Revista Senac Educação Ambiental - OEI
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Luz, câmera, ação!<br />
Lá vem o Mova Caparaó<br />
timular a produção de filmes locais.<br />
Resultado: mais de 800 alunos envolvidos<br />
nas oficinas, 20 filmes produzidos<br />
com temas socioambientais da<br />
região e o segundo lugar no Prêmio<br />
Cultura Viva 2006, do Ministério da<br />
Cultura, categoria Gestão Pública.<br />
foto: Jefferson de Albuquerque Junior<br />
Cinema e educação<br />
ambiental mobilizam jovens<br />
capixabas no entorno do<br />
Parque Nacional do<br />
Caparaó, em um festival<br />
que usa a sétima arte para<br />
promover cidadania e<br />
conscientização ambiental<br />
Márcia Soares<br />
Os moradores da pequena vila de Patrimônio<br />
da Penha, no Espírito Santo,<br />
não imaginavam que a chegada de<br />
alguns hippies causaria tantas mudanças<br />
nas suas vidas. A época era os<br />
anos 70, e a paisagem, plantações de<br />
café, que, aos poucos, foram adquiridas<br />
por esses novos moradores com<br />
o objetivo de deixar a vegetação nativa<br />
crescer novamente. Aos poucos,<br />
a comunidade hippie, que está na região<br />
até hoje, promoveu uma verdadeira<br />
revolução na vila em termos<br />
ambientais.<br />
Não se trata apenas de uma história<br />
interessante, mas do roteiro de um<br />
dos filmes produzidos por estudantes<br />
do ensino público fundamental e<br />
médio para o Mova Caparaó, mostra<br />
de vídeo ambiental que há três anos<br />
vem unindo educação ambiental e<br />
cinema num só projeto.<br />
A iniciativa da Secretaria de Estado<br />
da Cultura do Espírito Santo surgiu em<br />
2004 com a realização do I Mova, no<br />
município de Guaçuí (ES). Na ocasião,<br />
concorreram produções de vários locais<br />
do Brasil e foram apresentados<br />
alguns filmes do Festival Internacional<br />
de Cinema e Vídeo <strong>Ambiental</strong><br />
(Fica), que ocorre em Goiás há oito<br />
anos. Percebeu-se, no entanto, que o<br />
movimento ficaria mais rico se houvesse<br />
um trabalho prévio de formação<br />
de platéia e de conscientização<br />
ambiental. Daí surgiu o Mova Itinerante,<br />
que, sob a coordenação do cineasta<br />
e ambientalista Jefferson Albuquerque<br />
Jr., promove oficinas de<br />
cinema em 11 municípios do entorno<br />
do Parque Nacional do Carapaó, com<br />
jovens de escolas públicas, para es-<br />
“Na primeira fase, mostramos filmes<br />
e vídeos com temas ambientais. Então,<br />
partimos para um levantamento<br />
de possíveis temas regionais a serem<br />
abordados nas produções, que podem<br />
ser documentário, ficção ou mesmo<br />
animação. Depois da escolha dos assuntos,<br />
os jovens recebem noções de<br />
roteiro, direção, edição, pesquisa, trilha<br />
sonora, cenário, figurino, ou seja,<br />
de tudo que envolve a produção cinematográfica”,<br />
explica Jefferson.<br />
Na segunda etapa, os estudantes se<br />
reúnem em um único município para<br />
uma oficina de roteiro. Os que se identificam<br />
mais com o gênero animação<br />
seguem para uma oficina específica<br />
sobre esse tipo de filme. Só depois,<br />
já na terceira fase do Mova Itinerante,<br />
os jovens vão a campo para as gravações,<br />
em seus municípios, e posteriormente<br />
participam da edição dos filmes.<br />
Além da sensibilização e do treinamento<br />
dos alunos, o projeto também<br />
promove cursos de capacitação<br />
com os professores sobre como usar<br />
o material audiovisual na escola como<br />
instrumento para a educação ambiental.<br />
As escolas dos municípios envolvidos,<br />
por sua vez, recebem cópias<br />
dos vídeos produzidos pelos estudantes<br />
durante as oficinas.<br />
Segundo Jefferson, água e lixo são os<br />
temas que mais têm mobilizado os jovens<br />
durante as oficinas. Mas as abordagens<br />
são as mais diversas possíveis:<br />
“No Caparaó, o filme produzido tratou<br />
da questão do desmatamento como<br />
causa da falta d´água. Em Alegre, a<br />
questão do esgoto foi o tema central,<br />
pois a cidade carece de saneamento<br />
básico e não possui uma estação de<br />
esgoto sequer, fazendo com que tudo<br />
seja jogado in natura no rio”, conta.<br />
Na cidade de Jerônimo Monteiro, o<br />
enfoque foi a relação saúde e meio<br />
ambiente. “Durante a pesquisa, os jo-<br />
Ano 16 • n.1 • janeiro/abril de 2007 34 <strong>Senac</strong> e Educação <strong>Ambiental</strong>