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Untitled - Cultura Digital

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P2 X P2P - <strong>Cultura</strong> <strong>Digital</strong> e Movimento Social<br />

Thiago Skárnio<br />

Tanto nas manifestações anteriores contra o aumento da passagem de ônibus, quanto em outros<br />

protestos que sofreram uma reposta violenta da Polícia Militar em Florianópolis, uma ação dos<br />

manifestantes sempre me chamava a atenção: quando eles agarravam os portadores de câmeras<br />

fotográficas e filmadoras e colocavam entre eles e a Polícia.<br />

Sempre aos gritos de “grava, grava”.<br />

Geralmente as pessoas que serviam de “escudo midiático” eram repórteres ligados à imprensa<br />

sindical ou vindos de iniciativas de mídia independente e comunitária. Ou seja: a não comercial, já<br />

que não são raras as vezes em que um jornalista vai até a manifestação, grava tudo, faz<br />

entrevistas, e não é publicada uma única linha.<br />

Esse “sumiço” da pauta não se deve, necessariamente, ao pobre jornalista ou até mesmo aos<br />

seus editores. É, geralmente, influência do dono do veículo de comunicação, que por sua vez<br />

atendeu a um pedido de um anunciante, seja empresa ou governo. Mas é claro que até aí já é<br />

especulação de quem já bancou o escudo midiático um dia.<br />

O fato é que esta postura dos manifestantes mudou um pouco. Eles continuam requisitando que<br />

os portadores de equipamentos profissionais registrem os abusos de autoridade, mas isso ao<br />

mesmo tempo em que estão gravando com suas próprias câmeras e celulares.<br />

Com a popularização das câmeras digitais e dos celulares com filmadoras embutidas, a tarefa,<br />

privilégio ou diversão de gravar cenas de conflitos não é mais ofício exclusivo dos jornalistas<br />

profissionais ou militantes. É também dos próprios manifestantes, das pessoas que ficam mais<br />

distante, observando o “espetáculo” e, inclusive, da Polícia, que passou a empunhar câmeras<br />

filmadoras para registrar os líderes do protesto, gerando material para possíveis processos<br />

judiciais. Isso tudo além do uso de equipamentos mais discretos pelos onipresentes P2 (Policiais a<br />

paisana), que, infiltrados no meio das manifestações, gravam e transmitem em tempo real<br />

informações para os colegas. O estágio da captação de dados, sons e imagens parece estar bem<br />

resolvido tanto para a imprensa e para a polícia, quanto para a população - seja a parte dela que<br />

se manifesta, seja a que fica olhando da calçada. A grande questão é o uso que cada uma dessas<br />

partes faz do conteúdo gravado.<br />

Enquanto a polícia e a imprensa comercial possuem claros parâmetros e definições do que fazer<br />

com as informações, os manifestantes ainda estão experimentando todo o potencial midiático<br />

proporcionado pela <strong>Cultura</strong> <strong>Digital</strong> em suas mãos.<br />

Entende-se por “cultura digital” toda a relação humana mediada por dispositivos digitais. Com o<br />

advento das novas tecnologias e a proliferação das redes P2P (Peer-to- Peer, do inglês: par-apar),<br />

sistemas de distribuição de arquivos, repositórios de mídias na internet, além da facilidade de<br />

divulgação que os blogs e as redes sociais como twitter e orkut proporcionam, tanto a denúncia

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