Revista Senac Educação Ambiental - OEI
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Marcelo Diniz Junqueira, da Econergy<br />
Brasil.<br />
Muitos reconhecem que é preciso definir<br />
mais claramente regras contábeis,<br />
fiscais e tributárias para direcionar a<br />
ação do setor privado. O marco regulatório<br />
do MDL é considerado complexo.<br />
Se, por um lado, a complexidade é<br />
necessária para que se possa avaliar<br />
os resultados dos projetos em andamento,<br />
por outro lado, ela pode inibir<br />
iniciativas, principalmente de entidades<br />
e empresas com menos cacife<br />
econômico. Uma das críticas colocadas<br />
ao mercado de carbono é que ele<br />
só é acessível para quem tem muitos<br />
recursos. Segundo cálculos dos técnicos<br />
envolvidos, cada elaboração de<br />
projeto dura cerca de 18 meses e custa<br />
uma média de US$ 100 mil a US$<br />
150 mil.<br />
No futuro, a falta de profissionais qualificados<br />
também pode ser um problema<br />
brasileiro. “Se um engenheiro errar<br />
na conta, a ONU, que aprova os projetos,<br />
vai brecar lá na frente. E a empresa<br />
perde tempo e dinheiro”, afirma<br />
Antonio Carlos Porto Araújo, consultor<br />
da Trevisan Consult.<br />
Novidades nas<br />
bolsas brasileiras<br />
Apesar das dificuldades, as possibilidades<br />
do mercado de carbono no Brasil<br />
estão sendo trabalhadas. Em setembro<br />
de 2005, a Bolsa de Mercadorias e<br />
Futuros (BM&F), a Bolsa de Valores do<br />
Rio de Janeiro e o Ministério do Desenvolvimento,<br />
Indústria e Comércio<br />
lançaram o Banco de Projetos do Mercado<br />
Brasileiro de Redução de Emissões,<br />
um sistema eletrônico de registro<br />
de projetos operado via internet.<br />
"O sistema faz o casamento entre as<br />
demandas e as ofertas. Se há um projeto<br />
de energia renovável registrado e<br />
entra uma empresa interessada em<br />
investir em energia renovável, o sistema<br />
automaticamente liga os dois",<br />
conta Guilherme Fagundes, chefe do<br />
Departamento de Projetos Especiais da<br />
BM&F. "Isso reduz os custos, porque o<br />
mercado de créditos de carbono é<br />
muito fragmentado. Os compradores<br />
estão principalmente na Europa e no<br />
Japão e têm dificuldade de conhecer<br />
os projetos daqui", destaca.<br />
Mais recentemente, outra iniciativa relacionada<br />
à área ambiental movimentou<br />
o mercado de bolsas. Em março<br />
Projetos brasileiros aprovados<br />
Os MDLs entraram em funcionamento no início de 2005 e o Brasil tomou<br />
a dianteira nesse processo, sendo o primeiro país a estabelecer uma Autoridade<br />
Nacional Designada, encarregada de analisar os projetos nacionais<br />
candidatos a financiamentos. É a Comissão Interministerial de Mudanças<br />
Globais de Clima. Aprovados nesta instância, os projetos são enviados à<br />
ONU para serem registrados e analisados no Conselho Executivo do MDL.<br />
A maioria absoluta é baseada em geração de energia elétrica a partir de<br />
gases emitidos em aterros sanitários de lixo. Há também vários projetos<br />
de co-geração de energia a partir de bagaço de cana. Devem ser mencionadas<br />
ainda iniciativas de criação e repotenciação de pequenas centrais<br />
hidrelétricas, além de projetos de substituição de óleo combustível por<br />
gás natural. Finalmente, foi também aprovada uma iniciativa de captura e<br />
combustão de gases de efeito estufa em granjas de suínos no sul do país.<br />
Cabe lembrar que é brasileiro o primeiro projeto MDL aprovado pela ONU no<br />
mundo: o NovaGerar (foto), em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, um<br />
aterro sanitário que reutiliza o gás metano liberado na decomposição do lixo.<br />
O NovaGerar, aprovado em 2004, atraiu o interesse do governo da Holanda,<br />
que, por meio do Banco Mundial, fechou contrato para comprar os<br />
créditos de carbono gerados. A operação foi aprovada em inspeções<br />
sucessivas do Banco Mundial, para aferir a adequação às normas do Protocolo<br />
de Kioto. O contrato com a Holanda foi previsto para durar 12 anos, e<br />
a primeira parcela dele (1,5 milhão de euros) foi depositada em 30 de<br />
junho de 2006.<br />
deste ano, o presidente da Bovespa,<br />
Raymundo Magliano Filho, anunciou a<br />
ampliação da área de atuação da Bolsa<br />
de Valores Sociais (BVS), que agora<br />
abrigará também projetos ambientais.<br />
Com a mudança, a BVS – fundada em<br />
2003 e mantida pela Bovespa – passará<br />
a se chamar Bolsa de Valores Sociais<br />
Para saber mais:<br />
Acesse o site http://www.mct.gov.br/clima. Nas seções, procure a da Comissão<br />
Interministerial de Mudanças Globais de Clima. Ali estão os projetos<br />
de MDL aprovados, os aprovados com ressalva e os que estão em revisão.<br />
Mercado: http://www.bvrj.com.br/mbre/faq/faq.asp#22<br />
e Ambientais (BVS&A). Ela funcionará<br />
da mesma forma que a BVS, ou seja,<br />
como um ambiente de encontro entre<br />
investidores sociais e ambientais e<br />
projetos que necessitam de recursos<br />
financeiros para serem implantados ou<br />
ampliados.<br />
Elias Fajardo<br />
foto: Carlos Ivan / Ag. O Globo<br />
<strong>Senac</strong> e Educação <strong>Ambiental</strong> 29 Ano 16 • n.1 • janeiro/abril de 2007