menores. “Há falta<br />
de experiência em lidar com regulamentação<br />
de mercados”, afirma<br />
Ano 16 • n.1 • janeiro/abril de 2007 28 <strong>Senac</strong> e Educação <strong>Ambiental</strong>