Revista Senac Educação Ambiental - OEI
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O Projeto Poema tem<br />
vários subprojetos de<br />
auto-sustentação, que<br />
envolvem toda a<br />
comunidade<br />
cultura do Pará como participantes do<br />
projeto. Fábrica mais moderna do<br />
mundo na construção de artefatos de<br />
fibra de coco e látex, a Poematec é o<br />
ponto final de uma cadeia produtiva<br />
sustentável no estado do Pará. O ciclo<br />
começa na coleta de recursos naturais<br />
que, depois, são processados<br />
em oito unidades de beneficiamento<br />
da casca de coco, todas no estado do<br />
Pará e todas administradas por cooperativas<br />
comunitárias.<br />
Em relação ao látex, o processo começa<br />
em uma plantação de seringa<br />
revitalizada, localizada em um assentamento<br />
de reforma agrária onde são<br />
empregadas mais de 500 pessoas. A<br />
partir daí, o material chega na fábrica<br />
e é tratado até se transformar no produto<br />
final e ser comercializado na forma<br />
de assentos e bancos de automóveis,<br />
substituindo produtos à base de<br />
petróleo, como a espuma de poliuretano.<br />
Esses materiais apresentam várias<br />
vantagens em relação aos produtos<br />
dos concorrentes, como mais conforto<br />
e a possibilidade de uma posterior<br />
reciclagem e biodegradação. A<br />
produção atual é de 20 toneladas por<br />
mês, mas a fábrica está preparada para<br />
chegar a 80 toneladas/mês.<br />
Outro subprojeto do Poema é a Amazon<br />
Paper, empresa que utiliza matéria-prima<br />
da floresta para a confecção<br />
de papel e objetos de arte. Um dos<br />
produtos utilizados é o curauá, uma<br />
espécie de abacaxi, parente próximo<br />
do ananás, que gera uma das fibras<br />
mais resistentes do mundo. A comunidade<br />
de Moju, nas beiras do rio homônimo,<br />
no norte do Pará, já recebeu<br />
100 mil mudas para cultivar. É o início<br />
de uma nova cadeia produtiva criada<br />
pelo Poema. Além do curauá, outras<br />
matérias-primas são utilizadas também<br />
na confecção desses produtos.<br />
Entre elas, destacam-se vários outros<br />
tipos de fibras, frutos e raízes.<br />
Quando a fibra vem de uma comunidade<br />
rural amazônica, é recebida em<br />
uma linda casa histórica do século<br />
XVII, pertencente à Universidade Federal<br />
de Belém. Nesse local, ela é<br />
transformada em papel por caboclos<br />
amazônicos, em sua maioria treinados<br />
no Japão por meio da Agência de<br />
Cooperação Internacional do Japão<br />
(Jica).<br />
Como a própria natureza que se renova,<br />
quando a fibra se transforma em<br />
A confecção de papel e objetos de<br />
arte trouxe uma fonte de renda<br />
para as mulheres da região<br />
papel volta para perto da mata à qual<br />
já pertenceu um dia. A matéria é levada<br />
para Abaetetuba, onde 16 artesãos<br />
criam diversos produtos com<br />
diferentes cores e texturas, como caixas,<br />
agendas, luminárias, biombos e<br />
porta-retratos.<br />
Os papéis são feitos com a mão e o<br />
coração, a partir de plantas nativas<br />
como urucum, mangarataia, verônica,<br />
coco forte, muriqui, mucilage e açaí.<br />
Tem também miriti, fibras várias, vassoura,<br />
capa de palito, coco seco e<br />
cana. Em respeito ao ciclo da natureza,<br />
alguns papéis só são produzidos<br />
na safra da matéria-prima. Em cada<br />
papel de fibra, registram-se um poema<br />
e um testemunho de amor por um<br />
mundo mais civilizado.<br />
Para conhecer mais o projeto, acesse:<br />
http://www.ufpa.br/poema<br />
Ano 16 • n.1 • janeiro/abril de 2007 44 <strong>Senac</strong> e Educação <strong>Ambiental</strong>