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A década de 1980 no Brasil representa um momento importante para a nossa política. Estávamos<br />
em transição de uma ditadura para a dita cuja democracia. Foram os anos primordiais do PT, que<br />
foi fundado em 1979 no mesmo ano do manifesto dos Poetas na Praça que vimos aqui.<br />
Por uma década estes poetas gritaram e foram até presos por isso, mas isso fica para outro<br />
capítulo. Muitos continuaram gritando e poetando no seu caminho (recitando, publicando,<br />
ensinando). Alguns partiram para outro mundo, aquele que o poeta sempre versaliza. Aquele<br />
mundo que o verbo se faz carne e dela o poeta continuará se alimentando e digerindo um mundo<br />
que agora é só seu. E nós aqui da terra, não vamos adentrar. Só temos suas poesias e histórias,<br />
suas histórias que são poesias e poesias que são histórias.<br />
Ao fim de uma década os Poetas na Praça, por vários motivos, dispersaram-se. As letras<br />
embaralharam e cada qual tomou seu abecedário e fez seu dicionário. Alguns creiam serem letras<br />
maiúsculas e que muitos outros eram minúsculas. Alguns se confundiram em ora adjetivos, ora<br />
substantivos. Poucos se fizeram de transitivos diretos, já que a maioria foi pelo intransitivo<br />
indireto. Uma coisa se sabe, esses sujeitos não eram e não são ocultos. Apenas se<br />
embaralharam em tantas interrogações e exclamações. As reticências deixavam muitas dúvidas,<br />
foi aí então, que o pingo do i tomou uma atitude e virou ponto final 11 .<br />
Maíra Castanheiro. É historiadora.<br />
mamairato@gmail.com<br />
11Poema de Geraldo Maia.